Prólogo - Parte II

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Pietro Scafidi

― Cacete... cacete! ― murmuro quando os sons vão ficando cada vez mais abafados no tumulto atrás de mim.

Como se eu não tivesse outros problemas na minha vida... penso ao ver a mancha no meio do meu terno ao ser escoltado para um lugar seguro após o que ocorreu no Zélia.

Enquanto a SUV começa a pegar uma rua vazia em direção a expressa, meu telefone toca e vejo o nome de Saulo, meu secretário, na tela. Recuso a chamada, retorno uma outra hora. Encaro os prédios de São Paulo do outro lado da janela do carro.

Meu motorista está seguindo uma das viaturas, tudo está se acumulando tão rápido na minha cabeça que... que me sinto um pouco perdido no momento em que estou.

Como se não bastasse o sumiço de Maxence há mais de duas semanas, ainda temos que ligar para a investigação do Oficial Green de Gibraltar junto com a delegada Anna Markza de Santorini ganhando cada vez mais o apoio da Interpol que, de alguma forma, tenta nos colocar como mandantes da Chacina Scafidi que acabou matando meu pai, Lennon, e mais dezessete pessoas há alguns meses atrás.

Somando ao fato dos números da Scafidi S/A São Paulo estar bem atrás de números de lucro e investimento em relação as que os meus irmãos administram ― posso, misericordiosamente, colocar a culpa na alta do dólar ou dizer apenas que alguns empresários brasileiros não dão tanta bola ao meu sotaque grego.

Os sócios-investidores que estão desde a criação da filial há quase sete anos, querem, nesse tempo todo (e pela primeira vez na empresa da família) a troca de um CEO. Não comentei com os meus irmãos, não consigo nem pensar direito sobre o assunto comigo mesmo para chamá-los e comunicar sobre a minha ruína no comando de uma das sementes da empresa.

Me foi ensinado durante muito tempo como comandar um lugar, como fazer presença e como manipular o jogo a meu favor..., mas ultimamente eu tenho fracassado e sacrificado tantos peões no meio do tabuleiro que estou perdido até em relação as minhas próximas jogadas.

Ao contrário de mim, vejo Maxim e Solomin indo para a África do Sul atrás de uma boa área para construir uma nova filial por ali, ou um prédio que esteja à venda. Inúmeros investidores sul-africanos já entrarão em contato com o meu irmão mais novo e o bafafá vai render bons meses para ele ― e fico extremamente feliz com essa notícia, pelo menos todo o resto está se dando bem.

Andreas vendeu a ideia do seu livro por quase dois milhões de euros para a editora e um hype está se criando sobre qual seria o enredo do livro do meu irmão ― que, até nós da família, não temos consciência. Já o meu cunhado, Coderick, a mando da AstriCorp vem se mantendo sólido no Reino Unido e expandindo o império da sua família para os países escandinavos.

Depois de tantos adiamentos, Elia e Eros não deixarão a data de lado e daqui uma semana a Pavanotto Boutique se abre oficialmente em Milão. O convite, que está em cima da minha mesa no escritório na Avenida Paulista, me lembra de que preciso comparecer.

Asker e Leon são os pais mais babões do momento, com Taeron conseguindo cada vez mais pódio pela Grécia em competições infantis. Os Estados Unidos são cheios de polêmica e a sextape de Nicholas já é passado para os principais meios de fofoca entre as subcelebridades. Martino e Sean estão fazendo a Scafidi Gibraltar crescer mais ainda (sendo que ela era a menor de todas, e agora, em números lucrativos, deve passar a SP facilmente).

Na mistura de no tanto o que pensar que só volto à tona quando o carro estaciona em frente ao Departamento de Polícia da região do Zélia.

Desço do carro e me admiro nenhum paparazzo ter nos seguido.

PIETRO - Os Irmãos Scafidi #6 | EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora