Capítulo Cinco

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"Eu não posso respirar mais rápido
Todo o ar que eu quero capturar
É pesado e dói minha cabeça
Se você me achasse, você me salvaria?
Se você me tocasse, isso me quebraria?"
RESCUE MY HEART | Liz Longley

Maxence DuVereay

O cronômetro na minha frente é um lembrete de que cada segundo que passa é a possibilidade mais próxima de qualquer que seja a coisa que farão comigo. Tenho quase certeza que se não vierem há tempo, estarei morto.

Maldita Deanna Pratt!

Respiro fundo, sentindo dor na minha cara e em partes do meu corpo depois de uma luta com os guardas, antes de apagar e acordar amarrado nesse lugar. Engulo a saliva com gosto de ferrugem e olho para cada um dos seis seguranças no lugar — é uma armadilha, só pode ser.

Volto a olhar para o cronômetro na minha frente, ele é digital, mostra até os milésimos. Respiro fundo, a câmera ao lado tem uma pequena luz vermelha, eles estão gravando (ou transmitindo). Tento me mexer na cadeira de ferro, mas meus pulsos e tornozelos estão bem apertados pelas cintas de couro.

Meu peito dói, assim como meu abdômen.

Inferno, inferno!

Fecho meus olhos por um segundo, abro quando ouço um dos seguranças se aproximar. Fico tenso na cadeira vendo ele com uma folha sulfite na mão. Para ao lado da câmera e ergue o papel. Uma instrução.

Encaro a câmera e digo:

— Eles estão dando a primeira dica... — volto a ler o papel, para não errar nenhuma palavra. — "De todos os lugares conhecidos, talvez esse seja onde os Scafidi triunfaram sobre o próprio sangue".

O segurança abaixa o papel e volta para o lugar, afastando-se novamente. O cronômetro continua rodando...

21 horas. 34 minutos. 07 segundos.

* * *

Pietro Scafidi

O voo demora mais do que a minha paciência suporta. O jatinho sai do aeroporto quase duas horas desde que vi o vídeo de Maxence.

Meu maxilar está tenso quando estamos já sobrevoando, o jatinho é veloz, um dos melhores da categoria, um Phenom 300, fazendo até 960 km/h, nessa média, devemos chegar em Santorini em umas 9 ou 10 horas. O que já é muito tempo.

A comissária de bordo me traz um copo de uísque como pedi enquanto reclino a poltrona. Meu celular toca algumas vezes, deve ser Roberto querendo saber como foi a ida ao cinema com a irmã. E, para ser sincero, estou pouco me fodendo para esse assunto agora. Posso resolver isso mais tarde.

Um problema de cada vez, como dizia minha mãe.

Depois que o celular para de tocar, pego e ignoro as mensagens de Roberto, indo direto para o grupo dos meus irmãos. Vejo a mensagem fixada.

"De todos os lugares conhecidos, talvez esse seja onde os Scafidi triunfaram sobre o próprio sangue."

Pode significar tanto e tão pouco. Pode ser antes de qualquer um de nós ter nascido, como devemos adivinhar com uma frase que mais confunde do que esclarece.

Olho a sugestão de Maxim: "Só pode ser em Nápoles, quando vovô mexeu com os italianos", uma história antiga, quando a máfia italiana tinha se dividido e vovô foi roubar a fortuna de uma que estava mais fraca. Ele perdeu o cunhado, não era bem sangue próprio Scafidi, então ignoro a sugestão do meu irmão mais novo.

PIETRO - Os Irmãos Scafidi #6 | EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora