Acordei com o meu celular tocando, eram 16h30, no visor aparecia um número desconhecido então eu simplesmente não atendi e me levantei, tomei um banho demorado sentindo cada gota d'água em contato com a minha pele e de alguma forma quando isso era aplicado a minha cabeça me causava cócegas, soltei risos anasalados enquanto tirava o condicionador do cabelo. Vesti uma calça de moletom preta, uma camiseta manga longa preta e meu casaco preto, eu não escondia minha paixão por essa cor e secretamente sempre achei que me realçava.
Desci até a cozinha acompanhada de Arlo, fiz um chá e me sentei no sofá. Eu não estou pronta pra ir visitar o túmulo deles, eu ainda sinto o mesmo ódio por Tomura, a mesma sensação de inutilidade e fraqueza lembrar de tudo aquilo assim me abalava. Depois de tudo o que aconteceu eu havia saído do Japão justamente pra não encarar isso mas eu passei tempo demais ignorando o que tinha acontecido.
Era como se formasse uma grande nuvem cinza e escura tempestuosa em cima de mim a cada vez que eu pensava sobre isso. Balancei a cabeça tentando afastar os pensamentos da minha mente, Arlo parecia notar o que estava acontecendo ao mesmo instante que balancei a cabeça o mesmo subiu no meu colo e ficou bom um bom tempo me encarando.
- Obrigada Arlo, você sabe que tudo isso vai se resolver não é? Você esteve comigo desde aquele dia acredito que por isso a gente se dá tão bem - acariciei os pelos pretos do gato - Você deve ter passado por tanto quanto eu... - a bola de pelos apenas miou e se ajeitou em meu colo se deitando.
Encontrei Arlo na rua quando estava voltando daquele funeral e sempre o vi como uma esperança a primeira vez que o vi ele parecia tão assustado quanto eu desde então ele é mais como meu amigo do que animal de estimação.
Olhei pro relógio e eram 17h00 e por Deus eu estava atrasada! Coloquei meu gato cuidadosamente na almofada ao meu lado, ele parecia dormir como uma pedra.
Meus cabelos haviam secado então só passei perfume peguei minha bolsa enfiei minha carteira, um guarda chuva, minha garrafa de água peguei os tenis e as chaves do carro e desci de volta colocando as chaves na mesinha perto da entrada e os tenis na sapateira que tinha logo do lado da porta.
Em poucos minutos Teko chegou e nós fomos no carro dele mesmo, durante o caminho ele me falou sobre estar saindo com uma menina da faculdade era a primeira vez que eu via os olhos dele brilharem depois do que tinha acontecido, ele descrevia a menina com carinho e cada detalhe que saia de sua boca ele se parecia se apaixonar mais por ela.
- Teko você tá nas mãos dela! - ri
- Yasui você não sabe o que é o amor tá - disse sorrindo e sem tirar os olhos da estrada.
- Eu sou heroína profissional eu não tenho tempo pra relacionamentos - coloquei a touca do meu casaco.
- Yasusu essa é nova - ele gargalhava - Você pode até ter a carteira de profissional mas você não se inscreveu em nenhuma agência e muito menos sai pra patrulhas - ele ria ainda mais.
- Teko Shimaro... - na mesma hora ele engoliu seco - Eu tenho a carteira sim, mas não trabalho como heroína eu quero poder exercer meus poderes em momentos que EU precise.
Ele desligou o carro e meneou a cabeça simplista, desceu do carro e fomos em direção aos túmulos. Eu sentia meu corpo gelar apesar de estar agasalhada, minhas mãos tremiam e na tentativa falha de as pararem eu as segurava rente ao meu peito, a mesma sensação de palpitação e falta de ar me invadiu bruscamente. Eu deveria estar ali? Eu merecia? Foi tudo culpa minha como eu pude agir daquele jeito?
Senti Teko pegando minha mão esquerda e a segurando firme, o olhei e ele me olhava carinhoso como se soubesse o que estava passando na minha cabeça. Quando chegamos eu não pude evitar chorar, mas ao mesmo tempo que eu chorava eu sentia como se estivesse saindo um peso enorme das minhas costas era como se eu estivesse me esvaziando. No local onde cada um foi enterrado havia crescido lindas flores.
- Me... me desculpem... - minha voz saiu fraca e quase em um sussurro, Teko passou seus braços em volta de mim me envolvendo em um abraço carinhoso e recheado de afeto e conforto.
- Yasui, todos eles viram você lutar bravamente e tão jovem. Nós somos praticamente irmãos crescemos juntos naquele orfanato que poderia ter tudo pra fazer a gente se tornar pessoas ruins. Nós 5 nos encontramos e mesmo que por pouco tempo acredito que foi o melhor tempo que eles viveram. - Ele levantou meu rosto, limpou minhas lágrimas e me deu um beijo na cabeça. - Eles também te amam tanto quanto você ainda os amam.
Depois de tudo voltamos pra casa, Teko iria dormir lá pra garantir que eu não fizesse besteira.
- Suas roupas estão no guarda roupa do lado esquerdo, tem toalha limpa no banheiro, eu vou ver o que a gente vai jantar.
- Certo Yasusu, eu prometo ser rápido.
- Bom mesmo porque eu ainda nem comecei meu emprego pra pagar conta de água de banho seu de 40 minutos, agora vai vai - o empurrei pela escada.
Teko tinha tendencia a demorar no banho, por estar desembaraçando os cabelos, o cabelo dele era na altura dos ombros eram loiros e os olhos azuis escuros e intensos, teko tinha 1,78 de altura e o corpo malhado mas nunca me atraí por ele, talvez pelo tempo de convivência, eu o via só como irmão.
Eu decidi pedir comida, kfc, eu me joguei no sofá com o celular e liguei em qualquer canal que estivesse passando algo que me prendesse.
Vi Teko descendo as escadas, ele se jogou no sofá ao meu lado e me encarou:
- Você ta acabada Yasusu, nem seus óculos escondem sua olheira! Você tem dormindo bem? tá acontecendo alguma coisa que você não tá me falando? - ele perguntava me analisando dos pés a cabeça.
- Ta tudo bem - sorri - Não se preocupa T.
- Ah... sendo assim então... POR QUE VOCÊ NÃO ME FALOU QUE VAI TRABALHAR NA U.A? - O mais alto me chacoalhava pelos ombros.
- CALMA CALMA TEKO POR DEUS - gritei me desvencilhando das suas mãos - Eu ia te falar tá, eu entreguei meu currículo lá faz um tempo. Eles estavam precisando de um professor. - Arrumava meu cabelo enquanto falava - Aliás como vc sabe sobre isso?
- Eu tava no seu quarto me trocando, e você sabe que eu gosto de ouvir música fazendo isso e aí quando eu abri seu computador estava direto no email e eu li sem querer - Ele se ajeitou no sofá.
O olhei e apenas concordei com a cabeça.
Depois de jantarmos fomos dormir, afinal no dia seguinte acordariamos cedo.
Depois de me despedir de Teko fui em direção a U.A para o meu primeiro dia, admito, estava nervosa... pra qual sala eu daria aula? os alunos iriam gostar de mim? eu iria ser boa? Essas dúvidas invadiam minha cabeça enquanto eu dirigia. Eu sentia o sol matinal me aquecendo e o vento que entrava pela janela do carro as vezes esvoaçava meus cabelos, quando vi havia chegado, desci do carro após estacionar e o tranquei, respirei fundo apertando a alça da minha bolsa e adentrei na U.A em procura do diretor Nezu. O pequeno diretor logo me achou e fomos pra sua sala onde ele me deu uma série de instruções:
- Bom dia senhorita Tamadashi, eu sou o diretor Nezu - pegou uma xícara chá e empurrou em minha direção - Bom, você irá trabalhar em conjunto com o professor Aizawa Shouta dando aula pra classe 1A, ele tem andado sobrecarregado e aquela classe é especialmente forte. Vou te levar até a sala dos professores.Aizawa pov
Me levantei com o alarme tocando, minha cabeça estava doendo como se algo estivesse martelando, céus, parece que não dormi bem.
Fui tomar banho, e foi um banho demorado eu precisava tirar aquela tensão do meu corpo. Abri o guarda roupa e logo o cheiro forte de amaciante invadiu o ar, ri nasalado ao lembrar de Yamada e Toshinori me dizendo que eu exagerava ao colocar amaciante no máximo pra lavar as roupas. Coloquei minha roupa e fui pra cozinha, coloquei o café em uma garrafa térmica e me dirigi pra U.A.
O diretor havia me falado sobre contratar alguém pra me ajudar com as aulas e eu poder ajeitar minha rotina, eu não tinha por que recusar e segundo ele a pessoa chegaria hoje.
Estava na sala dos professores quando a porta foi aberta por ele, acompanhado de uma mulher que na minha visão era bem pequena, ela tinha cabelos castanho escuro que desciam até abaixo do ombro e mechas loiras saiam da parte de trás perto da região da nuca, um óculos fino preto emoldurava seus olhos que haviam olheiras que foram tentadas serem cobertas por maquiagem, sua roupa era tão simples quanto a minha, uma calça alfaiatada preta, um cinto preto e camiseta cinza de gola média e um tênis preto.
- Bom dia Aizawa, essa é a nova professora a senhorita Yasui Tamadashi - disse o diretor a empurrando pra dentro da sala - Seja bem-vinda Yasui - ele fechou a porta e saiu.
Eu havia chegado mais cedo e naquela sala só havia eu e ela, era palpavel a tensão ali mas resolvi quebrar aquilo.
- Eu sou o Aiza- fui bruscamente interrompido pela menor.
- Aizawa Shouta, eu sei, bom dia. Não quero que me leva a mal senhor Shouta, mas não vim pra para fazer amigos, eu vim para lecionar ao seu lado. - ela disse ríspida.
- Eu não te pedi pra ser minha amiga senhorita Tamadashi, eu me apresentei. Fui educado. Mas não irei mais dirigir a palavra à você a não ser em aula, aquela é sua mesa. - Apontei pra mesa ao lado da minha e a mesma foi logo pra lá. Aos poucos os professores foram chegando e se apresentaram à Yasui que apenas respondia "Sou Yasui Tamadashi."
Logo chegou a hora da aula, eu apenas a olhei e ela entendeu, caminhamos pelo corredor em silêncio até adentrarmos a sala.
Logo me deparei com Iida repreendendo a turma e os mandando se sentarem, esperei todos se acalmarem e apresentei a nova professora:
- Bom dia, essa é a senhorita Yasui Tamadashi. Irá me ajudar nas aulas com vocês, senhorita Tamadashi quer se apresentar? - falei me retirando e me enconstando em um canto qualquer da sala.
- Bom dia, sou Yasui Tamadashi, serei a nova professora de vocês e espero que gostem de mim - ela deu um sorriso sem mostrar os dentes. Como ela pode ser tão sem emoção como um saco plástico em uma hora e depois em outra ser extremamente amigável? Maluca.
- Com licença - Midorya havia levantado a mão e a mesma direcionou o olhar a ele com atenção - qual é a sua individualidade, professora?
Olhei para Yasui, parecia se formar uma rede cálculos em sua cabeça, mas por que?
- Bom... - ela riu sem graça - eu tenho multiplas individualidades.
ELA O QUE? Ela é um tipo de experimento laboratorial ou o que? O diretor sabe disso?
Assim como eu a classe explodiu em perguntas e logo foi visto um pequeno sorriso tímido em seu rosto, ela os acalmou e começou a explicar.
- A minha individualidade multipla me permite criar tremores, explodir coisas com estalar de dedos,voar, também tenho habilidades com elementos da natureza como água, fogo, gelo, terra e ar, posso atirar adagas extremamente afiadas que saem das minhas palmas, tenho agilidade e força, e também consigo controlar mentalmente os oponentes. - Ela falava e os olhos deles parecia brilhar a cada coisa que ela explicava. - Mas eu tenho limites também, meu poder parece ser demais para o meu corpo o que as vezes resulta em uma saúde um pouco frágil ou perca de estamina em massa.
Essa mulher é o que? Filha do All For One?
- Agora que tal vocês se apresentarem pra mim? - ela se sentou na minha cadeira e escutou atentamente aos alunos e logo que terminaram ela sorriu e agradeceu e passou a aula ao meu controle.
- Hoje iremos ao ginásio testar as capacidades físicas de vocês e aula será dada pela senhorita Tamadashi. - Essa seria minha lição para ela aprender a ser respeitável com os outros. A mesma me encarou surpresa quando falei, apenas dei de ombros e saí.
- N-nós vamos os esperar na quadra coloquem a roupa de atividade física de vocês! - Ela saiu e passou por mim quase como um furacão. Vai ser divertido trabalhar com você senhorita.
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Honoris - Aizawa Shouta
FanfictionYasui teve que lidar com a perda de todos os seus irmãos aos 15 anos, onde jurou proteger a todos. Aos 23 anos conhece Aizawa um professor da nova escola em que trabalha, e quem é responsável por a fazer notar que as vezes para trazer honra é necess...