That Damn Glass Door

439 48 58
                                    

San Diego – Quinta-feira, 08h40min.
   


Ela estava atrasada. Muito atrasada. Era a décima vez que Edwards discava o mesmo número.

— Perrie, estou chegando! — se apressou em dizer. — Em cinco minutos, ou talvez dez — avaliou o trânsito admitindo estar ferrada. — Tudo bem, no máximo quinze!

— Eu avisei que comprar uma casa em Carlsbad era uma péssima escolha!

— Não é o que a vista da varanda do meu quarto diz — brincou.

Certo, o táxi não saía do lugar havia quinze minutos e ela não sabia o que fazer. Sua moto havia decidido quebrar há três quadras de casa e agora dependia de um veículo de quatro rodas que não conseguia desviar do trânsito.

Ao ouvir a longa respiração da loira do outro lado da linha, percebeu o perigo que corria. Ela provavelmente estava contando até dez para não gritar um palavrão cabuloso, daqueles que até o motorista poderia ouvir.

— Perrie, o estúdio está vazio. O próximo cliente chega em quarenta minutos e eu prometo que chego a tempo. Relaxa, loirinha!

— Se você não chegar em quinze minutos, eu corto o seu pescoço. Estou falando sério, Jesy!

— Relaxa, loirinha — repetiu divertida, antes de desligar o telefone para não ouvir a resposta.

E ainda bem que desligou, pois Perrie chegou tomar ar para comparar, de forma totalmente imoral, o adjetivo com a parte íntima de alguma integrante da família Nelson.

Não, aquilo não era um surto em virtude de uma festa de hormônios dentro de si — casualmente chamada de TPM —. Estava mais para um nervosismo fora do comum para uma grande parceria que fecharia ainda naquele dia.

E Jesy estava atrasada. Ótimo!

Cansada de andar de um lado para o outro em sua sala, decidiu descer as escadas em busca de algum passatempo. Julie discava algo no telefone e, assim que avistou a fotógrafa, colocou o aparelho de volta na base.

— Aaron já chegou?

— Sim, está com Kamille — respondeu, apertando os lábios em seguida.

— O que foi, Julie?

A mulher apontou para o final da sala de espera, perto de uma das janelas.

Sua presença imponente, mesmo de costas, ainda era marcante. O blazer preto indicava que estava de passagem do trabalho, mas ainda assim se questionava o que, diabos, estava fazendo ali.

— O que, diabos, está fazendo aqui?

— Perrie! Oi! — respondeu aproximando-se com o celular na mão.

— O que quer?

— Vim conversar.

— Não temos nada para conversar, Henry. Caramba! A última conversa que tivemos foi há, o que, dois meses? Não temos nenhum assunto para tratar e eu estou no meu local de trabalho — estendeu a mão em direção à porta. — Por favor?

— Eu só vim conversar. Sem brigas, prometo.

— Não — respondeu irredutível.

— Por favor, Perrie. É sobre um assunto de seu interesse, acredite.

— Céus! — olhou para Julie, que levantou os ombros. Jesy tinha que se atrasar justo naquele dia? A amiga o colocaria para fora em questão de segundos. Certo. Ela suspirou: — Você tem cinco minutos.

WineOnde histórias criam vida. Descubra agora