Saliem 1825

O Olho Roxo.

- EU VOU MATAR VOCÊ NOAH! EU VOU MATAR VOCÊ!

- Para Ethan!! Você ja fez suficiente!!

- Esse desgraçado merece, alguém que usa a morte do próprio pai pra chamar atenção não deveria ter o respeito de ninguém.

- ETHAN! NÃO!

- NOAH! NÃO SE ATREVA!
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Bip bip bip bip*

O mesmo som de todas as manhãs. Ele já tinha virado a noite lendo seu livro, como de costume. O garoto, com suas olheiras profundas e escuras, e cabelo completamente desarrumado, segue com passos leves no chão gelado de seu quarto até o banheiro.
Uma ducha congelante em uma manhã fria, ele nunca sai da rotina. Uma penteada rápida em seus cabelos que desde pequeno, são cinzas escuros e ondulados. Um casaco grosso e cinza com uma pequena logo de uma máscara de hóquei branca. Ele ajeita o cordão de seu casaco, sai do banheiro e desce as escadas em direção à cozinha.
Um sanduíche de frango, alface e queijo, e um café quentinho o aguardava na mesa, juntamente de uma mulher com cabelos curtos escuros, olhos cansados e com um belo sorriso.

- Bom dia filho, eu fiz seu café.

- Obrigado mãe mas eu não tô com fome agora, posso levar pro lanche?

- Noah Carter! Você acha isso certo? Deixar o café sempre pra depois desse jeito. Hora do café é hora do café. Você não tem se alimentado direito! Aposto que virou a noite de novo. - ela se aproxima - Olha o tamanho dessas olheiras! A quanto tempo você não dorme?! Na hora em que eu tirar esses seus livros você não reclame.

- Mãe, eu tô bem. Sério.

- Você não tá e sabe muito bem disso.

- Olha, - ele aperta entre seus olhos com o polegar e o indicador enquanto respira fundo - eu vou levar pro lanche. Agora tchau mãe, te amo e até mais tarde. - Ela respira fundo.

- Tchau filho, também te amo.

Se sentindo pesado e vazio ao mesmo tempo, ele vai até a sua escola.
As aulas passam rapidamente e logo chega a hora de ir embora. Ele se senta em um banco no pátio e espera sua mãe chegar. "Ela disse que se atrasaria, então vou desenhar pra tirar o tédio um pouco" - pensou ele e rapidamente pegou seu caderno cheio de artes.
Passam-se 10, 15, 30 minutos e enfim ele termina seu desenho. Só falta a assinatura. Ele estica sua mão pra fazê-la quando é bruscamente interrompido por três garotos.

- Olha só se não é o cara mais desesperado pra ser gótico aqui!

- Isso era pra ser uma ofensa Ethan? - Noah diz e logo surge um sorriso de canto de boca. "Sua mente para xingamentos não é muito variada."

- Que bocudo que você é hein? - ele olha para o caderno e logo o toma das mãos de Noah - Olha o que temos aqui! Parece que você não vai rir nem um pouco se eu acidentalmente rasgar isso né?

- Me devolve isso Ethan - Noah diz calmamente, se contendo e se mantendo paciente.

- Vem pegar garotinha! - Provoca Ethan. Noah levanta lentamente como se soubesse exatamente o que iria acontecer.

Ele tenta tomar das mãos de Ethan, mas ele joga para seu amigo que quando Noah chega perto, joga para o seu outro amigo.
Noah para, põe a mão em seu queixo e fecha os olhos. Os garotos param e o observam curiosos.
De repente, todos se assustam com os movimentos de Noah, que se move rapidamente dando um chute no Ethan, que no momento derruba o caderno, fazendo o Noah, com seus reflexos rápidos, pegá-lo. Ele se afasta e coloca o caderno na mochila.

- Agora com licença, eu não quero mais fazer parte dessa atração de circo.

- SEU MALDITO! ACHA QUE PODE FAZER ISSO COMIGO E VAZAR?! Ah é verdade... VOCÊ SÓ LIGA PRA VOCÊ MESMO NÃO É?! - As pessoas ao redor começam a encarar.

- Ethan... - ele para ao perceber que as pessoas começam a prestar atenção - Que tal não me envergonhar na frente dessas pessoas hein? Acho que você não precisa de tudo isso pra chamar minha atenção ou simplesmente me provocar. - ele começa a se afastar novamente.

- Ah é assim não é? Sempre foi. Você, o centro do universo inteiro. Aposto que se seu pai já sentiu alguma vez na vida orgulho de você, agora ele sente desgosto. - O Noah para e sua expressão de superioridade se transforma em ódio.

- Você não tem o direito de falar o que meu pai pensa ou já pensou de mim. Aliás, - ele se vira para o Ethan - o que você sabe sobre pais? Você nem sequer passa tempo com os seus, já que eles viajam o tempo todo. Não tem amigos além desses dois, não tem confiança, não tem ninguém. Você vem atrás de mim e desconta seu ódio, mas você sabe que isso não vai fazer sua dor sumir. - O Ethan range os dentes e fecha os punhos com força. Quando o Noah ia se virar, o Ethan o puxa e dá um soco em seu olho direito. Seus dois amigos o seguram quando vêem que o Ethan começa a chutá-lo e a gritar muito alto.

- EU VOU MATAR VOCÊ NOAH! EU VOU MATAR VOCÊ!

- Para Ethan!! Você ja fez suficiente!!

- Esse desgraçado merece, alguém que usa a morte do próprio pai pra chamar atenção não deveria ter o respeito de ninguém.

- ETHAN! NÃO!

- NOAH! NÃO SE ATREVA!

- JÁ CHEGA!! - Uma garota de cabelos pretos curtos e olhos puxados interrompe antes que eles possam se atacar. - Eu vou falar TUDO pra diretora se você continuar com essa palhaçada Ethan! - Ele range os dentes e sai com raiva deixando seus amigos pra trás e indo embora. - Você tá bem garoto? - Ela se ajoelha e checa o olho dele - Ai - ela suga o ar entre os dentes como se sentisse a dor do colega - Ok, sugiro que você coloque gelo quando chegar em casa. Boa sorte pra explicar pra sua mãe. - Ela diz e logo se afasta. Ele fica tímido e pega sua mochila.

- Obrigado... - Ele diz antes de sair com passos rápidos dali.

Sua mãe chega e ele finge dormir no carro com o capuz cobrindo seus olhos. Ele tenta subir rapidamente as escadas.

- Noah. - sua mãe diz o parando

- Hm? - Ele responde sem olhar pra trás

- Eu te amo - Ela diz preocupada.

- Eu também te amo - ele se despreocupa e sobe as escadas.

Um dia difícil, complicado e cansativo finalmente chegou ao fim.
Após tomar banho, Noah se sente exausto e vai dormir.