Capítulo 24 - POV da Samanta

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Hoje decidi sair com um vestido vermelho bordô para combinar com os olhos da nova Senhora que comandava o Castelo Negro, Ana Limia. Fiz um penteado Preso Lateral, que deixava a mostra minha orelha esquerda. Meus lindos cabelos loiros formavam uma longa franja pela direita e tranças grossas contornavam o meu pescoço vindo para frente. E, para finalizar...

"Onde está? Ah, achei!"

Depois de procurar por metade do dia, finalmente encontrei a poção que estava procurando. O líquido era branco e leitoso. Peguei a garrafa sobre a mesa e verti o conteúdo da poção dentro dela. Os dois líquidos se misturaram com um balançar da minha mão até que o branco sumiu completamente.

Aluguei uma carruagem e desci nos portões do Castelo Negro, os guardas me detiveram perguntando o que desejava.

"Sou a alquimista Samanta Silva, desejo conversar com a Senhora Ana Limia."

Um dos soldados não perdeu tempo e saiu correndo para entregar a mensagem. Hum, pobre coitado. Devo ser a melhor coisa que lhe aconteceu no dia.

Alquimistas também são bem recebidos em qualquer lugar do reino. Os líderes de algumas das cidades pelas que passei estavam dispostos até a me dar suas moradias. Obviamente minha beleza foi o principal motivo da decisão. Duvido que recebam outros alquimistas tão bem quanto eu.

Assim, minutos depois me encontrei jantando com Ana Limia.

"Posso lhe servir mais uma taça Minha Senhora?"

Aff, odeio esses títulos de nobreza. A jovem só é chamada de Senhora por comandar o Castelo. Se não fosse por isso e porque ela é uma nobre nem gastaria minhas cordas vocais.

"Muito gentil da sua parte, que tal se fizermos assim? Eu te chamo de Samanta e você pode me chamar de Ana."

"Hahaha, ficaria lisonjeada."

Tracei meus dedos levemente pela franja e pisquei algumas vezes. Mais uma que não resiste os meus charmes. Farei com que ela abaixe todas as suas defesas e me fale mais do gordinho. Quem sabe ela também não sirva? Após fazer alguns elogios a sua figura e feitos na vida podíamos ser consideradas melhores amigas.

Algumas horas depois, Ana estava aos prantos nos meus braços me contando como o seu irmão a maltratava desde pequena e todas as coisas horrendas que ele fez na vida, incluindo levar o próprio pai a morte e a destruição da sua família.

Ao escutar a história, não pude conter minha surpresa em descobrir que o verdadeiro culpado daquele incidente fosse o filho e que ele conseguiu se safar. Desisti do meu plano de me aproximar do irmão de Ana imediatamente. Um homem daqueles deve ser considerado o inimigo número um das mulheres.

Ana por outro lado era uma pessoa adorável. Terminamos num dos salões que possuíam magníficas pinturas do norte. Móveis com estilo real estavam perfeitamente posicionados pelo cômodo e me encantei pelas brancas cortinas de veludo.

Rimos juntas até o amanhecer. Claro que minha poção da verdade possa ter afetado levemente o seu julgamento, mas isso é detalhe.

Infelizmente a nosso encontro teve um fim amargo.

Invocação Golem: Crônicas do mago que abalou o mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora