First Day

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O primeiro dia em um lugar desconhecido é sempre o mais difícil. Já havia anoitecido quando Jade resolveu entrar depois de passar a tarde deitada em uma das redes no jardim. A mulher estava aborrecida pois mesmo com tantas pessoas na casa, ainda era como se estivesse sozinha.

Ela bufou. Já estava arrependida de ter aceitado a proposta de emprego.

Jade desceu novamente as escadas pensando em dar uma volta pelo jardim e ligar para alguém, quando pôs os olhos em uma loira que observava atentamente o papel em suas mãos. O cabelo jogado para o lado contornava seu rosto e as pontas levemente cacheadas caíam suavemente em seu colo. Perrie estava sentada em uma das poltronas ao fundo da grande sala de estar, próxima à lareira que naquele dia de sol, estava apagada. Com as pernas dobradas e apoiada em um dos braços, sua atenção estava focada inteiramente no que lia. A decoradora decidiu não interromper, mas sua presença foi rapidamente percebida pela fotógrafa, que subiu os longos cilhos em sua direção e abriu um sorriso imediatamente.

— Jade! — fez um pequeno aceno convidando a mulher para se aproximar. — Se divertindo?

— Não é exatamente essa a palavra — riu.

— Ouvi dizer que o jantar está quase pronto, até me ofereci para ajudar mas fui praticamente expulsa da cozinha.

Jade riu e sentou-se na poltrona ao lado.

— Se importa se eu ficar? Não conheço ninguém por aqui.

— Óbvio que não! Fique comigo, eu lhe faço companhia — sorriu. — Mike me deu um mapa da propriedade junto com uma planta da casa porque, aparentemente, fotógrafos precisam dessas coisas para planejar ensaios.

As duas riram em sincronia.

— Bom, acho que não pode julgá-lo por não tentar.

— Mike é um cara legal, mas acho que nosso guia esqueceu de mencionar isso — apontou para a parte azul no papel.

— Um lago? — Jade inclinou-se para ter uma visão melhor do desenho.

— Um lago! Quero conhecer, pode servir de uma vista linda para o ensaio do casamento — Perrie transferiu sua atenção para a outra mulher, surpreendendo-se com tamanha aproximação: — E também porque adoro lagos.

Jade esboçou um sorriso:

— Quando era criança, briguei feio com meu irmão e meus pais nos colocaram em um barco no meio de um lago para voltarmos sozinhos. Nunca havia remado na vida! Logicamente tivemos que trabalhar em equipe e trocar algumas palavras se quiséssemos voltar para casa.

— Uau, isso foi inteligente — Perrie comentou rindo.

— E devo dizer que funcionou! Quando chegamos em terra firme, nos abraçamos e era como se não tivéssemos brigado.

A loira balançou a cabeça.

— Mamãe nos jogaria água gelada de mangueira — ela riu ao lembrar-se de uma história engraçada de infância que envolvia água gelada. Até mesmo pousou uma das mãos no antebraço de Jade para iniciar o conto, porém a mulher foi mais rápida:

— Mas, Perrie, não pense que... — foi interrompida pelo toque do celular em seu bolso. — Oh, espere, tenho que atender isso. Tenho certeza que é minha garota querendo matar a saudade.

Ela buscou o aparelho e sorriu ao constatar que estava certa; a loira observava seus movimentos.

— Achei que fosse solteira — Perrie uniu as sobrancelhas confusa. Envergonhada, tirou sutilmente a mão que estava sobre a mulher.

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