Capítulo 61 - Precisam de mim?

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"Ei! Se conseguem lançar ataques como aquele, ainda precisam de mim?!"

Mesmo com a flecha tendo falhado em destruir a catapulta, a força do impacto quebrou os esqueletos mais próximos e derrubou uma boa porção deles. Pelo menos 20 esqueletos foram destruídos completamente.

"Agora você entende? Esses esqueletos são os inimigos mais fracos deste exército. O máximo que você conseguiu foi ganhar um pouco de tempo. A batalha de verdade vai começar depois de eliminar os fracos."

Em vez de responder, decidi agir me concentrando na batalha e comandando o máximo de golens possível. A mensagem não podia ser mais clara.

Os golens lutavam contra os esqueletos e levavam vantagem, o problema era quando se encontravam com os animais zumbis. Esses conseguiam derrotar uma grande quantidade.

Me concentrei em um par de ursos que avançava sem rivais entre meus golens. Os dois estavam abrindo um caminho para os esqueletos de trás e piorando ainda mais a situação. Ana viu minha frustração ao ver as tropas destruídas e me deu pequenos conselhos.

"As armas dos golens não são adequadas para esse inimigo, mesmo assim, concentre os seus ataques em um único ponto e ataque pelas costas."

Os ursos avançavam no meio dos golens. Ordenei um ataque em conjunto. Os golens deixados para trás e dos lados juntaram forças e pularam sobre os dois zumbis. Parecia a cena de um inseto desconhecido no meio de um formigueiro.

O conselho de Ana funcionou. Um golem pulou nas costas do urso e foi seguido de outro e outro e outro até que o urso zumbi não aguentou o peso e caiu. O mesmo aconteceu com o segundo. Os golens se aglomeraram ao redor deles e começaram a bater com suas maças até despedaçar os inimigos.

Maças não são armas boas contra este tipo de inimigo, mas os impactos recorrentes despedaçaram sua carne e quebraram os seus ossos.

Ah, queria estar lá para absorver toda essa experiência... Que desperdício.

Agora mais relaxado, comandei o máximo de golens que podia, já que sozinhos não se desempenhavam bem. O máximo que faziam era bater assim que viam um inimigo. Não conseguiam pensar em algo simples como esquivar um ataque que vinha na sua direção em vez de bloquear ou qual parte os seus ataques seriam mais letais.

Curiosamente, meus melhores golens pensam mais agora. Talvez tenha a ver com o maior nível deles ou os pontos que ganhavam em espírito. Só sei que gostaria de ter golens mais espertos.

Descansava de braços cruzados no pequeno murinho da muralha enquanto assistia as tropas lutarem. Me ocorreu que minha visão noturna também era surpreendentemente perfeita. Mesmo de noite, conseguia enxergar quilômetros à frente. Olha que tinha esse miasma negro no chão junto com a névoa preta de um metro de altura.

"Ei Ana, como é que conseguimos enxergar tão bem de noite?"

Ana já estava cansada de discutir comigo, então parou de se irritar a um bom tempo atrás.

"Somos Limia, claro que temos pequenas vantagens como essa."

Fiquei interessado de imediato.

"Temos alguma outra vantagem?"

"Leia o livro dos nossos antepassados. Talvez você descubra alguma coisa útil."

"Ah, você não podia..."

Creak! Creak! Creak!

Esse som não podia ser nada bom.

E não era. A batalha estava equilibrada, mesmo com os meus 2160 golens lutando contra 3000 esqueletos e 1000 animais zumbis. O resto do exército do Lich ficou atrás junto com as catapultas como se aquele fosse o seu quartel general. Porém, quando esse som de ossos vibrando chegou aos meus ouvidos...

O miasma preto e a névoa começaram a entrar nos ossos dos esqueletos que derrotei. Como imãs atraídos pelo magnetismo, se juntaram lentamente até formar novos esqueletos. Até esqueci de respirar ao ver o que estava acontecendo. Olhei para os lados e o resto dos meus companheiros também se encontrava no mesmo estado de surpresa que eu ao ver o exército de esqueletos voltar a "vida".

"Esses malditos não morrem!!!"

Segurei o tijolo do pequeno muro com força, mas mesmo com o meu nível aumentado, não causei nenhuma rachadura. Ana deu um passo à frente, ela também aparentava surpresa, mas nos animou.

"Se acalmem! Nem todos os ossos estão voltando a se tornar esqueletos!"

Voltei minha atenção para os esqueletos e, realmente, somente os ossos completos voltaram a se assemblar em esqueletos. Os que foram quebrados continuavam imóveis. Apesar disso, o número de inimigos estava aumentando.

Meus golens destruíram o maior número possível de esqueletos antes que pudessem se reconstruir.

Eu queria que meus golens tivessem uma habilidade dessas!

Por sorte, as maças eram armas perfeitas para danificar os ossos em formação. Conseguiam atravessar até as armaduras de ferro graças aos seus fincos. Assim que um osso era destruído, o esqueleto demorava mais em se regenerar. Se atingissem a cabeça, ele não voltava a "vida".

Os inimigos que ainda tinham a capacidade de lutar não ficaram quietos e também atacaram os golens. Forcei os meus soldados golens a atacarem com mais empenho. Ainda mantínhamos a vantagem com o ataque de flanco que executamos. O exército inimigo já estava preso como em um sanduíche. Teria fechado eles no meio de um círculo se não fosse por esses esqueletos que se reergueram no meio dos meus soldados.

Primeiro destruí os que estavam entre as tropas e depois voltei a empurrar os inimigos para o meio.

Foi então que vi um novo grupo sair do quartel general.

Invocação Golem: Crônicas do mago que abalou o mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora