Quarto Crescente XV

61 9 2
                                    

No mês que se seguiu depois que Liam levou aquele tiro, não aconteceu quase nada de interessante, ele ficou uma parte do tempo ainda no hospital, e depois foi liberado para ir para casa, mas ainda ficou um tempo de cama para se recuperar. A coisa mais legal que aconteceu naquele período foi o nascimento dos filhotes da Sasha, a Golden Retriever da fazenda. Aquele dia foi uma correria e uma gritaria, até parecia que era um humano tendo um bebê ali, sendo que foi a Sasha que fez sozinha o trabalho de dar à luz a seis filhotinhos extremamente adoráveis. Liam ficou tão animado que desceu para ver o parto e depois ficou reclamando de dor nos ferimentos que ainda estavam cicatrizando, mas disse que valeu a pena. Desse dia em diante, era ainda mais divertido ir trabalhar sabendo que eu poderia passar algum tempo admirando os filhotinhos e brincando com eles, Sasha era muito boazinha em dividir os pequenos dela com a gente.

Depois de um mês, Liam já estava recuperado e conseguiu voltar para a universidade para a primeira semana de aulas do novo semestre. Monica também voltou para a escola e por causa disso a fazenda ficou bastante silenciosa boa parte do dia, o que era estranho. A maior parte do tempo eu me pegava conversando com os cavalos, ou com a Sasha, e às vezes com o Tobias, mas ele não era um cara que conversava muito, parecia que os animais me davam mais atenção do que ele. Era meio solitário, eu não podia negar, ainda mais porque tinha me acostumado com a presença deles, mas o que eu podia fazer, né? Eu estava lá para trabalhar.

Na sexta-feira da primeira semana de aulas do Liam, eu estava ajudando o Tobias a cuidar da horta quando vi o Liam correr em minha direção e se apoiar no cercado de madeira, sorridente. Levantei e coloquei as mãos na cintura, chocada.

— Ei, você não pode estar correndo desse jeito, lembra? — briguei com ele.

— Ah, eu já estou melhor — ele sorriu — Prometo.

Tobias deu uma risadinha enquanto colhia algumas cenouras e depois se afastou de um jeito nada discreto, para nos dar privacidade. Àquela altura eu acreditava que todos os funcionários da fazenda já sabiam ou pelo menos imaginavam que havia algo rolando entre nós dois, até porque né, o garoto levou um tiro para me proteger.

— E por que está tão animado? — perguntei e joguei um nabo no colo dele, que pegou meio atrapalhado.

— Você se lembra do pedido que te fiz quando ainda estava no hospital?

Ah, eu lembrava perfeitamente, tanto que senti meu coração vacilar no peito assim que ele mencionou aquilo. Confesso que eu pensava sobre isso mais seguido do que queria e mal podia esperar pelo dia em que o assunto viria à tona novamente, mas não imaginava que fosse ser tão cedo, afinal ele ainda estava se recuperando.

— Sobre o encontro? — tentei me fazer de desentendida.

— Isso mesmo — ele sorriu — Você ainda quer ir a um encontro comigo?

Assenti um pouco sem jeito, estava me esforçando bastante para não dar na cara o quanto eu queria ir àquele encontro, eu precisava me fazer um pouquinho de difícil senão ele ia achar que eu estava desesperada – o que meio que era verdade, mas enfim segredo nosso.

— Pode ser amanhã as sete? — ele perguntou — Eu te pego na sua casa.

— Claro, obrigada — assenti de novo — O que vamos fazer?

— Ah, isso é surpresa.

— Mas eu preciso saber o que vestir...

— Não se preocupe que eu não vou te levar a um restaurante chique nem nada do tipo — ele riu — Só se vista como sempre que está bom.

Olhei para a roupa que eu vestia no momento, uma camisa xadrez e uma calça jeans, ambas sujas de terra, depois olhei de volta para ele.

— Quer dizer que tudo bem eu aparecer assim? — o provoquei.

As quatro fases da LuanaOnde histórias criam vida. Descubra agora