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Os Thirlwall tinham o costume de reunirem-se todos os domingos para um almoço em família e uma partida de poker amigável. Norma e James, pais de Jade, os recebiam toda semana como uma espécie de ritual. Entretanto, por morar do outro lado do país, a decoradora não tinha condições de encontrá-los toda semana, mas se comprometia em viajar para a Carolina do Norte pelo menos uma vez no mês e passava o fim de semana inteiro com os familiares.

A mulher sempre foi próxima da família e nem mesmo a distância do seu trabalho era capaz de afastá-la de suas raízes. Jade nascera em Fayetteville, uma cidade aconchegante ao sul da Carolina do Norte, e por mais que amasse o estilo californiano de San Diego, aquela sempre seria sua casa.

Jade estava sentada na mesa e rodeada de familiares. Eles compartilhavam histórias antigas e novidades com muitas risadas e intimidade típica dos Thirlwall. James, seu pai, contava uma história divertida de quando a pequena ficara nervosa às vésperas de uma apresentação escolar e perdeu os sapatos na privada ao dar descarga, tendo como única alternativa uma bota vermelha de cowboy encontrada no acervo teatral. Jade ria envergonhada.

— Tudo bem, acho que já entendemos — disse com um sorriso, enrolando o garfo na macarronada.

— Sempre será a Poppey! — seu irmão a chamou pelo nome de infância, implicando.

— Não comece e eu contarei histórias suas também! — respondeu fazendo a mesa toda rir.

A mulher balançou a cabeça divertida enquanto os outros entravam em uma nova discussão animadora. Ao final, pediu licença para levantar-se e ajudar com a sobremesa. Torta de maçã feita por sua tia, sorriu ao pensar em Leigh; ela adoraria estar desfrutando da receita que segundo ela, era sua favorita.

— Querida, semana passada seu pai finalmente resolveu arrumar a garagem. Depois de anos finalmente consegui que ele jogasse o piano quebrado fora — Norma comentou passando uma mecha do cabelo de Jade para trás de sua orelha. Ela estava feliz por ter a filha de volta.

— O piano marrom? Uau, isso é uma vitória! — respondeu dando uma garfada em sua torta.

— E sabe o que mais? Encontramos algumas caixas, acho que perdemos na bagunça da garagem durante a mudança. Tem brinquedos do Karl e algumas fotos suas, acho que gostaria de ver.

Jade abriu um sorriso radiante. Era claro que ela gostaria de relembrar coisas de sua infância, principalmente a boneca que ganhou aos 7 anos e que nunca mais a encontrou. Ao levar o último pedaço de torta à boca, a decoradora seguiu sua mãe até o quarto praticamente saltitando; ela estava realmente animada.

Apesar de a maioria das coisas serem de Karl, ela achou alguns pertences: alguns boletins escolares, a medalha de ouro do concurso de xadrez e um álbum inteiro de fotos. Amelia observou a capa rosa com alguns desenhos feitos por ela e recortes de palavras de revistas e jornais que formavam seu nome completo, Jade Amelia Thirlwall. Ela recordava vagamente daquele álbum, mas seus olhos encheram-se de lágrimas ao ver as fotos, como se sua mente fosse invadida por flashes de memórias. Uma delas chamou sua atenção: estava sentada no colo de seu avô com um babador maior que o corpo e o mais velho segurava uma colher cheia de sopa.

— Quantos anos eu tinha aqui? — indagou apontanto para a foto em questão.

— Três — Norma respondeu.

Jade limpou a garganta para livra-se do nó que se formou.

— Eu não lembrava mais do rosto dele.

A mais velha lançou-lhe um sorriso triste e em seguida caminhou até o armário na parede. Vasculhou uma caixa na prateleira mais alta e voltou com um outro álbum, dessa vez preto.

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