Os caras maus

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De volta ao Anti-Vazio, Error soltou Paper Jam de seus braços e voltou seu olhar para o portal que havia acabado de se fechar. Embora Ink não tivesse acesso até esta dimensão, o glitch não pode deixar de ficar inquieto com a possibilidade de ser seguido.

Após alguns segundos sem nada acontecer, ele finalmente se permitiu relaxar enquanto examinava seu corpo. Seus ferimentos iriam se recuperar sozinhos com o tempo como consequência de ter um corpo composto de glitchs, mas o mesmo não valia para suas roupas que estavam um remendo, principalmente suas costas que foram queimadas devido a tinta vermelha do criador. Também havia o fato de que ele não terminou seu trabalho de destruir aquele AU, mas isso era a última coisa em sua lista de prioridades no momento. Decidindo se preocupar com isso depois, Error focou na criança ao seu lado.

Era nítido o medo em seu olhos, sendo a primeira vez que se envolveu em uma batalha de verdade, PJ ainda tentava processar tudo o que aconteceu.

Soltando um suspiro de frustração e já imaginando que isso aconteceria, Error novamente levou a criança em seus braços enquanto caminhava até seu Puff. Talvez seja porque seu corpo ainda estava cheio de adrenalina devido a recente luta, mas o contato com PJ já não lhe incomodava mais. Ao se aconchegar se sentando no Puff, ambos ficaram em silêncio com cada um perdidos sem seus próprios pensamentos.

Em sua mente, Paper Jam estava sentindo a pressão da responsabilidade ao ter que substituir o criador enquanto sofria com a falta de confiança ao se comparar com ele. Error entretanto, estava se culpando por ter decidido trazer a criança consigo, pois agora seus planos teriam que mudar devido ao fato que Ink agora sabia da existência dele. Após alguns instantes, o mais velho da dupla se pronunciou:

- Você me surpreendeu mais cedo com o que fez, não sabia que conseguia fazer aquela proteção de tinta.

- Eu apenas copiei o que ele fez. - Sua voz ainda demonstrava desânimo.

- Mesmo assim, considerando a situação que estávamos, ter conseguido reagir a tempo foi surpreendente pra alguém tão novo. - O pequeno respondeu em forma de silêncio.

"Eu queria que Blue estivesse aqui, ele saberia animar ele muito melhor do que eu." - Pensava o glitch.

- Além de mim e ele, não existe mais ninguém com o poder que possa criar coisas? - Desta vez PJ levantou sua cabeça para perguntar, seus olhos encarando Error.

- Não existe, a magia de vocês dois são únicas. Mas por que essa pergunta de repente?

- Então por que eu? O que eu tenho de tão especial que só eu consigo fazer o que o criador faz? - E mais uma vez, o silêncio se instalou entre os dois.

Error já havia imaginado que um dia ele faria essas perguntas, apenas não tão cedo. Ele preferiria esperar até quando ele ficasse mais velho, então contaria sobre sua relação com Ink.

- Você se lembra o que me disse quando perguntei da onde você veio? Você estava em um dos locais onde batalhei com Ink em meio aos resíduos das nossas magias. - Escolhendo as palavras certas para continuar a explicação, Error se ajeitou em seu assento colocando PJ em seu colo. - Eu não sou um especialista quando o assunto é magia de criação, mas de alguma forma quando meus poderes e os deles se amontoaram, alguma reação ocorreu que... de alguma forma, acabou por gerar você. Ao que tudo indica Paper Jam, você nasceu da fusão de nossas magias. - Error observou o olhar de surpresa, embora este apenas durou um momento.

- Então eu estava certo... assim como foi com você, eu senti uma pequena familiaridade quando vi ele mais cedo. Vocês realmente são meus pais.

"Ele é jovem, não idiota. Já devia imaginar que iria conectar os pontos, talvez eu devesse ter falado sobre isso antes" - Error se repreendeu em seus próprios pensamentos.

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