"Seu crime foi me amar, você chegou e me envolveu
E o meu corpo estremeceu, me machucou, enfraqueceu
E o tempo que passou, quem perdeu fui eu"
SEU CRIME | Pabllo VittarJosé Ferreira
Será se estou agindo como um adolescente idiota quando fujo do apartamento de Pietro Scafidi? Ah, foda-se, em nenhum momento desde que cheguei no apartamento dele na noite anterior vim com um papo de "ah, que tal nos casarmos depois de gozarmos algumas vezes?".
Ele foi presunçoso e egocêntrico, mas eu posso estar aumentando as coisas na minha cabeça por também estar sendo mimado e egocêntrico, me pondo como principal motivo da sua reação, eliminando qualquer coisa que possa ter acontecido no passado —, mas fica entre nós... quem rejeitaria um pedaço de mau caminho como aquele grego?
Perdi o ônibus que disse que conseguiria pegar. Logo deve surgir algum, mas não estou com paciência de ficar sentado no banco de metal do pontinho, então entro na cafeteria mais próxima e me sento perto da vitrine. Minhas costas (e bunda) doem, ainda estou cansado... mesmo que o peito de Pietro tenha sido um travesseiro excelente essa noite...
Balanço a minha cabeça. O que eu estou pensando? Na real, sei muito bem o que eu estou pensando. Tem nome e sobrenome e está ocupando todos os meus pensamentos desde que sai aos passos e tropeços de um prédio de alto padrão na Avenida Paulista. Eu sou assim? Emocionado? Finjo que não?
Meu histórico amoroso não é longo e o mais recente, Gustavo, se mostrou um verdadeiro otário. É, acho que tenho dedo podre para macho. Seu eu curtisse o sexo oposto, será que teria mais sorte? Homem sempre foi um troço mais complicado...
— Oi, tudo bem? Já vai querer pedir?
Olho para o rapaz que encosta na mesa ao meu lado, tem um broche no peito que diz "Em treinamento". Sorrio em sua direção e balanço a cabeça concordando, ele me entrega o cardápio, ignoro o saldo no aplicativo roxinho do banco no celular e peço por um mocaccino e uns cookies que vêm de acompanhamento. Meu pedido não demora para aparecer.
Da vitrine consigo olhar o prédio de Pietro. Nessa aventura toda já dei uma de You em cima dele e com essa visão, a ideia surge na minha cabeça de novo e esqueço de engolir quando vejo um modelo de carro conhecido, um Mercedes branco, entrando no estacionamento do prédio.
Balanço a minha cabeça. É um modelo comum em São Paulo. Chega de nóias na minha cabeça, acho que já deu por hoje. Acelero com o meu pedido e dou o último gole no café. Pago e saio da cafeteria no mesmo momento em que o ônibus da minha linha encosta no ponto.
Sem nenhuma surpresa, me espremo no meio das pessoas que já estão em pé dentro do veículo e conto os minutos até chegar em casa.
* * *
Pietro Scafidi
José tem ignorado as minhas mensagens tem, exatos, doze dias. Nesse meio tempo outras coisas andaram rolando na minha vida: como o consórcio de um novo empreendimento na Zona Norte e alguns pedidos de orçamentos para prefeituras do ABC Paulista.
Acho que me precipitei quando achei que precisaria da ajuda de Roberto Figueiredo para dar uma subida nos cofres da Scafidi S/A. A maré de sorte, finalmente, está vindo a meu favor.
Para os meus irmãos também, aparentemente, já que depois de tantos adiamentos e datas, Elia reformulou a coleção de estreia da Pavanotto Boutique e espera a minha presença esse final de semana em Milão. Não há novas notícias de Deanna Pratt em lugar algum, não sei lidar com isso de uma forma de "devo me preocupar ou ficar feliz?". Maxence está voltando ao normal, mas ainda fica quieto do nada por conta do que rolou recentemente. De resto, tudo indo bem — Augusto e Sean estão mais fortes que um touro, assim como Caity, que já brincou dizendo que poderia "levar outro tiro já".
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PIETRO - Os Irmãos Scafidi #6 | EM ANDAMENTO
RomanceSinopse no primeiro capítulo para evitar spoiler. Boa leitura! xo