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Até o fim do luau Timothée não falou mais comigo e evitou qualquer contato visual também. Pouco antes das duas da manhã resolvemos ir para casa, todos estavam completamente chapados. Liguei apenas avisando os pais Chalamet's que seus filhos estavam bem e seguros em minha casa, o que era meia verdade.
Todos estávamos jogados no chão da sala, bebendo minha penúltima garrafa de vinho e falando asneiras.
A sensação era boa.
Eu me sentia sob um céu estrelado na primavera. A brisa quente que vinha da lareira me deixava mais próxima a isso então frequentemente eu fechava os olhos para me transportar para outra estação.
Naquele momento, foi como ter amigos de verdade, eu não me sentia tão perdida, não importa o que eu dissesse, eles sabiam me interpretar.
Era como se o mundo todo fosse nosso, talvez o álcool tenha ajudado na semelhança de poder e dominação mas ainda sim, aquela noite valia a pena.
- eu...tenho uma ideia - Pauline se sentou.
- você está podre de bêbada, você não tem ideias - Laurie disse rindo.
- 7 MINUTOS NO PARAÍSO - gritou ela numa velocidade impressionante, talvez se não tivesse sido tão rápida aquelas palavras jamais sairiam da sua boca, não naquele estado.
- você só pode estar brincando - seu irmão comentou sorrindo de lado.
- vou buscar uma garrafa - falei indo em direção a cozinha.
Quando voltei Laurie ficava de frente para Pauline e Sophia, o que possibilitaria cairem ambas quando a garrafa girasse e sobrando para mim o posto onde qualquer um seria uma vítima.
- okay, eu dei a ideia e eu começo - de primeiro caiu Timothée e Laurie e após um discurso do quão aquilo era injusto, eles cederam e foram para a dispensa de whisky que ficava na sala.
7 minutos mais tarde Sophia e Pauline.
Pauline e Laurie.
Sophia e Timothée.
Eu e Pauline.
Laurie e eu.
Em todas as vezes que fui ganhei conversas maravilhosas e sem sentido. Um acréscimo aos sentimentos bons que me invadiam. Tudo estava bem. Eu me sentia especial.
Em todos os meus anos de vida nada se igualava aquele momento, com eles, naquele cômodo, com o fogo nos iluminando, o rádio tocando quase no mínimo e nossas vozes escandalosas cobrindo cada molécula daquela casa.
- uma última vez e vamos dormir - Pauline disse num bocejo. - ótimo, só faltavam vocês.
Timothée e Nicole.
Assim que entrei na dispensa acendi um cigarro, saber que estaria sozinha com ele me apavorava de uma forma, boa?
- oi - falei e ele sorriu.
- bem vinda ao paraíso - timmy disse e pegou uma garrafa da prateleira e tomou um gole, fazendo uma careta logo em seguida.
- se isso for o paraíso - tomei em seguida.
- o que foi aquilo na floresta?
- do que você está falando? não me lembro de nada.
- disso.
Timothée me puxou pela cintura e me beijou, eu não pude não entrelaçar meus braços em seu pescoço e puxa-lo para mais perto. Eu senti falta, mesmo que eu nem tivesse muito pelo que sentir, daquele contato com ele.
Minhas pernas tremiam, meu peito ardia em chamas, eu nunca quis estar em qualquer outro lugar quando estava com ele.
Eu não me imaginava em outra época, com outra pessoa, tinha que ser ele e toda vez que eu o beijava eu sentia isso.
Infelizmente eu sentia isso.
Ele me pressionava contra a parede e mesmo que nossos corpos ansiassem por mais contato, nosso beijo era calmo, passivo e tranquilo.
Ele me soltou, mantendo sua testa junto a minha.
Sua respiração era pesada.
Minhas mãos desceram para seu peito que se infláva constantemente.
Estávamos vivendo a mesma sensação.
Seus dedos acariciaram meu rosto e nos beijamos novamente.
O tempo ao lado dele parecia eterno e intenso, de alguma forma inexplicável sabíamos exatamente como precisamos um do outro, como nossas almas pertenciam uma a outra, como cada átomo necessitava do outro para continuar existindo. Meus pulmões precisavam da sua respiração. Meu peito das batidas do seu coração. Meus olhos da sua face a minha frente.
Eu não o quis pelo medo de não tê-lo, eu o quis porque ninguém no mundo parecia se encaixar com o meu ser como ele se encaixava.
Era como se em todos os anos em que vivi eu esperasse por aquele momento.
Não sei quando tempo permanecemos ali, trocando olhares, carícias e beijos, em silêncio.
Sei que quando deixamos aquele cômodo todos os outros haviam se acomodado em algum dormitório.
- parece que somos só nós... - falei.
- eu não iria querer outra coisa se não isso.
Timothée me pegou no colo e subimos as escadas, tentando fazer o mínimo de barulho enquanto o desespero pelo contato se infiltrava em nossos espíritos.
Minha cama jamais seria a mesma depois que ele me deitou lá, junto a ele enquanto me beijava.
Suas mãos percorriam todo o meu corpo.
Seus lábios marcavam toda a minha pele enquanto pouco a pouco eu era despida.
Seus olhos me amavam a cada vestimenta que era retirada de mim.
Meus dedos trilharam sua história mais emocionante a cada botão aberto de sua camisa, a cada toque quente que me eletrizava quando nossos corpos se chocavam.
Nós nos amamos, simultaneamente.
Viramos todas as cores a cada invasão que seu corpo entrava no meu.
Você me olhava só para ter certeza que estava acabando comigo, que todas as minhas forças haviam se dissipado quando fiz de mim, sua.
Você deixou marcas, hematomas, arranhões, suor, saliva.
Você deixou um corpo, um vazio, depois de levar consigo qualquer coisa que fazia com que eu fosse eu.
Você penetrou meu corpo e minha alma.
Você fez eu amar cada milímetro que me invadia.
Você fez daquilo a minha droga, meu vício mais bonito e incompreendido.
E quando fomos transformados numa erupção de prazeres quando nossos ápices foram alcançados, você me beijou com carinho e afeto.
Você sorriu.
E eu sorri.
E nós sorrimos.
E eu soube que nada no mundo iria arrancar de mim suas digitais, seu amor amável, seu cabelos cacheados sob meu rosto.
O amor que você implantou em mim, na minha corrente sanguínea, nas minhas células cancerígenas.
Porque você foi como uma doença, que se alastrou rapidamente e levou consigo minha vida.

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