Capítulo Quatorze

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[Maratona Maxim na Amazon dia 27/06: 3/4]

"Você sabe que eu enlouqueço toda vez que você tem que pegar um voo
Posso te levar até o aeroporto? Beijar sob as luzes do banheiro
Coloque seus lábios em meus lábios, eu vou lembrar do seu beijo nas noites em que sinto sua falta"

BEG FOR YOU | Charli XCX ft. Rina Sawayama

Pietro Scafidi

Não consigo dormir o resto da noite e José me acompanha nesse nível de insônia, ficamos em silêncio a maior parte do tempo, ouvindo a respiração um do outro enquanto ficamos deitados na minha cama — em algum momento ou outro rimos de uma piada ou de uma breve história que contamos um para o outro..., mas percebo que não me importo de ficar só em silêncio com ele, porque diferentemente de outras pessoas, o silêncio não se torna um incômodo entre nós dois.

Quando a manhã chega, temos um voo marcado para às 8 horas.

— Se não quiser ir, tudo bem. — digo quando José me ajuda a montar a mala.

— Está tudo bem, Pietro. — ele sorri na minha direção. — Eu quero ir.

Quando era de madrugada, parecia uma proposta sem tanto peso como agora... não quero estar forçando José a nada que ele não queira — nem criando um clima de "olha, estamos pulando algumas etapas e já estou te levando para uma viagem depois que minha meia-tia destruiu a empresa do meu cunhado", soa um pouco... nem tenho as palavras certas para isso.

Faço com que ele se sente em cima da minha mala para que eu possa fechar o zíper e sorrio na direção dele.

Depois disso pego a mesma Mustang da noite anterior na garagem do prédio e seguimos em direção a casa de José. Assim que estaciono em frente ao seu prédio, ele respira fundo e me olha.

— Quer subir? — pergunta.

— Hã... não vou criar nenhum clima ou algo do tipo? — pergunto.

— Talvez crie. — responde ele com um sorriso. — Não quero mentir para os meus pais, mas vamos fingir que estamos indo para algum lugar no Brasil, tipo... você tem cara de quem tem casa em Angra.

— Não tenho.

— Vamos fingir que tem. — responde José. — Estamos indo para Angra dos Reis e eles vão me perguntar sobre a faculdade, mas... ok, temos um plano.

Solta uma risadinha quando descemos do veículo e corremos para dentro do seu prédio (o porteiro já tem os olhos curiosos nas minhas costas quando passamos por ele e José dá um bom dia rápido), falta pouco mais de uma hora para o nosso voo, precisamos ser rápidos.

— O elevador ainda está com defeito. — comenta José me levando até a porta da escadaria. — Vamos ter que subir por aqui, beleza?

— Tudo bem.

— Tipo... — ele me olha receoso. — São oito andares.

— Bom... talvez seja bom para a circulação. — ele ri enquanto começamos a subir. Faz tanto tempo que ando faltando nos treinos que um lance de escadas não deve ser tão ruim assim para o meu corpo, mesmo que eu odiasse os treinos de pernas! — Você sempre morou aqui? — pergunto enquanto continuamos o exercício.

— Na verdade, não. — responde. — Éramos de Bauru, mas meus pais resolveram que São Paulo mesmo deveria ser uma melhor opção, mas viemos quando eu tinha uns nove, dez anos, então é como se eu praticamente vivesse toda a minha vida nesse prédio mesmo e... chegamos. — José abre a porta da escadaria para um corredor cheio de portas dos apartamentos. — Meus pais acordam cedo, então... hum, talvez tenha algum tipo de cena constrangedora.

PIETRO - Os Irmãos Scafidi #6 | EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora