O Criador

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Se posicionando na frente de Paper Jam, Error encara seu oponente enquanto pensa em como criar uma brecha para escapar daquele local. Embora as lutas com Ink já fossem algo que faça parte de seu cotidiano, lutar contra o artista sem alma enquanto protegia alguém era algo novo para o glitch.

Os próximos segundos foram seguidos de um desconfortável silêncio, quebrado apenas pelas gotas de água que escorriam pelas paredes de WaterFall. Logo, o artista se pronunciou primeiro.

- Eu venho te procurando por um tempo deis da ultima vez que nos vimos, ficou mais fácil te achar depois do seu espetáculo em MafiaTale. - Retirando sua arma das costas, Ink a usava como apoio no chão enquanto escorava em Broomie, seu pincel, de uma maneira relaxada, conforme narrava sua caçada ao destruidor. O mesmo não mostrava nenhuma preocupação ou simpatia pelo ocorrido na AU recém destruída. - Mas eu nunca esperava encontrar você cuidando de uma criança, quem é ele a propósito? - Os olhos do criador mudaram para a pequena figura atrás de Error.

Memória não era uma de suas melhores especializações, o criador sempre estava em busca de novas experiências, lugares e pessoas para saciar sua interminável curiosidade e fonte de inspiração. Porém, uma vez que ele se entediasse com algo, simplesmente iria buscar algo novo, muitas vezes esquecendo de sua ultima atividade, o que gerou um dos insultos que Error usava as vezes, assimilando sua memória a de um peixinho dourado. De qualquer forma, Ink ainda tinha a sensação que embora essa fosse a primeira vez que ele estava vendo esta criança, ele era de alguma forma familiar.

Olhando por cima de seu ombro, Error pode ver PJ agarrado a sua perna enquanto espiava o novo visitante daquele lugar. Voltando seu olhar para frente, ele tentava manter sua postura.- Quem ele é ou porque está comigo não é da sua conta lula maldita. Agora seja direito, você veio aqui pra lutar? - Terminando sua fala, Error puxa mais de suas linhas de suas órbitas oculares, se preparando para qualquer movimento do criador.

Ainda mantendo sua postura relaxada junto a sua arma, Ink lança um olhar mais serio para a criança antes de sorrir um pouco enquanto sua atenção voltava para o destruidor.

- Parece que vocês dois são próximos, primeiro Blue e agora isso, você tem mesmo uma mania de usar a lábia pra forçar os outros a cumprir sua vontade não é? Mas uma criança é golpe baixo, que tipo de mentiras você contou pra ele? - Dessa vez Ink já se posicionava de maneira mais seria com seu pincel em mãos, observando com seus olhos treinados para qualquer movimento sorrateiro das linhas de Error. A tensão era quase palpável no espaço que os dividia.

- Olhe ao seu redor, estamos sozinhos, não precisa mais manter sua fachada aqui. - Dessa vez foi Error quem falou em tom de deboche, embora apenas tenha durado um momento antes de assumir um tom mais serio novamente. - A única coisa importante pra você é o que os AU's podem lhe oferecer, você não se importa, ou melhor dizendo, é incapaz de se importar com os outros, já que eles são facilmente substituídos. Mas essa não é a primeira vez que falamos disso, então vou perguntar novamente, nós vamos lutar ou não?

A resposta veio como uma forma de silencio, as palavras do destruidor conseguiram atingir o artista, isto foi representado pelas formas que mudavam em seus olhos de acordo com o estado emocional de Ink. O mesmo desviou o olhar por um momento, encarando o nada e em seguida fechando os olhos enquanto alguns pensamentos complicados invadiam sua mente. O criador possuía uma certa linha de pensamento que com certeza não seria bem-vinda para os vários habitantes do multiverso, sua constante necessidade de atenção seria uma das causas.

Da mesma forma que Error possuía seu medo por contato físico devido a sua condição de ser um glitch, Ink possuía um medo primitivo de ser esquecido ou de se sentir indesejado pelos outros. Tendo nascido em meio ao branco sem fim como um rabisco de um rascunho abandonado, Ink passou o que parecia ser uma eternidade sozinho, sem nem ao menos possuir uma alma e a capacidade de sentir emoções reais. Até finalmente descobrir o multiverso e mergulhar em seu mar infinito de cores.

Um novo criadorOnde histórias criam vida. Descubra agora