Thursday

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Quintas-feiras são maravilhosas. Não tão boas quanto sextas-feiras, mas são um indício de que a semana está chegando ao fim. E especialmente aquela quinta-feira, chegava a ser mágica.

Ser chefe de um dos departamentos mais importantes da empresa podia ser exaustivo e estressante, mas tinha seus privilégios. Um dia inteiro de folga significava um mundo inteiro de possibilidades para aproveitar seu tempo. Então, sem pensar duas vezes, dirigiu rumo ao oeste do centro de San Diego para convidar a fotógrafa para um jantar. Dessa vez, em seu restaurante favorito.

A grande e luxuosa fachada vidro do estúdio era algo que chamava a atenção.

Certo, aquilo era compatível com a condição financeira de Edwards, assim como o Porsche vermelho em sua garagem. Apesar de Perrie não ser uma representação de São Francisco de Assis — que renunciou sua riqueza em busca de um bem maior —, não costumava esbanjar ou vangloriar-se do dinheiro que possuía. Ela não negava pertencer à uma família influente, mas definitivamente não se importava.

Com as duas portas abertas, Jade foi recebida por uma jovem na recepção.

— Bom dia! — lançou-lhe um belo sorriso.

— Bom dia! A Perrie está?

— Você tem hora marcada?

— Oh, não. Não sou cliente — sorriu. — Vim apenas fazer uma visita.

— Claro. — assentiu. — A senhorita Edwards está ocupada no momento. Mas você pode aguardar em nossa sala de espera.

Jade consultou o relógio em seu pulso, considerando voltar em outra hora. Mas já que estava ali, decidiu esperar. Afinal, sua quinta-feira estava livre e ela agradeceu por isso.

Ao sentar em uma das poltronas, viu quando uma mulher adentrou no local com certa pressa. Ela se apoiou no balcão da recepção, jogando a bolsa no chão:

— Cheguei! — seu tom era alto e ofegante. — Viu só? Eu disse que chegava em meia-hora!

Ela sorriu orgulhosa de si mesma. Seu sorriso era encantador e único, assim como sua beleza.

— Ela vai te matar, espero que saiba disso — a recepcionista alertou.

— E por quê? O estúdio está vazio... — notou a presença de Jade e se aproximou: — Ah, nem vem! Você está adiantada, a culpa não é minha.

— Acho que não sou a pessoa que você pensa que sou — riu do desespero da mulher. — Estou apenas esperando por Perrie.

— Oh, graças a Deus! — colocou a mão no próprio peito, aliviada. — Estou duas horas atrasada e a general Edwards quer a minha cabeça.

— E por quê? O estúdio está vazio — piscou.

A mulher abriu um sorriso alegre em resposta.

— Você deve ser a Jesy, certo? Ela fala muito de você — estendeu a mão. — Sou Jade Thirlwall.

— Espere, você é "A Jade"? — uniu as sobrancelhas; a decoradora assentiu. — Uau, bem que ela disse que você era linda.

— Obrigada — respondeu envergonhada.

— E o que está fazendo aqui embaixo? Ela não tem cliente pelos próximos dez minutos!

— Jesy, a Perrie está...

— Shhh! Quieta, Julie! — exclamou para a recepcionista. — Se eu chegar com Jade, Perrie pode até esquecer que estou atrasada.

Nelson olhou para Thirlwall como se fosse um trunfo, uma carta na manga. E, com duas horas de atraso, a maquiadora não tinha vergonha de admitir que usaria a decoradora como escudo.

Após ter sua mão puxada pela mulher, Jade fez seu caminho pelos degraus perfeitamente confeccionados em mármore branco piguês, sentindo um pequeno frio na barriga.

Era ridículo o modo em que a loira a deixava; o modo em que fazia suas pernas tremerem e seu estômago virar de nervosismo só de olhar o par da imensidão azul que eram seus olhos.

Ela não se dizia apaixonada, mas não se recordava a última vez em que se sentiu assim. Não procurava algo minimamente concreto com alguém desde Gracie, sua ex-namorada. Apesar de não ter nada sério com Perrie, não era como as noites que tinha com desconhecidos; diferente deles, ela não ia embora no dia seguinte.

— Assim que eu abrir a porta, você corre para os braços dela. Não espere um segundo sequer, ou ouvirá palavras nada agradáveis saindo daquela boca.

Mas não foi preciso que Jesy abrisse a porta para Jade colocar os olhos em Perrie. Ao subir o último degrau, teve uma vista privilegiada da sala, através da imensa estrutura de vidro. Ela não estava sozinha. Não. Estava perfeitamente acompanhada de um homem um pouco mais alto que ela, sua cintura era envolvida pelas firmes mãos, e seus lábios, selados.

A partir daí, tudo parecia acontecer em câmera lenta. As pernas de Thirlwall pareciam vacilar e, durante o milésimo de segundo que durou a cena, ela sentiu o impacto avassalador da surpresa, incredulidade, decepcão e tristeza. Quando os rostos se afastaram, a loira notou sua presença. E então, o chão sob seus pés pareciam se abrir: olhar para seus olhos, naquele momento, era como ser atingida por um projétil.

Através da porta de vidro, Jade viu Perrie se desvencilhar dos braços do homem e correr em sua direção.

— Jade... — tentou aproximar-se, mas a decoradora deu um passo para trás.

— Desculpe — sua voz vacilou. — Eu já estou de saída.

Thirlwall saiu tão depressa, que nem ao menos permitiu que a loira a segurasse. Se antes suas pernas pareciam vacilar a qualquer momento, agora tornaram-se reféns da imensa onda de adrenalina que invadiu seu corpo, descendo os degraus como um furacão. Ela ainda ouviu as súplicas de Perrie para que a escutasse, mas estava determinada a não olhar para trás.

Nunca mais.


—·᳝∴̣࣭🌻·᳝∴̣࣭—

📌 Olá!! Olha eu aqui outra vez! Quero agradecer à minha amiga Andressa, que me ajudou com esse capítulo e o próximo (sim, já está pronto rsrs). Não me matem, eu prometo que vou compensar mais tarde, tá?

OBS.: Já falei o quanto eu amo os comentários de vocês? Fico rindo igual besta hahahahahaha

📌 Votem e comentem o que acharam!

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