Capítulo Nove

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"Esse amor é difícil, mas é real
Não tenha medo, nós vamos sair dessa bagunça
É uma história de amor, querido, apenas diga sim
Eu cansei de esperar"
LOVE STORY (Cover) | Sarah Cothran

José Ferreira

Desço até a calçada em frente ao prédio em que moro, me sentindo mais leve pela conversa e o bom humor de Pietro com as breves mensagens que trocamos, mas agora preciso resolver outra coisa.

Depois de ouvir o áudio que Dani me mandou, marcamos uma conversa, cara a cara para que tudo fique o mais esclarecido possível. Então entro no seu carro estacionado e ficamos em silêncio por alguns segundos.

— Desculpa. — seu rosto se vira na minha direção. — Você estava certo, José... e-eu... — Dani balança a cabeça. — Me desculpa.

— Tudo bem. — sorrio em sua direção. — Eu te desculpo.

Um sorriso se forma em seu rosto.

— Queria poder apagar esse drama todo. — ela continua. — Porque agora parece que temos um fardo em cima da nossa conversa, uma mancha que deixa com essa sensação desconfortável.

— Eu te entendo. — digo. — Mas na próxima vez que formos conversar, amanhã na facul, por exemplo, vamos estar de boa, nem vai parecer que esse fim de semana foi um furacão de coisas.

— Só confirmando então... estamos de boa?

— Sim, Dani, estamos de boa.

Ela continua sorrindo e me permito sorrir também.

* * *

Na manhã seguinte acordo mais cedo do que o de costume e encaro o teto do meu quarto por alguns segundos. Pela janela consigo ver a cidade nublada e cheia de neblina. Uma frente fria passageira, segundo o widget de clima no meu celular. Coloco meu moletom mais grosso e tomo café junto com os meus pais.

Meu celular vibra nesse momento, imagino que seja Dani ou o nosso grupo de amigos, mas é Gustavo. Me lembro então que o larguei na lanchonete.

— Tudo bem, Zé?

Olho para a minha mãe e balanço a cabeça antes de entrar na conversa com Gustavo.

"E aí? Td bom? Desculpa se for cedo demais, mas queria saber se tu tá legal? Quer tomar uma cerveja essa semana?"

Me lembro do que disse na lanchonete... será que voltei a criar expectativas nele? Antes que eu o responda, ele apaga a mensagem para todos.

"Foi mal" e fica offline em seguida.

Ok, talvez seja melhor assim, não precisamos criar um novo drama... não depois do que aconteceu no motel.

Mais tarde na faculdade, fico um pouco mais desligado enquanto eles riem alto no refeitório na hora do intervalo, estou com o celular na minha mão e acabo vendo uma notícia em destaque: "Jovem brasileiro morre em troca de tiro em país europeu", ia passar direto, mas a thumb da notícia mostra um dos irmãos de Pietro junto a vítima, ou melhor, o meio-irmão francês dele, Maxence.

Clico na notícia e leio por cima... eles dizem que havia uma operação da polícia contra uma quadrilha (que conseguiu fugir) e que o jovem brasileiro, Luiz alguma coisa, acabou estando na hora errada e no lugar errado. Leio pela segunda vez, não faz muito sentido, me sinto mal por quem redigiu essa notícia. Resolvo então mandar uma mensagem para Pietro.

"Oi, tudo bem? Acabei de ver sobre o namorado do seu irmão. Sinto muito"

— Você tá bem, Zé?

PIETRO - Os Irmãos Scafidi #6 | EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora