2 | ᴇᴜғᴏʀɪᴀ

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M E E R A

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M E E R A

          Minhas pernas trêmulas quase não conseguiam manter-me de pé.

          Tudo em mim doía. Minhas pernas, pulmão, braços. Uma agonia formigava intensamente, como se mil agulhas perfurassem minha pele; meu corpo estava em combustão. Tudo ao meu redor girava em círculos infinitos, sem início ou fim. Estagnei, nos fundos de meu estabelecimento de trabalho, cansada e eufórica. Respirei fundo, ofegante, buscando permanecer calma.

          Assentei-me na calçada, de joelhos, escondendo meu rosto na palma de minhas mãos. Senti as lágrimas afáveis deslizarem sobre minhas bochechas. Desconheço o que aconteceu, quem são aquelas criaturas, suas ambições e desejos. No entanto, algo dito por aquele vampiro permeou estranhamente minha curiosidade, "você é o espírito da feiticeira". Qual a mensagem por trás dessa frase? O que significam essas palavras? Onde encaixo-me nesse contexto? E por que eu?

          Chorar e lamentar-me não mudará nada. Tenho que contar a alguém sobre a mulher morta, ela merece um funeral, e sua família tem o direito de saber do ocorrido, de sua morte. Sobre as bestas infernais, o melhor para mim é prosseguir em silêncio, não sei o que podem fazer e do que são capazes. Além de quê, quem acreditaria que falo a verdade? O melhor é não duvidar. Levantei-me, suspirei e adentrei no ambiente.

          — Fred, você tem um minuto? Preciso falar com você, é algo urgente. — Proferi, um pouco ansiosa, me aproximando do colega de trabalho.

          — Meera, pensei que já tivesse ido, faz um bom tempo que foi deixar o lixo. O que quer falar? — Questionou, me fazendo ter um arrepio na espinha.

          — Bem... Eu não sei como te falar isso. — Suspirei. — Tem um corpo mórbido na esquina, vi uma poça de sangue e não tive coragem de ir ver. Ligue para a polícia, mas não vá lá, pode ser muito perigoso. Alerte as forças armadas. Só te peço isso, não vá lá em hipótese alguma. —Exprimi todas as palavras de uma só vez, mentindo.

          Os olhos dele arregalaram-se e sua expressão facial demonstrava de todas as maneiras como ele estava surpreso – não era o único –, essa não é uma notícia agradável. É de apertar o peito ditar essas palavras, porém é o mínimo que devo fazer.

          — Meera... Isso é... Não foi você, não é? Quero dizer... Você não... — Gesticulou, ainda transtornado com a notícia.

          — Não, não foi. Claro que não, o que acha que sou? Uma assassina? Quero que você ligue para a polícia. Não pude notificar porquê estava sem celular. Por favor, ligue. Eu tenho que ir embora. — Relatei, e ele assentiu, então retirei-me.

          Peguei meus acessórios e parti. Como de costume, fui andando, pois minha moradia não é longe, no máximo sete minutos. Mesmo com um grande incômodo, e temendo que eles reapareçam, irei só. Ao menos o beco é iluminado e a rua é pacífica. O meu único conforto nisso tudo.

O SoberanoOnde histórias criam vida. Descubra agora