Quarto Crescente VII

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Não percebi que tinha pegado no sono, até que senti o colchão se mexer demais e me virei em tempo de perceber que Liam se debatia enquanto dormia. A princípio achei que ele estava tendo um pesadelo, mas logo percebi que ele tremia e suava, então coloquei a mão em sua testa e achei sua temperatura quente demais. Levantei em um salto e corri o mais rápido possível para dentro da casa, bati tantas vezes na porta do quarto da Proença que a coitada deve ter achado que alguém estava morrendo. Disse a ela que achava que o Liam estava com febre, ela pediu que eu me acalmasse e com toda a paciência que sempre tinha, pegou um termômetro e me acompanhou até o trailer. Quando chegamos, Liam continuava tremendo e suando, então Proença tentou o acordar da forma mais delicada que conseguiu. Em momentos como esse, eu me perguntava por que ela tinha decidido não ter filhos, ela era do tipo que seria uma mãe excelente.

Assim que Liam acordou um tanto confuso, Proença o explicou o que estava acontecendo, para então medir sua temperatura. O termômetro marcou 38,5º, era uma temperatura alta, que me deixou ainda mais nervosa. Ela me explicou que tinha um remédio para baixar a temperatura dele, mas que também seria bom que fizéssemos compressas frias em sua testa, assim como deixa-lo o mais descoberto possível. Coloquei o cobertor para longe e fui preparar uma bacia de água gelada, enquanto Proença se encarregou de fazê-lo tomar o remédio. Eu nunca havia lidado com uma situação como essa antes, tampouco era do tipo que me preocupava com as pessoas, mas ali estava eu morrendo de nervosismo por causa daquele garoto.

Comecei a umedecer sua testa com a água fria, Liam não estava exatamente consciente ali, parecia que estava sonhando o tempo todo, um sonho ruim. Proença avisou que era assim mesmo e que logo sua temperatura ia começar a baixar. Me pediu para medir novamente em uma hora e caso não baixasse, era para eu ir acordá-la de novo. Ficamos ali sozinhos depois disso, eu responsável por ele e rezando para que tudo aquilo acabasse logo.

Uma hora mais tarde, quase morri de alivio quando percebi que a temperatura dele havia baixado um pouco, e ele já não parecia estar sofrendo mais tanto. Continuei fazendo as compressas de água fria em sua testa, por mais que estivéssemos no meio da madrugada eu estava tão nervosa com a situação que nem conseguiria dormir direito de qualquer forma. Enquanto as horas passavam, a temperatura dele ia normalizando e o vento e a chuva iam diminuindo do lado de fora também. Em certo ponto, eu acabei pegando no sono ali mesmo, sentada em frente a ele no colchão, e só percebi quando acordei morrendo de dor nas costas.

Assim que abri os olhos, o trailer já estava iluminado por uma fraca luz do sol entre nuvens do lado de fora e Liam me encarava com os olhos abertos. Me espreguicei confusa e tentei entender o que tinha acontecido.

— Você acordou faz tempo? — perguntei enquanto tocava no meu pescoço dolorido.

— Não, acordei agora a pouco — ele respondeu e parecia bem, embora estivesse com o nariz entupido.

— Como se sente?

— Parece que todo o catarro do mundo está no meu rosto — ele riu — O que aconteceu exatamente? Por que você estava dormindo desse jeito?

— Você teve febre, estava alta então eu tive que ficar medindo... é sério, você quase me matou de susto, da próxima vez que ficar andando na chuva desse jeito eu te dou um soco, entendeu?

Liam riu de novo, aquele sorriso que deixava suas covinhas à mostra, e eu não entendi o que tinha de tão engraçado em ficar doente por ser imprudente, ele só podia ser maluco.

— Então você ficou preocupada comigo.

— Claro, se você morresse os seus pais iam colocar a culpa em mim — dei de ombros — E eu bem sei que as pessoas ricas sempre conseguem tudo.

As quatro fases da LuanaOnde histórias criam vida. Descubra agora