Tempestade

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Kakuzu entrava com Hidan em sua casa, ambos estavam um pouco molhados devido à chuva que os pegará de surpresa ao descerem no ponto. Podia-se ouvir o som da água da chuva batendo forte no chão,os clarões que os raios deixavam nos céus e o barulho de trovões ecoando ao lado de fora.

-Eu espero que não falte luz,não estava nos planos de hoje - Kakuzu falava enquanto tirava o casaco molhado o deixando em cima do sofá - É uma pena estar chovendo,o dia estava ensolarado,não parecia que ia acontecer. O jantar de Itachi e Kisame deve ter melado. Um barulho de trovão era escutado por eles,esse mais alto que os anteriores.

-Eu gosto - Hidan disse enquanto fitava o lado de fora pela enorme janela da sala de estar.

-Como?

-Eu gosto.. da chuva e da tempestade,do barulho e da luz que toma o céu. É como se a natureza tentasse a todo momento tentar nos dizer algo sabe? Mas nós não escutamos,então ela grita em forma de trovejadas e tenta se fazer ainda mais presente com seus raios,tenta chamar atenção os expondo,como os humanos expõem suas silhuetas. E você sente seu corpo arrepiar quando a escuta berrar,tem medo que suas finas linhas cheias de eletricidade o atinja e acaba não percebendo sua mensagem. Tem algo escondido em suas nuvens acinzentadas, ela jorra toda essa água em cima da gente,nos encharca e afoga de sinais e mesmo assim,não ouvimos suas súplicas,seu chamado. Até o dia que tudo fica mudo,tudo para e percebemos que o barulho estridente que vinha sempre em data marcada se cessou,tem algo estranho nos céus,ele não tem vida,não tem cor,está morto. Todos tentam clamar por ele,pedir que suas nuvens amontoem e suas águas desçam novamente e alimente a vida que deixou para traz,mas ele está morto - Mais um trovão é ouvido e a claridade da tempestade toma conta do ambiente.

Kakuzu apenas encarava Hidan que olhava para fora de costas para si. Não via sua face, mas tinha certeza que não piscava os olhos ao encarar a paisagem e algo naquele homem dava a entender que ele compreendia o fenômeno que ocorria naquela noite,como se fizessem parte de um corpo que algo maior havia separado. Sentia os pelos do corpo arrepiarem e uma eletricidade diferente tomar conta de suas veias e artérias,algo fora do entendimento humano,o tipo de coisa que acontece quando se para pra pensar demais na existência do tudo. Mais um trovão nos céus, agora parecia que tudo que Hidan falará era um mito que se concretizava e que a natureza dessa vez achará almas que a escutasse e nesse momento direcionava suas palavras a eles.

-Tem alguma roupa que possa usar? Essa está bem molhada - Hidan virava para encarar Kakuzu e seu semblante calmo e amigável retornará. Um barulho que parecia rasgar o céu e todas as leis do espaço foi ouvido fazendo o coração de ambos palpitar no peito,mas nenhuma palavra sobre isso foi dita,o silêncio e o olhar que trocaram era a resposta de que os dois entendiam o que se passava no corpo um do outro. Um mistério que não ousavam desafiar.

-Sim,claro que tenho... venha,vamos nos trocar - Kakuzu estendeu um braço e indicou para Hidan segurar sua mão e assim ele fez. Subiram até o quarto de Kakuzu,um cômodo bem espaçoso,janelas enormes e paredes brancas,exceto pela que a cama ficava encostada,era preta. Kakuzu foi até seu guarda roupa e pegou duas mudas de roupa,uma para ele e outra para Hidan. As gostas de chuva que caiam forte no vidro da janela causavam um efeito sonoro relaxante e tenebroso ao quarto.

-Você pode se trocar no banheiro se quiser,tem um aqui no meu quarto.. tem uma toalhas limpas em um armário verde água,pode tomar um banho. Fique a vontade,em quanto isso vou me ajeitar no banheiro aqui de cima mesmo e depois descemos porquê eu vou fazer algo bem delicioso pra gente comer.

-Tudo bem,eu tô morrendo de fome,capricha em - Hidan era muito mais solto e alegre longe de seu pai e nessa noite que estava distante dele tudo era melhor para si,se sentia leve e livre mesmo que por um dia. Tirou as roupas molhadas e as colocou em um sexto de roupa suja que havia ali,antes de ligar o chuveiro parou seu corpo nu no box e fechou os olhos,aguçou sua audição e ouviu atentamente a tempestade do lado de fora,prestava atenção no seu barulho,os trovões,tentava imaginar quantos raios haviam caído. Sentiu algo,um aviso, escutou outro trovão invadindo seus tímpanos com seu grito,algo percorria as lacunas de sua alma,tinha um sentimento amarrado,um nó em sua memória,uma lembrança do que ainda viria. Algo estava para acontecer,sentia isso profundamente e sentia que a noite lá fora o estava avisando. Algo viria e não tardaria.

Eu ainda estou aqui | KakuHidaOnde histórias criam vida. Descubra agora