Don't Call Me Angel

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Eu aprecio o jeito que você me olha, não posso mentir
Eu me jogo, subo, me afasto quando chego ao seu limite
Eu caí do céu, agora estou vivendo como um diabo
Você não consegue me tirar da cabeça
Eu aprecio o jeito que você me quer, não posso mentir
Eu desço, subo, sei que você quer pensar que é meu
Meu bem, eu entendo totalmente, você não pode ter
Então você não consegue me tirar da cabeça
Estamos nessa juntos, mas não me chame de anjo
[...]

Any

Uma das vantagens de se trabalhar no Victrola é que você pode escolher os dias em que vai ensaiar, desde que estes sejam no mínimo duas vezes na semana e que isto não lhe faça ficar para trás das outras garotas.

Assim que entrei na boate, que em uma noite de terça-feira não abria para o público, fui surpreendida por Savannah em um conjuntinho de ginástica rosa. Ela correu até mim com um sorriso exagerado.

- Finalmente você chegou! – Me puxou pelo braço, aquela era sua forma de dar "Oi." – A nossa próxima apresentação vai ser no mesmo dia. – Enquanto ela falava, me direcionando para o salão de ensaios que ficava bem próximo ao camarim, no fundo da boate, eu corria os olhos pelos funcionários que cuidavam da limpeza e espiava algumas meninas que conversavam animadamente nos sofás que costumavam estar sempre reservados – Any, você precisa ouvir o que a Jojo contou para mim e para a Sabina.

- Sobre o cliente misterioso? – Voltei minha atenção para ela. Soltei meu braço e caminhei ao seu lado – Está atrasada, eu já estou sabendo.

Ela franziu o cenho e me encarou quando passamos pela cortinagem atrás do palco com três barras de pole.

- Não. Que cliente misterioso? – Ué, eu jurava que a Sabina já tinha aberto o bico pra metade das dançarinas.

- Ah... Esquece isso. – Dei de ombros como se não fosse importante, já que minha colega de apartamento havia me feito o favor de não fazer fofoca, queria ter a minha vida menos exposta naquele lugar.

Não era porque eu não gostava da Savannah. Eu até gostava, ela era divertidíssima e tínhamos inimigas em comum. No entanto, eu tinha um histórico muito anormal quando se tratava de confiar nas pessoas. Sabina ter conquistado a minha confiança tão rápido era mesmo um milagre.

- Aí estão vocês, vadias. – Foi só pensar nela que sua voz parou a mim e a Savannah– Prontas para ficarem com as pernas doendo de tanto subir em um pau e não no sentindo bom da coisa?

Eu gargalhei institivamente e me virei para puxá-la conosco.

- Meu Deus, quanto tempo eu não vejo um p...

- Tá legal. – Eu interrompi o lamento da Savannah – Antes de começar o ensaio, vocês viram a Jô? – Sabina me dirigiu um olhar confidente. Ela já sabia do que se tratava.

- Está no escritório. – Minha amiga respondeu – Não demora muito ou eu vou ter que planejar tudo sozinha.

Prendi o sorriso. Nós duas já estávamos conversando há tempos sobre como íamos ferrar a bunda seca que me fez machucar o pé no começo dos ensaios.

- Nem pense nisso. – Sai de perto das duas quando Savannah começou a xingar a Sabina por ter lhe lembrado que estava há bastante tempo sem sexo ao ter feito a comparação com a barra de pole dance.

[...]

- A minha cabeça está girando. – Jô falou quando eu terminei o meu desabafo.

Me senti um tanto quanto aliviada de ter falado tudo em voz alta. Meu peito parecia até estar mais leve. Mas ainda estava morrendo de medo em como aquela conversa poderia decidir o meu destino no Victrola e nas Indústrias Beauchamp.

The Stripper - ADAPTAÇÃO {Beauany}Onde histórias criam vida. Descubra agora