Lua Cheia II

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Depois que contei ao Liam que tinha decidido ir ver o meu pai, ele avisou aos pais dele sobre a nossa viagem e marcamos ela para o final de semana. Ele quis pagar a minha passagem aérea, mas eu não deixei, então para que ele não ficasse chateado comigo, deixei que pagasse a pousada na qual alugamos um quarto. Não preciso nem dizer que passei a semana inteirinha pensando nessa viagem e no meu pai, tive dificuldade para dormir e me focar no trabalho, Tobias gritou comigo pelo menos umas cinco vezes — por dia. Quando acordei bem cedo no sábado pela manhã, minha cabeça girava e meu peito doía, nunca antes estive tão nervosa para fazer algo na minha vida, até mesmo o dia no qual fugi de Lourinhos com a Mirella não se comparava ao nervosismo de reencontrar o meu pai no estado em que estava e ficar frente a frente com a família que nunca conheci.

Proença nos levou de carro até o aeroporto da cidade e ficou agarrada no meu braço até eu precisar embarcar. Ela morria de medo de avião e me fez milhares de recomendações, mas o avião era o menor dos meus medos naquele dia. Sentamos lado a lado e Liam começou a contar sobre as outras viagens que havia feito, para me distrair. A viagem até Santa Catarina era um pulo, segundo ele que já tinha ido para o outro lado do mundo diversas vezes.

— Depois que você vai para a Coreia do Sul, você vai para qualquer lugar — ele riu — É sério, parece que a viagem é eterna.

Segurei a mão dele quando o avião levantou voo e dei graças a Deus por não estar indo para uma viagem eterna. De repente, eu entendia bem todos os medos da Proença... lembra o que eu disse sobre a viagem ser o menor dos meus medos? Esquece.

Coloquei os fones de ouvido e tentei me distrair com a música, mas vira e mexe eu lembrava que estava acima das nuvens e que se esse avião caísse eu ia virar pastel. Liam, ao contrário de mim, já tinha pegado no sono e estava dormindo profundamente ao meu lado... pelo visto era isso que acontecia quando você viajava para a Coreia do Sul, nenhum medo de avião lhe restava. Liam dormiu a viagem inteira, aliás, só acordou para comer. Se eu fosse contar com ele para sentir menos medo...

Chegamos por volta das dez da manhã em Florianópolis e pegamos um táxi para Praia do Amanhecer, que era bem próxima. Lá, fomos direto para a pousada na qual Liam havia alugado um quarto, ela ficava estrategicamente perto da loja de materiais de construção dos meus avós, que ele havia descoberto o nome enquanto fuxicava nas redes sociais dos membros da minha família. A ideia dele era que fôssemos até lá para pedir o endereço da casa dos meus avós e assim ver o meu pai. Eu tinha plena noção de que aquilo era uma loucura, mas era o único jeito.

— Ah desculpe, eles só tinham um quarto vago — Liam falou assim que entramos no quarto para largar nossas mochilas.

— E? — perguntei confusa.

Ele apontou sem jeito para a cama de casal, parecia que estava com vergonha do fato de que teríamos que dormir juntos ali, mas aquela não seria a terceira vez que faríamos isso?

— Acho que já dormirmos na mesma cama o suficiente para você ficar envergonhado desse jeito...

— É diferente agora — ele falou — Agora nós estamos juntos.

— Não me leve a mal Liam — revidei — Se fosse em qualquer outro momento, pode ser que eu ia querer mesmo te agarrar no meio da noite, mas agora estou preocupada demais com o meu pai para sequer pensar nisso, portanto pode ficar sossegado, sua virgindade ficará intacta.

Dei uma risadinha e ele atirou uma almofada em mim, e depois ficou resmungando algumas coisas que eu não entendi. O bom dessas briguinhas que a gente tinha era que elas me deixavam mais relaxada, então quando eu tomei um banho e troquei de roupa para ir supostamente dar de cara com a minha família, eu já não estava mais tão apavorada.

As quatro fases da LuanaOnde histórias criam vida. Descubra agora