Kim Taehyung tem apenas seis anos quando perde o pai, doze ao ter o coração partido pela primeira vez, quinze quando sofre sua primeira overdose. Precoce, problemático e frequentemente arrogante, ele é o motivo por trás das maiores dores de cabeça d...
"Embriagados demais agora pra dançar De manhã, quando descem Suas lindas cabeças estão doendo Eles são muito ruins em aprender Cometem os mesmos erros, culpam as circunstâncias."
- XANNY, Billie Eilish
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Sábado, 14 de janeiro de 2006
Às duas e quarenta e cinco da manhã, o celular dela vibra incansavelmente debaixo do travesseiro.
Ela rola para o lado, cobre o rosto com o lençol e ignora o chamado de seja lá quem estiver incomodando-a em plena madrugada. Esse é o seu primeiro dia inteiramente de folga e sem interrupções desde que passou a trabalhar com um novo cliente, e também a primeira noite em semanas que passa em casa, descansando confortavelmente nos braços de seu marido e aproveitando o sossego oferecido por seu lar.
Ela não é uma pessoa caseira, do tipo que prefere ficar em casa vendo TV a sair para uma boa noite entre amigos, mas trabalhar diariamente vigiando um garoto problemático de quinze anos anda fazendo seu pequeno apartamento parecer o verdadeiro paraíso na terra. Voltar para o conforto de sua casa e encontrar Seokjin esperando-a para jantar tarde da noite, era a parte que ela mais ansiava durante o dia inteiro.
Ela se obriga a voltar ao mundo dos sonhos, mas essa tarefa se torna verdadeiramente impossível quando o celular volta a vibrar e Seokjin começa a resmungar e se mexer no lado direito da cama. É a sua vez de resmungar, completamente incomodada com o aparelho. Quando enfim cria coragem e se senta na cama, o colchão fofo balança embaixo de si a cada movimento de seus membros, e por um breve momento ela esquece o porquê de estar acordada quando o quarto ainda está totalmente envolto pela escuridão.
Claro que o celular toca novamente e não deixa a dúvida intervir por muito tempo. Ela agarra o celular embaixo do travesseiro com brutalidade, mas ao atender, sem ao menos olhar o número, sua voz se transforma em algo completamente suave e educado. Seu lado profissional empurra o sono para longe automaticamente.
— Gerente Kim Jisoo da Snowdrop, em que posso ajudar?
Ela não se sente disposta a ajudar alguém, no entanto. É assim que atende todos os telefonemas, todos os dias, e sua saudação parece cada vez mais com uma frase de efeito boba demais para uma mulher da sua idade. Os fios brancos causados precocemente por seu cliente adolescente concordam com isso.
— Senhora Kim, é do Hospital Wooridul. Encontramos o seu cartão na carteira e no bolso de um rapaz inconsciente que foi trazido para cá por uma ambulância. Ele não tem nenhum documento de identificação e seu número é o único que conseguimos encontrar. A senhora sabe de quem se trata? Quer o endereço?
