Invocação Golem: Crônicas do mago que abalou o mundo

Capítulo 38 - POV da Ana

Enviei um mensageiro para buscar reforços e lutar contra o Lich alguns dias antes. Desafortunadamente, o homem não voltou ainda e os representantes do Lich apareceram esta manhã.

Montei um pequeno grupo e eu mesma viajei para pedir auxílio. Tive receios de deixar Oscar sozinho e que ele resolva fazer alguma loucura na minha ausência. Pedi um soldado para entregar uma mensagem ao Vicente. Ele será o encarregado até eu voltar não importa o que aconteça.

A maior parte dos nossos seguidores nos abandonaram depois da morte do meu pai. Como culpá-los? Com Oscar como futuro líder nada de bom acontecerá com esta família. Além de que não temos mais como protegê-los ou pagá-los com os nossos bens confiscados pelo reino.

Agora estava na mansão do Senhor de Candiota, uma cidade que possui um pequeno dungeon e que se concentra na extração de carvão, cobre e ferro.

"Claro, claro, mandaremos reforços senhorita Ana. Só não poderei ir pessoalmente, pois tenho muitos afazeres, mas lhe visitarei assim que possível."

Os olhos do Senhor Emilson percorriam o meu corpo. Estava com nojo desse homem, mas não podia fazer nada. Meu território é muito pior do que o dele agora e também preciso do seu poder. Ele também era extremadamente poderoso e faria toda a diferença na batalha.

"Por favor Senhor Emilson, considere nos ajudar com o extermínio do Lich."

"Bah, se tivesse algum benefício... talvez participe."

Mais uma vez esse velho estava se insinuando para mim. Parei de perder o meu tempo com esta escória. As tropas que ele mandará terão que bastar. Sua participação deveria ser mais do que obrigação. Ele não entende as consequências se perdermos a batalha? Sua cidade é uma das mais próximas do Castelo Negro.

Ao sair da mansão, refresquei a cabeça debaixo da chuva da noite. O cansaço tomava conta de mim. Tenho tantas coisas pelas quais me preocupar. Faço 26 esse ano e devo carregar o futuro da nossa família nas costas. Com Oscar como o nosso líder, temo que nunca voltaremos a ser considerados uma das 5 famílias. Somos uma piada.

"Ocorreu bem Senhora Ana?"

Abri os olhos e ali estava Eduardo. O trouxe comigo como precaução. Temia que alguém tentasse me matar no caminho. Os poucos soldados que trouxemos também não são de confiança. Acredito que tenha alguns espiões e assassinos entre eles. Os mantive conosco pelo momento, mas não podia abaixar a minha guarda.

"Ele mandará apenas algumas tropas. Não irá pessoalmente."

"Mas ele é nível C! Meramente sua presença mudaria o curso inteiro da batalha."

"Hum, mudaria, porém não quero passar por nenhum constrangimento para tê-lo ao nosso lado. Veremos como vai com Nelson."

Eduardo percebeu logo que o Senhor Emilson tinha segundas intenções. Violentamente subiu no cavalo e não mencionou mais o assunto.

Dormimos no caminho de Candiota para Itaba, a cidade que Nelson ganhou comando depois de sair do Castelo Negro. Emilson me ofereceu estadia, mas recusei com a desculpa de estar com pressa.

O maldito Nelson abandonou crianças, anciãos e deficientes para morrer. Levou somente aqueles que lhe eram úteis e fieis. O homem era um péssimo administrador do território. Deixava o povo passar fome e sempre exigia impostos por sua "proteção".

No pouco tempo que tive, organizei grupos de soldados para coletar animais e plantas com os nativos. Meus soldados se encarregavam de caçar e as pessoas da cidade de tirar as peles dos animais, processá-la e coletar plantas.

Ainda preciso explorar o rio ao oeste em busca de recursos. Fica a quase meio dia de distância, mas é um dos poucos lugares que pode ter valor perto de lá. As terras do Castelo Negro não são capazes de plantio e ao leste está o Deserto da Morte.

Ao meio dia, passamos pelos campos de batata e algumas plantações de hortaliças de Itaba. A cidade era a maior produtora de batata do Reino. Também vendiam madeira em menor quantidade.

Infelizmente, alimentos como esse possuem pouco valor. O que realmente vale são cristais de mana, artefatos mágicos, armaduras, armas, poções e partes de monstros raros. Um cristal de mana superior era mais valioso que toda a produção de Itaba do ano inteiro.

Meu encontro com Nelson foi desagradável. Ele estava num jardim acompanhado de alguns comerciantes locais tomando vinho e aperitivos do mar do oeste. O miserável negou a existência do Lich e ainda disse que não enviaria ajuda para "histórias fictícias". Nem me ofereceu assento e mandou nos retirar do local.

Queria protestar e fazê-lo ouvir a força, mas acabei desistindo. Apesar da sua aparência, Nelson está no nível D3 como eu e tem a vantagem de estar no seu território.

Voltei para o Castelo Negro esperando por um milagre.