portami con te

74 7 3
                                    

   Minha noite não seria mais a mesma depois daquela ligação, eu estava ansioso, trêmulo e euforico.
Me despedi de quem conhecia e me retirei, andei por todas as ruas possíveis, Nova York sempre será um sonho para qualquer ser humano que ousa sonhar.
Como ansiei pisar meus pés aqui, nestas avenidas. Imaginei em qual dessas ruas talvez fosse a casa dela antes de se mudar, como seria seu quarto?
Aposto que teriam pinturas e discos antigos, isso combina tanto com ela.

Talvez eu tivesse sido incompreensível com ela aquela tarde, talvez eu devesse ter entrado, levado ela para o chuveiro, beijado seus lábios.
Nicole trouxe uma parte de mim que nem eu mesmo conhecia e agora ela nem ao menos me atende.

As luzes daquela noite deixavam a cidade em tons amarelados, becos escuros exalando fumaça, me lembrei dos teus inúmeros cigarros, que sorte eles tinham por constantemente tocarem sua boca, que sorte tive eu de por um tempo, fazer parte de você.

Meu peito se apertava a cada passo que eu dava, alguma coisa estava errada e a aflição de não saber o que é era insuportável.
Assim que adentrei meu quarto liguei para minha irmã que não atendeu, acendi um cigarro, abri um vinho, por deus você estava nas pequenas coisas Nicole.
Ao olhar a chamada senti minha pernas desaparecem, foi como perder o ar, como se cada célula sua fosse arrancada de você.
- ei - falei.
- a mamãe vai falar com você, eu preciso ir, Timmy só fique bem, okay? só me prometa!
- okay Pauline - a essa hora eu já estava bufando de raiva.
- oi querido, como você está?
- bem, ótimo na verdade, qual é a desse segredo todo por parte da Pauline?
- não a culpe, não está sendo fácil para ela.
- o que aconteceu mamãe?
- Pauline resolveu fazer uma visita a Nicole, assim que você viajou - ela suspirou - eu sinto muito querido mas...
- o que mãe? onde ela está?
- o enterro será no final dessa semana, não sabíamos como lhe dar está notícia, sei que ela era importante pra você!
- você só pode estar brincando, alguém sabe se foi um assalto ou coisa do tipo?
- Timmy.
- ela não faria isso, não faria.

Desliguei a ligação.
Nunca, mesmo que eu conheça todas as palavras ou metáforas, saberei descrever em como aquelas frases me desmontaram por completo.
Fui estilhaçado como uma janela, arremessado do trigésimo andar, pisoteado por toneladas e eu liguei, liguei incansavelmente para o seu celular e a cada chamada não atendida eu me punia por isso.
Talvez eu evitasse tudo se tivesse ido até ela.
Talvez.Talvez. Talvez.
Coloquei um casaco, peguei meu maço e corri, e corri o mais rápido que pude, corri até perder o ar, corri até estar distante de casas, carros, prédios, corri até que minhas pernas se tornaram inúteis e eu gritei, eu cai de joelhos e eu gritei.
Eu esmurrei aquele chão diante dos meus pés, meus ouvidos já não me escutavam mais, tudo era um eco vazio e incompleto.
Você arrancou de mim o suspiro mais profundo, você usou suas próprias mãos para arrancar meu coração do meu peito.

Anestesia. Essa era a sensação. Quebrado o suficiente para não sentir mais nada e ao mesmo tempo sentindo um inferno toda vez que meus pulmões se contraiam.
A chuva chegou rapidamente, se misturando com as minhas lágrimas.
Você poderia ter se despedido.
Você poderia ter pedido para eu ficar quando me viu partir.

- EU TE ODEIO, ODEIO, ODEIO odeio odeio - gritei até virar um cochicho, eu estava perdendo a voz, consumido pelos soluços, pelo medo, pelo desespero, pela ideia de você.

Você me deu os melhores dias da minha vida e os levou num segundo de tempo, em que foi definido, por você, que não existiríamos mais nós, ou até mesmo você.

Questo potrebbe essere amoreOnde histórias criam vida. Descubra agora