O Soberano

29 | ᴘᴇʀᴅᴀ

J O R D A N

O barulho foi estrondoso.

Fui arremessado para trás em decorrência do impacto. Em um raio de quilômetros todas as árvores sacolejaram e a terra vibrou, fazendo-nos voar pelos céus como poeira. Meu corpo se chocou contra pedaços de árvore e pedra. Que tamanha magnitude é aquela? pensei, curioso e eufórico.

Quando enfim consegui cravar os pés no chão, recuperei a compostura, limpando os resquícios de sujeira que haviam nas minhas vestes. Recordei sobre o que havia visto segundos atrás: um vislumbre do corpo de Meera em pleno contato com o ar ressurgia por entre a fumaça esquecida. O corpo que estava ao lado dela era irreconhecível, mas temo que possa ser... Etgar. Mas, por que ela estava agindo daquele modo. Como...?

O sorriso da mulher que amo apareceu no meu consciente, me fazendo compreender novamente o motivo de tudo isso. Não é uma luta de ego, é uma luta por vingança, por o inferno que Etgar fez Meera e Carol passar durante todos esses anos. Para mim, deixou de ser somente por afrontarem minha dinastia, se tornou pessoal. Minhas pernas moveram-se involuntariamente. Eu não sabia onde os meus subordinados estavam, decerto estariam guerrilhando contra o grupo de Etgar.

Nesse instante, minha única preocupação é saber se Meera está bem. Joseph disse que apenas uma grande comoção poderia despertar os poderes dela, então presumo que algo saiu dos eixos. Esses últimos tempos foram os mais conturbados de toda minha existência. Segredos e mais segredos, enigmas não resolvidos.

  À medida que me aproximava do local onde foi originado a destruição, os meus pelos se arrepiavam. Magia pura reverberava no local. Era como se uma fonte inestimável de poder transbordasse, banhando às terras com supremacia. É como uma áurea que se move e domina. Parece impossível alguém deter tanto poder.

A guerra ainda estava a rolar do outro lado, o som dos corpos se chocando era audível e mortal. Me assustei ao ver o campo totalmente devastado, como se uma bomba tivesse explodido.

"- Não, Stefano, não existem ameaças para mim. Essa é uma disputa por poder, como várias outras rebeliões. Eles não passam de míseras pulgas tentando assumir o controle da penugem de um leão. - Gesticulei, firme em minhas palavras."

Eu estava errado... às coisas fugiram do meu controle. Talvez eu tenha subestimado demais o inimigo.

"O Leão sempre encontra a presa."

  Recordei de lembranças antigas e soberbas. A guerra não está ganha e nem perdida, ainda tem muito em jogo. A felicidade de Meera está em minhas mãos, tenho que ser resiliente e destemido, por ela e por tudo que suportou.

Minhas passadas eram lépidas, tanto que fazia os meus poros queimarem com a velocidade. A jovem bruxa fez algo em mim mudar, para sempre. A medida que me aproximava, o odor forte de fumaça amamentava gradualmente. Não muito longe, algumas árvores torravam, consumidas pelas chamas.