Invocação Golem: Crônicas do mago que abalou o mundo

Capítulo 33 - POV da Samanta

"No azar se encontra a oportunidade. Que frase melhor para descrever minha situação?"

Depois que encontrei os representantes do Lich com Ana e aceitei o convite de ensinar Oscar "à força"... Bem, não a força. Não pude comprometer a minha imagem com Ana e concordei que Oscar não representava nenhuma ameaça.

Queria ensiná-lo rapidamente para acabar logo com isso, mas quem diria que encontraria algo tão interessante, a Invocação Golem. O gorducho não percebia a importância da sua habilidade. Poderia usá-la para criar máquinas com energia infinita, criar fortalezas inteiras com golens como trabalhadores ou até veículos que se movem com o pensamento. Eles não precisam de descanso, não reclamam como as pessoas e seguem ordens sem questionar. São perfeitos!

Ele acha que me enganou dizendo que a habilidade tem um limite, mas quem pensa que sou. Samanta Silva nunca será enganada facilmente. Vi através das suas mentiras de imediato. Os golens viraram seres independentes e não gastam sua magia depois de criados.

Corri até a porta da minha casa. Quando estava por entrar, escutei gritos na casa ao lado. Como o velho mora lá, acabei me aproximando para ver a situação. A porta de madeira estava completamente aberta e no sofá encontrei a ruiva chorando sobre o corpo do velho.

"O que houve?"

"Nãoooo!! ahnnn...!!"

Daqui conseguia sentir que sua respiração parou.

"Ei, sai da frente. Verei se consigo fazer alguma coisa."

Talvez para as pessoas comuns este estado possa ser considerado a morte, mas eu sabia que existiam formas de reanimá-lo. Só precisava fazer o coração ou pulmões voltarem a funcionar. Empurrei a garota para o lado. Mesmo aos prantos, ela se afastou entendendo que eu queria ajudar.

Quando toquei no pulso do velho para checar a suas condições vitais, ele me segurou com força pelo braço. Puxei a mão de volta com o susto, porém não consegui me soltar. Sou nível D, impossível um velho comum desses conseguir ganhar de mim em força. A menos que...

Ele me olhou nos olhos. Aqueles mesmos olhos cheios de poder, mas senti que a vida estava acabando. Mesmo a beira da morte, o velho tinha um sorriso no rosto.

"Samanta, o meu nome é Nicolas Flamel... Você sabe o que isso significa, não é?"

Senti a temperatura cair vinte graus. Meu corpo gelou na menção do nome do maior alquimista do mundo. O criador do Elixir da Longa Vida e da Pedra Filosofal. A busca por essas criações era o objetivo de muitos, eu incluída. Porém, não sou idiota. Apertei os dentes e encarei o velho.

"Tenho uma boa impressão sua, mas como se atreve a insultar o nome de Nicolas Flamel. Não estrague nossa relação na beira da sua morte."

A garota ficou animada ao ver o avô vivo, mas se irritou com a forma como falei com o senhor. Com um olhar, o velho fez ela se sentar e ficar quieta. Senti que tinha algum segredo naquele olhar, como se já tivessem combinado o que fazer. Ele voltou sua atenção a mim e disse:

"Hehehe, Claro que você não acreditaria tão fácil, Samanta. Mas logo acreditará. Lembre-se do que combinamos."

Seu sorriso me deu arrepios como se um destino tivesse sido fixado para mim. Não gosto disso. Consegui soltar minha mão, mas no momento seguinte o corpo se desintegrou em partículas de luz.

A pirralha gritou e caiu aos prantos novamente. Fiquei de pé incrédula com o ocorrido.

Aquele não era o corpo de um ser humano.