Capítulo 68 - POV da Ana - Continuação

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Sim pessoal, a Ana está neste capítulo também.

É a primeira vez que mostro o POV - Ponto de Vista - do mesmo personagem em dos capítulos seguidos, mas ela merecia um extra.

Espero que gostem.

Lydson

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Eu fiquei sem reação por alguns instantes e Eduardo me defendeu de um dos lagartos que vieram contra nós. O homem era tão esforçado. Sempre esteve do meu lado desde criança. Inclusive ele foi à pessoa que me ensinou a controlar a aura. É uma pena que levarei uma pessoa tão capaz para me acompanhar na morte.

Ah, minhas reações estão piorando. Se concentre Ana!

Meu coração palpitava forte, minha mão tremia um pouco. Apertei o cabo da minha espada com mais força. Não podia mostrar fraqueza agora.

Irei até o fim!

Mais 300 lagartos gigantes avançaram contra nós. Porém, o que fazia o meu coração disparar eram as 3 figuras de pé sobre um lagarto acinzentado de 30m de comprimento.

Esses são os comandantes! A energia desses mortos-vivos está em outro nível. Talvez mais fortes do que eu.

Olhei para trás novamente, os golens e nosso exército ainda estavam ocupados com alguns lagartos que não conseguimos parar. Só esses poucos já lhes dão tanto trabalho. Voltei meu olhar para o inimigo. Suponho que terei que usar os meus poderes.

Concentrei-me para abrir um enorme portal violeta a minha frente.

"Eduardo, Samanta! Me defendam enquanto faço a invocação!"

Existem casos nos Limia em que nossos antepassados morreram para suas próprias invocações. Se o nível da invocação for alto demais, corremos o risco dela não obedecer. Este era o caso da minha invocação mais poderosa. Para controlá-lo tinha que manter minha concentração ao máximo.

O portal violeta crescia e crescia até passar de 20 metros de altura.

"Roarrrr!!!"

Antes mesmo de sair, o rugido da invocação reverberou pelo campo de batalha. Até eu me preocupava com o que estava fazendo, mas estando a beira da morte, quem liga? Esse Lich nunca esquecerá o nome de Ana Limia.

A conexão com a invocação estava ficando cada vez mais forte. Minha cabeça palpitava, minhas veias se acentuavam. Meu corpo queria se ajoelhar e se render.

Mantive minha convicção firme. Desenvoquei minha serpente e foquei minha atenção somente no que estava por sair do portal.

"Hehehe."

"Ugh!"

Meu estômago, o que é essa dor?

O portal vibrou ameaçando se fechar. Olhei para baixo, a lâmina de uma espada atravessava o meu corpo. A ponta cheia do meu sangue pingava sem parar.

Não, não pode ser você!

Não quero olhar para trás. Meu pai, meus amigos, todos me abandonaram. Você é o meu único apoio nesse mundo.

"Ahhh, Ana, é aqui que nos despedimos. Hahaha!"

O portão estava diminuindo. Não consegui mantê-lo. Se fechou ao mesmo tempo que as energias abandonavam o meu corpo. Me ajoelhei sem poder resistir e a espada cravada pelas minhas costas deslizou para fora do meu corpo.

Uma luz dourada forte apareceu. Eduardo, o meu mentor e amigo que me traiu viu a flecha de Samanta se aproximando. Esta flecha era diferente das que ela esteve usando até o momento. Ela atravessou a distância quase que instantaneamente. Eduardo a viu e se afastou rapidamente ao sentir o perigo. A flecha sumiu e Samanta apareceu no lugar dela bem ao meu lado.

"Interessante, então a filha dos Silva é realmente uma alquimista de vários talentos como dizem. Usar uma runa de troca para mudar de lugar com a sua flecha foi uma jogada fascinante."

Samanta nem se preocupou em responder. Sem tirar os olhos de Eduardo, colocou a mão sobre mim e nos teletransportou a 10m de distância com a ajuda de uma das suas runas. Nem mesmo eu notei quando ela teve o tempo de colocá-las.

As runas de troca que ela usava eram pequenas runas escritas sobre tabuinhas de madeira. Ela é muito habilidosa, mas duvido que as tenha fabricado. Provavelmente são da sua família no caso de emergências.

A segunda runa também foi de troca. Ela só precisou embutir o seu mana para trocar de lugar com um objeto predeterminado dando esse efeito de teletransporte. Infelizmente estas runas não conseguem nos levar a distâncias muito grandes.

Eduardo não se apressou. Embutiu mana na sua espada e a apontou para cima. Uma luz branca saiu da ponta da sua arma e subiu aos céus. Provavelmente um sinal para outros traidores.

O sangue subiu pela minha garganta e estava começando a se deslizar pelos meus lábios. Segurei a mão de Samanta.

"Sam-manta, eu não sobreviverei. Fuja ag-gora enquanto há tempo."

Foi ai que vi as lágrimas descendo pelos seus olhos verdes.

Ah, que jovem ingênua. Então é verdade que ela não pode evitar ajudar aqueles que precisam.

"Idiota! Esqueceu que somos melhores amigas? Não vou te abandonar. Além disso, você tem que lembrar quem sou eu, a incrível Samanta Silva!"

Samanta levou uma mão ao meu estômago e liberou uma luz dourada. Senti como o mana dela entrava no meu corpo. Era cálido, doce e cheio de vida. Minhas feridas estavam se fechando lentamente. Segurei sua outra mão com mais força. A olhei nos olhos e compreendi de imediato.

"Voc- o poder da cura. Fuja, fuja..."

O poder da cura é um poder perdido dos Silva há muito tempo. Poucos são os que nasceram na família com esse poder e ele sempre foi muito cogitado pelas outras famílias.

A história dos Silva é complicada, mas basicamente os descendentes da união de um Silva com o poder de cura e outra família sempre gerava um descendente com um poder de regeneração superior para todos os aspectos: feridas, mana, aura.

Deve ser por isso que ela fugiu de casa. Os Silva tendem a não querer se casar com pessoas fora da família. Sempre que o fazem, os poderes da outra família são os que se manifestam. Então, esses descendentes não são considerados Silva.

No decorrer das eras houve vários casos de sequestros de Silvas com o poder de cura. As outras famílias não resistiam à tentação de ter filhos mais poderosos.

Infelizmente, Eduardo escutou o que disse também. Sem proferir nenhuma palavra, ativou sua aura branca e correu em nossa direção.

"Fuja Samanta! Ele é nível C!"

"Nível C?!"

Samanta levantou o olhar a tempo de ver Eduardo a um metro de distância.

Invocação Golem: Crônicas do mago que abalou o mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora