Me Too

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Ao passo que o carro acelerava, a vista do incrível imóvel avaliado em vinte milhões de dólares, era revelada. Combinando-se perfeitamente com as colinas onduladas da paisagem de Del Mar, a casa mesclava mogno, sequoia quente e piso de ardósia natural na parte externa, seguida por acabamentos modernos em tons claros e suaves na parte interna. Jade precisou fazer um esforço a mais para não demonstrar o real fascínio em seu rosto — não queria mostrar-se tão embevecida em sua primeira visita.

E era justamente a mão de Perrie que era estendida em sua direção: — Venha, é por aqui — disse com um sorriso.

Ao subir as escadas, a loira parou de frente para a primeira porta e girou a maçaneta dourada. Jade entrou logo depois, encantada com cada detalhe do confortável cômodo.

Três paredes eram preenchidas por estantes de livros, que contornavam as enormes janelas. Uma delas era acompanhada de um assento e algumas almofadas, abrindo espaço para uma agradável leitura de frente para a vista das águas azuis de Del Mar.

Ela virou-se para a mulher que vasculhava uma das gavetas de sua mesa:

— Você realmente leu todos esses livros? — questionou desconfiada; a fotógrafa assentiu. — Aposto que comprou lotes fechados apenas para decorar as estantes.

Perrie gargalhou em resposta.

— Pez, isso é literalmente algo que você faria — continuou. — Porque você faz parte do time Netflix.

E era verdade. Por esse motivo Edwards havia construído um mini cinema em um dos cômodos da casa, apesar de nunca usá-lo sozinha.

— Não tenho paciência para escolher filmes pela sinopse. Quando Jesy ou outros amigos vêm aqui em casa, eles sempre ficam responsáveis por procurar o filme, e eu, por fazer a pipoca.

— Isso é perfeito, então. Sou ótima para escolher filmes, mas sempre queimo a pipoca.

Jade caminhou ao longo dos livros, trilhando a mão pelas lombadas: Charles Dickens, Jane Austen, Agatha Christie e algumas obras de Nathaniel Hawthorne.

— Ah, aqui está! — a loira ergueu o conhecido envelope.

A decoradora girou as canelas para tomá-lo em mãos. Poderia finalmente mostrar as cartas à Norma.

— Sei que já disse isso antes, mas se precisar de ajuda para contar à sua mãe, saiba que estou aqui.

— Ontem tive uma conversa com ela via Skype. Creio que não será tão difícil como achei que seria — respondeu. — Mas quero que você me acompanhe, mesmo assim.

Thirlwall assistiu Edwards abrir um sorriso encantador e aproximar-se o suficiente para alcançar sua cintura.

Mas Perrie logo apertou os lábios e de repente recolheu o sorriso:

— Preciso lhe contar uma coisa.

—  O que?

— Naquela noite do restaurante — tirou delicadamente as mãos da cintura. — A ligação era de uma cliente.

— Cliente?

— Julie me indicou para a prima da melhor amiga, Elora Morris.

Jade uniu as sobrancelhas. Ela sabia que conhecia aquele nome, bastava vasculhar em sua mente.

— Ela procurou o estúdio para um ensaio de casamento.

— E ligou tarde da noite apenas para isso?

— Acho que é o fuso-horário — coçou a nuca. — Ela ainda estava morando na Nova Zelândia com a noiva.

Ah, óbvio. Agora era óbvio.

Uma súbita assimilação estalou em sua mente como um lampejo: Não conhecia Elora; conhecia a noiva.

— Gracie Lavoie — Thirlwall completou.

Ao testemunhar a confirmação nos olhos de Perrie, suspirou pesadamente:

— Por que escondeu isso de mim?

— Fiquei com medo de que isso pudesse lhe magoar.

— E por que magoaria?

— Não sei. E não quis contar porque estávamos em um jantar, não achei apropriado falar disso em uma noite como aquela.

— Por que não seria apropriado? Falamos sobre ex-namorados o tempo todo!

— É diferente.

— Não é diferente! Minha relação com Gracie é passado e deixou de ser um assunto delicado há muito tempo.

— O que faria se Henry aparecesse em uma reunião da We Do acompanhado da mulher com quem me traiu?

— Aumentaria o valor dos pacotes — respondeu com naturalidade, como se fosse óbvio.

— Jade...

A decoradora suspirou:

— Certo. Há quase dois anos, terminei com Gracie para que ela fosse feliz com quem quisesse. Eu realmente agradeço a preocupação, mas não tem do que me proteger.

— Tudo bem, me desculpe.

— Não estou chateada — desenhou um pequeno sorriso apaziguador em seu rosto. — Apenas não quero que pense que eu estou presa ao meu passado com Gracie.

— Não penso.

— Ótimo, porque o meu presente está bem aqui e é bem mais interessante.

Jade passou as mãos pelo pescoço de Perrie, permitindo se perder no universo azul que eram seus olhos. E no sorriso que veio logo depois. O sorriso resplandecente e contagiante que era acompanhado de graciosas covinhas.

Thirlwall admirava o fato de Perrie não pressioná-la a corresponder. Não que isso fosse digno de título de honra ou coisa parecida, mas desde a reconciliação no estúdio, sentia-se confortável para responder quando estivesse pronta.

Aliás, sentia-se confortável de todas as formas em relação à fotógrafa. Era frustrante — costumava ter cautela em tudo na vida, mas a presença de Perrie era avassaladora. A urgência que sentia em simplesmente tê-la por perto era desmedida. Era como uma música boa para os ouvidos; como chocolate quente no inverno.

Ela uniu as testas, sentindo o aroma do inebriante perfume da loira mesclar com o hálito fresco de menta. Assim como havia dito à Leigh-Anne, ela sabia que existiam muitas coisas entre o tesão e a paixão...

— Eu também — Amelia sussurrou.

...E agora tinha certeza que sentia todas elas.

Perrie levantou a cabeça no mesmo instante e, ao analisar a expressão da decoradora, desenhou um sorriso ainda maior em seu rosto. Edwards havia entendido.

— Prometa que nunca deixará de ser a mulher que me acordou às seis horas da manhã para andar de barco.

As testas foram coladas novamente:

— Eu prometo.



—·᳝∴̣࣭🌻·᳝∴̣࣭—

📌 Ainda lembram dessa fanfic? kkkkk

Gente, esse foi curtinho porque eu precisava vir com um triste aviso: Esse foi o penúltimo capítulo :(

Prometo voltar com um beeeem caprichado pra despedida, ? E não vai demorar! (é sério dessa vez).

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