Capítulo 97 - Armadilhas

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De pé na frente da caverna escura, uma gota de suor desceu pelo meu rosto mesmo com o frio que fazia. Na verdade, enquanto mais próximos da entrada, mais a temperatura abaixava. Provavelmente estávamos -10°C agora.

"Pensa bem, realmente. Digo, realmente temos que entrar ai? Talvez ele esqueça a nossa existência com o tempo."

"Oscar, chegamos até aqui e não daremos meia volta. Como te disse das últimas 27 vezes, não vou mudar de ideia."

Ana estava decidida a entrar lá e erradicar esse Lich de uma vez por todas. Por outro lado, eu não estava confiante. A maior parte dos golens que trouxe não passam pela entrada da caverna. Nem mesmo meus incríveis canhões mágicos passavam. Assim, nosso poder se viu reduzido ao pequeno grupo de Samanta, Alice, Pietro, Vicente e Marcos.

Samanta foi na frente e uma pequena esfera de luz flutuou ao lado da sua cabeça iluminando o caminho. A caminhada pela caverna me lembrou muito o dungeon. Só conseguia ver a 20m de distância e o resto era escuridão.

Depois de andar por um quilômetro, chegamos a uma parte mais aberta da caverna que parecia uma ruina antiga. As paredes eram feitas com blocos enormes e duas fileiras de pilastras sustentavam o teto. A riqueza de detalhes era impressionante.

"Ei, eu reconheço alguns desses símbolos. São runas."

"Claro gênio, quem não os reconheceria. Mande seus golens, devem haver armadilhas."

Como sempre, Samanta foi grossa com o meu comentário. Mas, vi runas bem perigosas no meio, como paralise, veneno, corte, gravidade.

Enviei 3 golens louva-deus. O primeiro ativou uma armadilha e centenas de dardos o atingiram, o segundo levantou dezenas de colunas de fogo e o terceiro, que chegou mais longe, foi misteriosamente desintegrado depois de 2m.

Okay, este corredor tem mais 150m e eles passaram 2m. Hahaha... AHHH! É impossível! Impossível!

Enquanto arrancava os meus cabelos, notei que os olhos de Alice emitiam um brilho dourado. Samanta correu para escondê-la, mas até lá todos notaram. As duas ficaram num canto cochichando até se virar como se nada tivesse acontecido. Então, Alice se aproximou de Ana.

"Acho que posso ajudar Senhora Ana. Tenho uma habilidade que detecta armadilhas."

Ana desconfiava da veracidade dessa habilidade, mas concordou em aceitar ajuda.

Nervosamente, Alice juntou as mãos e olhou os seus arredores. Observando as ruinas por mais de 10min sem fazer nada, ela parecia em conflito. Provavelmente, não queria nos decepcionar.

"Ei Alice, posso te ajudar?"

"Eh, ah, Senhor Oscar. B-Bem..."

Alice olhou disfarçadamente para os nossos companheiros que esperavam por algum movimento. Ansiosa, fechou os olhos e começou a arrumar sua franja vermelha.

"Bom, vejo alguns lugares brilhando, mas não sei o que significam. Me desculpe, queria ser de alguma ajuda. Sei que sou a mais fraca do grupo."

Ao vê-la sofrer com o seu conflito interno, lembrei de algumas coisas que fiz na minha vida passada. Também teve vezes que queria ajudar, mas não tinha a capacidade.

"Me diga o que você vê."

"Hum, aquele, aquele e aquele símbolo brilham com uma luz dourada na minha visão. Só não entendo o que significam."

Os símbolos que Alice apontou significavam cancelar, fechar e olhar. Depois de explicar para os outros, nos juntamos para pensar em uma solução. Isto era como um enigma que precisava ser resolvido. Ninguém conseguiu ver como o último louva-deus foi destruído, então era melhor não arriscar ativar essas armadilhas sem conhecimento.

Finalmente, Pietro foi o primeiro a dar uma ideia.

"Acredito que precisamos passar por este caminho de olhos fechados para cancelar as armadilhas."

Marcos foi o primeiro a questionar.

"Chef Pietro, de onde você tirou essa ideia maluca? Não faz o menor sentido. Golens não tem olhos e mesmo assim ativaram a armadilha."

Ana e Samanta concordaram que era possível. Existiam todo tipo de armadilhas espalhadas em ruínas pelo Reino de Isis. Um mago de alto nível poderia criar uma magia que se desativa cumprindo certas condições.

Nos distraímos tanto com os nossos pensamentos que não vimos quando Pietro se levantou e caminhou de olhos fechados para o corredor. Meu coração quase saltou pela minha garganta quando o vi dar o primeiro passo, porém nada aconteceu. Em seguida, deu um segundo, terceiro e continuou andando tranquilamente até chegar ao outro lado.

"Não pode ser, realmente as armadilhas se desativam quando fechamos os olhos."

Agora chegou a hora de abrir os grandes portões cheios de runas e círculos mágicos a nossa frente.

Parece perigoso...

Mais uma vez, Alice indicou um símbolo que brilhava na sua visão. Ela o tocou sem perceber e centenas de engrenagens nos portões, teto e chão começaram a se mover. Depois, veio o barulho de travas sendo liberadas e as portas se abriram lentamente.

Ondas de energia bateram contra nós assim que houve uma abertura. Marcos e Vicente fincaram suas espadas nas gretas do chão para não saírem voando. Pietro, Samanta e Ana usaram suas auras para deter a energia. Alice, que estava na frente, voou contra minha enorme barriga e ficou lá.

Deveria ficar feliz por ser tão pesado que nem precisei resistir à energia?

De qualquer forma, lá estava ele, o Lich. Só não esperava encontrá-lo dessa forma. A câmara em que se encontrava tinha o formato de uma doma com 1km de diâmetro e grandes pilastras segurando o teto. No meio, um cristal dourado de 3m de diâmetro flutuava emitindo dezenas de relâmpagos dourados que batiam nas paredes e de volta a ele.

O Lich estava lá atacando a esfera dourada.

Invocação Golem: Crônicas do mago que abalou o mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora