O Soberano

| ᴇᴘɪ́ʟᴏɢᴏ

M E E R A

Os ventos eram ferozes.

A paisagem do crepúsculo era belíssima e vívida. As nuvens se agregavam entre o branco e o amarelo lírio, onde o sol se acobertava nas montanhas do oeste, ele levava consigo a luz, mas não a esperança.

A grama esverdeada espetava as minhas costas, mesmo que eu estivesse com um vestido de tecido grosso. Ao meu lado estava o homem da minha vida, Jordan Ekirev, que me ajudou a lidar com o meu lado vampírico e todo o restante de experiências sobrenaturais.

Muitas pessoas acreditam que destino não existe, mas penso que antes de sequer nascermos, as nossas vidas já são traçadas. Temos propósitos, metas, sonhos e coisas que queremos realizar antes de morrermos, o que me faria querer tudo isso, senão o destino? Imprevistos acontecem, a caminhada é árdua, nos deparamos com situações de medo, de pavor, momentos que não somos suficientes para enfrentar as adversidades, mas uma vez ouvi que devemos correr riscos em prol de nossa felicidade e essa frase nunca fez tanto sentido como faz hoje.

Aconteceram coisas comigo que não desejo a meu pior inimigo. Eu perdi tudo. Perdi minha família, minha irmã, minha dignidade, minha honra. Rastejei nas labaredas do inferno até ter força para me reerguer, para colar cada pedaço meu que quebraram. Fui forte, mesmo quando minha alma implorava para que eu desistisse de tentar superar toda a dor.

- Está tão quieta, no que está pensando? - Perguntou, Jordan, virando-se para mim, com um extenso sorriso estampado em sua faceta.

- Na vida. - Respondi, pausando para dar-lhe um pequeno beijo. - Em como a vida é imprevisível e pode misturar tantos sentimentos de só uma vez: tristeza, dor, amor, felicidade. - Declamei, dando de ombros e mordendo o lábio inferior, ajustando minha vestimenta.

- E o que você acha de tudo isso? - Indagou, deitando-se novamente na grama, com a cabeça por cima de suas mãos. Aproveitei para fazer o mesmo, me deitando ao seu lado.

- É um tanto quanto curioso. Nossa mente é como uma ferramenta que nunca terá as engrenagens de funcionamento corretas, são totalmente como enigmas, e não importa o quão genial você seja, nunca será bom o bastante para desvendar o que nos faz agir, seja por bondade ou maldade. No fim de tudo, somos só meros peões do universo, um dia ele vai acabar se esgotando e sumindo, e assim como eles, nós também iremos evaporar. - Esclareci algumas teorias malucas que existem dentro dessa minha cabeça.

- Sua sabedoria e força são coisas que me fazem ser fascinado por você e cada pedaço seu, acho que eu não mereço alguém tão bom como você comigo. - Se declarou, deslizando os seus dedos gélidos sobre o meu braço.

- Você está a falar como um idiota totalmente apaixonado, e sabe, gosto disso também. Eu gosto de como você me trata, de como faz eu me sentir única, me sentir a mulher mais amada que habita o mundo. Não imaginava que alguém pudesse gostar tanto assim de mim. - Também fiz um pequeno desabafo, encarando-o com um sorriso.

- É impossível não te amar. Vencemos a guerra de sangue, a maior batalha que o mundo sobrenatural já presenciou. Sabia que nossos nomes já estão gravados na história do submundo? Você se tornou uma lenda, Meera. - As palavras ditas por ele me deixavam desacredita, nunca se passou por minha cabeça matar alguém, no entanto, eu quem decepei Etgar Vecilius. Matar ele não foi prazeroso, contudo, era o único jeito de fazê-lo pagar pelas barbaridades e perseguições.

- Você acha que foi o destino que nos uniu? - Perguntei, curiosa pra saber qual seria a resposta que ele me daria.

- É provável que sim, nos encontramos em um momento crucial. Você foi o meu calmante nas circunstâncias mais cruéis e difíceis. Acho que nós nascemos um para o outro. Eu esperei mil anos pela pessoa certa, e percebo que valeu à pena todos os meus esforços. Você é tudo e muito mais de bom que existe no mundo. As estrelas devem ficar com inveja de seu brilho. - Eu ri de sua última fala, ele é realmente fascinado em me superestimar. É bom ter alguém para te levantar nos momentos difíceis. Garotas, não aceitem menos que um Jordan Ekirev na vida de vocês.

Permanecemos naquela posição por alguns minutos, agarrados e bem aconchegados, contemplando a belíssima visão que o alto daquela cordilheira. Mesmo que o sol estivesse a sumir aos poucos, ainda não era noite ainda. Tentamos disfrutar desse dia para colocar nos eixos todos os trilhos esparramados. São tantas coisas que é fácil perder-se, porém, estamos sendo bem cautelosos. No fim, conversarmos é a melhor maneira de nos comunicarmos e nos compreendermos.

O tempo passou voando, em um dia eu estava com os meus tios lá na Fazenda, galopando em um cavalo como se não existisse amanhã, e no outro, eu e Carol já estávamos nos mudando para Detroit, para recomeçarmos nossas vidas, o que deu muito errado. Não sei se não ter saído das casas de meu tio teria nos livrado de toda essa cilada ocasionada pelos Insurretos. Agora, Carol descansa no paraíso como uma alma de coração puro e genuíno. Ela não merece a desumanidade desse mundo.

- Meera, tem algo que eu quero contar-te. Isso é algo que eu tenho guardado no meu peito há muito tempo. - Disse, quebrando o silêncio que nós havíamos estabelecido.

- E o que seria? - Inquiri, um pouco receosa, por não ser fã de surpresas. Jordan então se ergueu, tirando os fiapos de grama de sua roupa, e então ajustando-se frente a mim.

O seu sorriso era contagiante, e a sua cabeleira loira só ajudava a deixar o ambiente em um ar de maior alegria. Ele então mexeu nos bolsos de sua calça, e então cerrei a sobrancelha. Em segundos e fazendo suspense, ele retirou de lá uma pequena caixinha, em seguida ele se ajoelhou, abrindo-a. A aliança com uma linda pedraria em diamante reluzia intensamente.

- Eu te amo, Mee, e se tem uma coisa que eu tenho certeza na minha vida é que eu quero viver uma eternidade ao seu lado. Você é a luz na minha escuridão. E eu não quero te obrigar a ter que conviver ao meu lado, por isso, estou fazendo esse pedido pra ter a sua confirmação. Aceita? - Indagou novamente.

Eu estava boquiaberta e não era capaz de expressar com algum tipo de clareza o que eu estava a sentir. Alegria, contentamento, euforia, todos eles nadavam pela minha corrente sanguínea me proporcionando o melhor dia da minha vida.

- É claro que eu quero, Jordan. Quero passar a eternidade ao seu lado. Quero viver todos os dias a experiência de te amar. - Afirmei, sorrindo, e com o meu corpo totalmente trêmulo devido a empolgação.

Ele então colocou suavemente a aliança no meu dedo anelar esquerdo, assim como ele também pôs no dele. Eu não podia acreditar, essa é a melhor coisa que poderia acontecer. Sem ao menos esperar eu o puxei para que nos beijássemos, ali, no exato momento em que a lua ocupava o céu. Seus dedos deslizavam pelo meu corpo, parando na minha cintura. Sua boca estava uma explosão de sabores. Eu estava realizada, feliz, e nada e ninguém poderiam mudar isso.

A felicidade é uma borboleta, tento capturá-la todas as noites, ela escapa das minhas mãos para o luar. É, no fim das contas, ela sempre está comigo, me abençoando. Eu e Jordan iremos prosperar, até o fim dos tempos.

FIM.