Capítulo Seis - Eleven

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Hawkins, janeiro de 1988, residência dos Byers.

Enquanto Will e Mike dormiam, sonhando um com o outro, Kali e Eleven tagaleravam sobre as cidades grandes, sobre os amigos e a vingança de Kali — que segundo a mesma, era algo do passado. Uma mentira grande contada e El descobriria só mais tarde — e sobre a vida nova de Eleven.

— Jane, tem certeza que não teve nenhum motivo? Seus poderes já deviam ter voltado.

— Eu tenho certeza...Mas sabe, sinto falta.

Teorias variadas percorriam a mente de Eleven. Todas levavam em uma conclusão: a mordida. A cicatriz, que segundo Mike era poderosa, lembrava El de memórias ruins. O verão de 1985. Não queria conversar sobre com a irmã.

— Eu não me imagino sem os meus.

— Ainda não me disse porque veio pra cá. Só contou que terminou sua...busca por vingança. — Eleven repetiu as palavras dela.

— Tive um sonho. Senti que você estava em perigo. Fiquei um ano aqui porque não tinha dinheiro pra ir onde você morava e a van...Ela estragou depois de tudo aquilo. A polícia, os tiros. Estávamos com pouco dinheiro... — Kali suspirou pesadamente — Eu odiei quando você foi embora, Jane.

— Eu precisei voltar. Meus amigos precisavam de mim.

— E olhe o que aconteceu! — Kali ergueu a mão, indicando o além. El não entendeu o gesto — Perdeu seus poderes, e seu amigo.

— Ele era meu pai.

— Sabemos quem é nosso..."Pai".

Eleven escondeu a fúria. Balançou a cabeça em negação. Papa nunca seria seu pai de verdade. Ele não tinha sentimentos paternos e muito menos sabia o que era amor. Amor real, não o que ele fingia. Usada por anos, Eleven aprendeu a dura realidade: não foi amada por ninguém em toda a sua infância.

— Ele não é meu pai. Nunca foi e nunca vai ser. Ele morreu. E não vai voltar. Se está tentando me convencer do contrário, vai embora.

— Jane...Ele não morr-

— Vai embora, por favor.

Precisava de paz. Apesar da ajuda psicológica, certas coisas não se curavam.

— Ele pode te ajudar com seus poderes, Jane.

— Kali. — a chamou pelo verdadeiro nome — Ele morreu.

Desapontada e com outro plano se formando na cabeça, Oito saiu do quarto da garota e foi embora para onde estava ficando durante o ano anterior. El não fazia ideia de onde.

Eleven só desejava uma vida tranquila e sem pontas soltas.

Para ela, Brenner vivo significava outra ponta solta, mais um perigo. A morte de Hopper era uma ponta solta. O motivo inexistente de voltarem para Hawkins era uma ponta solta. Sua vida estava repleta delas.

Quando adormeceu, os pesadelos a perturbaram, transformando memórias em monstros. Traumas recém superados.

Tinha medo de nunca se curar. Ter uma ferida aberta e morrer por causa dela. Era nova demais e carregava um peso gigantesco nas costas. O peso de salvar o mundo sempre que algo ameaçador surgisse do mais perigoso limbo. Poderia viver com aquele fardo? Ainda mais sem poderes?

A resposta viria mais tarde.

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