epílogo

963 117 91
                                    

O Sol atravessou a cortina branca, deixando os raios de luz refletirem no espelho de canto e deitar-se sobre a cama junto do corpo adormecido de Yeonjun. Era ainda de manhã, em um dia lindo e ensolarado, cheio de alegria.

O quarto era decorado com pequenos quadros, alguns com fotos, outros com pinturas. O papel de parede ciano fazia parte do conceito simplista do quarto. Ou seja, nada extravagante ou extremamente colorido. O chão amadeirado combinava com o resto, o que deixava o casal que habitava ali satisfeitos. O armário estava uma bagunça, sem organizações pacientes. Algumas roupas até foram parar em uma das duas cadeiras espalhadas no cômodo.

Yeonjun comprimiu os olhos ao sentir as pálpebras queimarem na luz exposta. Acordou sonolento, fazendo sons estranhos enquanto erguia seu corpo. Bagunçou os cabelos loiros e afastou o cobertor fino que o mantinha aquecido durante a noite, junto do outro corpo que já não estava mais ali ao seu lado. Embriagado de sono, pôs os pés para fora da cama de casal e processou os próximos passos na mente. Levantou. A regata amassada e a bermuda amarrotada que usava precisariam ser lavadas depois.

Andou em volta do quarto, procurando pelo celular. Era suposto estar na cômoda, mas apenas encontrou um pequeno post-it rosa.

"Ele é o único"

Yeonjun não compreendeu de primeira, então decidiu somente pegar o post-it e guardar consigo. Jamais ficaria gritando pela casa para chamar o namorado quando ainda era de manhã.

Se direcionou até o banheiro do quarto, notando o próprio olhar cansado de quem trabalhava por horas seguidas. O espelho estava sujo, mas não imundo, conseguia diferenciar os próprios descuidos com a beleza dos fios de cabelo com as manchas insignificantes do vidro. Molhou a pasta de dente na escova e sentiu a ardência da menta dentro de sua boca, o que ele pouco se importou.

Olhou mais acima. Outro papelzinho.

"...,me deixou todo bagunçado"

Yeonjun percebeu do que se tratara e riu baixinho, deixando-se abrir a felicidade com as demonstrações de amor diferentes do namorado.

Guardou mais esse. Saiu do banheiro animado, querendo achar a continuação daquelas lindas frases que certamente seriam suas composições.

Foi para fora do quarto, prevendo as últimos ações de Soobin. Fechou a porta e virou-se novamente. Lá estava outro post-it.

"Eu poderia escrever um milhão de músicas"

Tropeçou nas escadas, encontrando outro.

"...,mas eu sei que não é o suficiente"

A letra de Soobin estava linda naqueles papéis coloridos. Mas Yeonjun se recordava claramente que já havia lido esta frase no caderno de Soobin, praticamente um ano e meio atrás.

Atravessou a sala de estar, procurando o próximo papel, ou o próprio Soobin.

Achou. Colado em um pratinho de sobremesa.

"Porque ele é o único pelo qual eu tenho sentimentos"

Um sorriso brilhante se formou em seus lábios avermelhados e inchados pelo pós sono. O anel que enfeitava seu dedo anelar foi beijado com entusiasmo quando o coração do Choi palpitou veloz.

Correu nos arredores da casa, como se sua vida dependesse disso. Encontrou a sala ainda bagunçada pela agitação da noite anterior em que ambos juraram amor sob a luz da lua e a companhia das estrelas, ocupando o mesmo espaço.

No sofá.

"Eu poderia escrever um milhão de músicas"

A mesma frase se repetiu, e foi aí que Yeonjun teve certeza de que era a letra de uma música.

Alcançou o casaco largado no tapete, este que na verdade pertencia a Soobin. A vestimenta alguns centímetros mais longa do que deveria no corpo de Yeonjun ainda tinha o aroma doce de seu namorado. Apertou as mangas compridas contra o peito, como se abraçasse Soobin sem a real presença do cujo ali.

Viu a porta que dava para o quintal, achando mais um papel colado bem em cima do buraco do olho mágico propositalmente.

"...mas sei que não é o suficiente..."

Respirou fundo e apaixonado, sentindo borboletas agressivas dentro do estômago. Borboletas coloridas que só iriam embora se Soobin fosse junto.

Deduziu ser o penúltimo ou último texto, já que o namorado não teria a audácia de fazer Yeonjun dar a volta na casa inteira em busca de papéis.

Foi para fora. O céu azulado belíssimo, decorado por nuvens esfumaçadas em todos os lados. Flores diversas cultivadas carinhosamente pelo loiro amante da flora e pelo namorado fofo e babão estavam ajeitados nos vazinhos de argila. Aquele girassol estava no meio deles, quase perdendo a vida. Yeonjun se deparou com o pequeno girassol e sentiu uma tristeza por ter se apegado a planta.

Yeonjun agachou, fitando os novos brotinhos que havia plantado recentemente, procurando ver se Soobin foi esperto ao nível de esconder o post-it dentre os vasos.

Sentiu a mão leve acariciar seus fios e, num piscar de olhos, pulou em seus braços. Soobin beijou a testa lisa e envolveu o tronco saudável com os braços. Yeonjun esfregou o rosto contra o peito coberto pela blusa, envergonhado por ter saído de pijama para fora.

Depois de um "eu te amo" sussurrado, o mais alto lhe entregou o último post-it restante. Yeonjun leu várias vezes, aumentando seu sorriso cada vez mais. Era real, e era incrível.

Soobin e Yeonjun não ligaram para os vizinhos, apenas se beijaram na manhã calorosa.

O papelzinho amarelo foi derrubado sobre a grama verde e úmida, se perdendo na terra.

"Porque ele provavelmente não sabe que esta música é sobre ele

esta e mais milhares, Yeonjun"

He's The One • YeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora