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Aizawa pov
Acordei em frente aquela cena de novo... o acidente de Oboro.
Os destroços em cima do corpo dele já sem vida.
- Oboro! - corri até ele na esperança de ele este ainda pudesse ser salvo.
- Ah minha criança não se preocupe...- ouvi uma voz masculina atrás de mim e uma mão tocava meu ombro. - Isso foi culpa sua!
- Não foi! Ele sabe que não foi! - gritei o respondendo sentindo as lágrimas caírem pelo rosto.
- Você deveria ter protegido ele... Você é tão fraco Aizawa Shouta. - ele proferiu rindo - Espero que se lembre sempre que você não serve nem pra salvar alguém.
- Oboro... Por favor me desculpa... - eu me ajoelhei no chão chorando. Meu corpo ja não tinha forças e tudo o que fluía era aquele sentimento de culpa e impotência.
- Agora ele vai morrer pelas minhas mãos e você não poderá fazer nada... - a pessoa sussurou no meu ouvido.
- OBORO NÃO!

Eu acordei novamente no meu quarto, as lembranças sobre ele vieram fortemente e sem aviso prévio. A raiva, arrependimento e a tristeza me consumia mas o maior sentimento era a culpa. Eu chorava compulsivamente, me levantei da cama tentando me acalmar mas aqueles sentimentos pareciam apenas piorar e quando olhei a nossa foto na minha mesa foi o ápice, atirei a moldura de madeira contra a parede fazendo o vidro se quebrar e tudo cair no chão. Eu já não sabia o que estava acontecendo, peguei meu celular discando o número da Joke que só dava na caixa postal. Eu ainda me sinto um lixo... E essa lágrimas não param, os sentimentos não param. 
Me encolhi no chão chorando ainda mais.
Eu não tinha o que fazer, vai ver a morte dele foi minha culpa mesmo. Vai ver eu sirvo pra ser herói...
Ouvi minha porta sendo aberta bruscamente mas não me importei nem em olhar, logo um cheiro famíliar e depois braços em volta de mim e por fim a voz que eu reconheceria no em meio a tantas outras .
- Ei... Ta tudo bem, eu to aqui com você... - Yasui passou as mãos pelos meus cabelos e acariciou minhas costas. - Já ta tudo bem Zawa, vai passar eu prometo...
Ela me ajudou a levantar e em um impulso eu a abracei pela cintura colocando o rosto na curvatura do pescoço dela, ali eu me permiti chorar e finalmente soltar completamente tudo que eu já guardei até hoje. Ela era paciente, sua mão direita deixava cafunés no meu cabelo e a esquerda caricias na minha nuca.
- Eu to aqui tá bom? Aconteça o que acontecer eu vou te proteger... - a voz dela era suave e calma. - Respira fundo Zawa, vai ficar tudo bem eu prometo.
Eu fui me acalmando aos poucos e logo o choro foi parando, eu apenas respirava fundo enquanto ainda estava agarrado a ela. Yasui por sua vez não me soltou nenhum momentou, seu abraço continuava apertado o que me fez a apertar mais em meus braços.
- Eu... não aguentaria te perder... - falei sentindo minha voz falhar. Enquanto apertava um pouco mais o abraço.
- Tá tudo bem Zawa, eu to aqui e eu to bem. Eu to viva... - ela se afastou um pouco segurando meu rosto entre as pequenas mãos, seu polegar limpou uma lágrima teimosa que caia e ela me olhou. - Está vendo? Eu to bem, eu to aqui com você.
Yasui sorriu, e os seus olhos transbordavam carinho.
- Obrigado Sui... - falei baixo colocando a minha mão por cima da dela.
Ela me puxou pra cama e se deitou apoiando as costas na cabeceira e eu me deitei ao lado dela me aconchegando em seu peito, e abracei a cintura dela forte eu quero ter certeza que nunca mais alguém especial pra mim vai se ferir.
- Você quer conversar sobre o que aconteceu? - ela falou enquanto sua mão passeava pelas minhas costas e ia até a nuca.
- Eu acho que não...
- Tudo bem, mas não importa o que esteja acontecendo dentro da sua cabecinha, eu vou estar aqui com você independente do que esteja acontecendo.
- Obrigado Sui.
Estar nos braços dela ali, me acalmava, me trazia a sensação de conforto e definitivamente o abraço dela é um lar. Viver ao lado dela é sempre um confronto interno, a Sui tem a essência de uma mulher mas nunca perdeu o brilho de uma menina, ela é uma mistura de certeza e incertezas, a mistura de coisas certas, da surpresa com o que é contínuo ela é a mistura do caos com a paz, quando a Sui chegou ela me trouxe paz aquela que eu não acharia em nenhum dos quatro cantos da terra ou em terras marítimas, mas ao mesmo tempo ela me bagunçou por completo.
As vezes eu sinto que eu não te mereço Yasui... Você é única e abriga as mais lindas estrelas constelações dentro de si.
Eu acabei adormecendo nos braços de Yasui e com suas carícias.
Acordei com o despertador tocando e Yasui ainda dormia encolhida e agarrada em mim, a olhei por uns instantes admirando cada detalhe do seu rosto. Passei a mão levemente pelo rosto dela, Yasui parecia frágil e aquilo me fazia querer esconde-la de tudo e todo o perigo. Eu demorei para encontrar alguém como ela e não vou abrir mão dela tão fácil assim. Reparei nos cabelos dela agora curtos, e realmente combinou com ela os cabelos curtos e ondulados eram como se pertencessem a ela por sina e a deixava ainda mais linda, com a mistura de alguém frágil com alguém que não hesitaria em passar por cima de todos para salvar quem ama. Eles emolduravam seu rosto que descansava tranquilamente no travesseiro, sua respiração era calma e suas mãos estavam agarradas na minha camiseta. Me levantei tentando não me mover muito, fiz o que precisava fazer e desci para cozinha encontrando Yamada e Ricardo lá.

Honoris - Aizawa ShoutaOnde histórias criam vida. Descubra agora