Capítulo Dezessete - Previsões e traumas

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PALAVRAS: 1480
AVISO: —

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Hawkins, Indiana. 12 de abril de 1988, terça-feira

A porta da primeira sala vazia foi fechada com força por Mike, que já estava colocando uma mesa na frente. Will o olhou como se perguntasse silenciosamente o motivo da mesa, mas o maior só levantou os ombros, antes de sentar ao lado do Byers na mesa usada pelos professores, diante de Jane e Max. Depois de três anos do que aconteceu, seria impossível não a incluir nessas conversas — mas a ideia passou pela cabeça de Mike, pois provocava a amiga em qualquer brecha que encontrava.

— Will, explique o que houve. — Mike pediu, se esforçando para não colocar a mão sobre a do melhor amigo. A respiração de William se regulara, porém o medo criou residência em seus olhos.

— Eu vi você. — ele respondeu diretamente para Jane, a voz afetada pela visão que não sabia como descrever. Ele fitou Mike por um momento. — E as raízes. Igual ao dia que...Que fui possuído. — inspirou fundo, se perguntando o que aquilo significava. — Mas Jane estava diferente, com o cabelo curto e roupas...Que nunca usou antes.

Max franziu a testa.

— Uma alucinação? O portal foi fechado, não foi?

Ela não incluiu a morte do monstro — e do irmão — na conversa, apesar de seus pelos arrepiados e o tremor leve no canto da boca indicarem o quão traumático era pensar na cena. Billy nunca foi bom em sua adolescência, mas era seu único irmão.

— Não uma alucinação. — Will continuou, mexendo os dedos. — Uma...previsão. Ela disse para eu não deixar "ela" te levar.

Foi a vez de Jane ficar confusa. Mais do que já estava.

— "Ela"?

— Você não terminou de dizer.

— Não tem nenhuma "ela" atrás da El. Tem certeza que foi uma previsão, Will? — Mike deixou a questão que todos queriam fazer no ar, não desviando a atenção do garoto. William assentiu, revivendo cada segundo em sua mente. O frio, as roupas de inverno...A estação só tem seu início no fim de novembro, ainda possuíam meses para desvendar o mistério do que viu e ouviu, presumiu ele.

Alguém bateu na porta, e a maçaneta foi puxada, empurrando a mesa por míseros dois centímetros. O assunto foi dado por encerrado ali.

— Garotos? Podem abrir a porta, por favor?

Todos se entreolharam e foi Mike quem abriu a porta para o professor Clarke, ganhando um sorriso grato. Ele entrou, e Jane rapidamente virou o rosto para outro lugar. O homem a conhecia como prima do Wheeler, e ela sempre tinha que desviar dele quando se encontravam. Apesar de ter como explicar a mudança de estados, não existia explicações para a troca de nome.

Ele pegou alguns gizes num dos armários do fundo, alegando que os da sala dos professores e os próprios acabaram. Quando saiu, esperou pelos outros. Afinal, era horário da última aula. Em meio de suspiros, todos seguiram seus caminhos.

O Byers e a Hopper aguardavam pelo último ônibus escolar, o único que passava próximo ao ponto de sua nova casa, entretanto o Wheeler possuía outras ideias. Ele parou próximo dos dois, com uma chave rodando entre os dedos.

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