Theories

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— Através do vinho eu escrevo, através do vinho eu envio — Perrie repetia a última frase num murmúrio.

As quatro cartas estavam abertas em sua frente, agora todas lidas. A loira havia passado o última meia-hora lendo e apreciando as belas palavras de Thirlwall, não acreditando que as encontrou. A última carta deixava claro que a pessoa a escreveu com o intuito prévio de jogá-la no mar, ao menos Perrie assim entendeu.

A fotógrafa ouviu quando a fechadura da porta principal fez barulho, já imaginando quem seria. Jesy tinha uma cópia da chave e tinha a permissão para entrar quando quisesse, já que a amizade das duas havia alcançado esse limite de intimidade e confiança. Ao entrar, a ruiva apenas retirou seu sobretudo e o pendurou perto da porta, seguindo caminho até Perrie, que estava sentada no chão da sala ao lado de Hatchi. Ela sorriu com sua presença.

— Está realmente frio lá fora, nunca entenderei essa cidade! — exclamou enquanto dava a devida atenção ao pequeno cachorro que pulava em seus braços. — Hmm, essas são as cartas?

— Sim, terminei ainda agora.

— Então vamos às teorias! — disse animada.

A loira balançou a cabeça.

— Jesy, por que está tão obcecada em tentar provar que Jade tem alguma ligação com isso?

— Honestamente, Pezz, o que pensa em fazer com essas cartas?

— Guardá-las, talvez.

— Guardar meia dúzia de papéis antigos que você ao menos sabe a procedência?

— Então jogarei fora — deu os ombros.

— Jogar fora a história de alguém? Não seria mais lógico encontrar o dono e devolver?

— Eu não sei quem é a droga desse dono! E honestamente nem sei se existe um — suspirou. — Tudo bem, o que acha disso: Thirlwall é apenas um escritor, como William Shakespeare. A primeira carta que lemos é apenas um poema comum da época.

— Isso não faz sentido, o nome "Janice" é citado em outra carta também.

— Talvez o poema tenha sido escolhido justamente pelo nome citado! Thirlwall nem ao menos é o autor das outras.

— Você tem um ponto, tudo bem. Mas isso não prova que Jade não está envolvida nisso.

— O sobrenome também não prova que está.

— Ei, não tente virar o jogo! — a ruiva riu.

— Certo, uma das cartas diz que o vinho de 1919 está sendo aberto em 1943, faça as contas e Jade terá no mínimo uns 90 anos!

— Isso meio que desqualifica seu primeiro argumento de que Thirlwall seja apenas um escritor — ao contrário de Perrie, Jesy rebatia com o semblante sereno e calmo. Tão calmo, que irritava a loira.

— Mas eu só estou tentando provar pontos aqui! — gemeu implorando. — Jess, eu não vou atrás daquela mulher. Você pode perguntá-la se quiser, mas eu não quero fazer esse papel.

A ruiva apenas desenhou um sorriso pretensioso em seu rosto, mostrando pouco dos dentes.

— Então você passou as últimas horas apenas lendo esse bando de cartas e imaginando várias teorias?

Perrie balançou a cabeça positivamente.

— Ótimo! — exclamou tentando conter o grande sorriso que queria mostrar. — Significa que não ficou a última meia‐hora pensando ou chorando pelo falecido.

O semblante antes confuso tornou-se em surpreso:

— Oh, esse é um joguinho perigoso! — advertiu rindo e finalmente admitindo que a amiga tinha razão.

— Mas então... — encostou a cabeça no sofá atrás de si. — O que acha que aconteceu?

— Acho que os dois eram amantes — a fotógrafa respondeu simplesmente.

— Amantes? — indagou com uma careta, descrente. — Eu apostaria em um amor proibido como Romeu e Julieta. As famílias não se entendiam ou algo assim, talvez por uma diferença social ou cultural...

— É, talvez — encostou a cabeça no sofá. De repente sua expressão tornou-se melancólica.

— Ei, o que houve? — questionou preocupada.

— Henry mandou a assistente vir buscar alguns pertences que ficaram aqui — suspirou. — Acho que agora é oficial, né?

— É sim, meu amor.

Jesy colocou uma mecha loira atrás da orelha da amiga e em seguida aproximou-se para depositar um beijo em sua cabeça.

— Quer almoçar comigo? Podemos ir de moto, eu te levo. Tenho certeza que o vento batendo contra o seu corpo vai te fazer sentir melhor.

Perrie balançou a cabeça prontamente. Queria fazer tudo além de ficar sentada naquele sofá, pois sabia que só a deixaria pior. Após procurar por um casaco, as duas saíram porta à fora em busca de um programa que não envolvesse uma ligação sequer com o ex-noivo.

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