Questo potrebbe essere amore

dolore

    Há alguns momentos extremos em nossas vidas, seja uma felicidade irradiante, uma raiva destruidora ou uma dor. São coisas que os números não podem calcular, o nosso ápice é incalculável.
Aquele foi o meu momento extremo, onde eu podia sentir na minha corrente sanguínea o peso da circulação.
Não importa o que eu fizesse, aquilo não sumiria tão facilmente de mim.

Me lembrei do dia em que a conheci, fui arrastado com falsas notícias sobre a saúde do meu pai, por mais que eu quisesse conhecer a cidade, nada ali me atraia, até vê-la. Assim como eu, Nicole estava paralisada a minha frente, sem expressão, quase que incrédula, enquanto todos nos olhavam esperando um cumprimento. Desde o momento em que nossas mãos se tocaram pela primeira vez eu sabia o que ela seria para mim, a gente sempre sabe.
Te amar agora me parece o ato mais cruel que o destino já me propôs, neste momento, jogado nesse chão frio, longe de tudo, eu adoraria nunca tê-la conhecido.
Limpei os joelhos e caminhei de volta ao hotel, eu não queria ver ninguém, embora precisasse assim que a manhã chegasse, eu me daria este resto de tempo para remoer minhas lástimas.
Enchi a banheira, coloquei sua música favorita, dancei como te encontrei dançando a primeira vez que nós vimos naquela festa e terminei meu vinho submerso, como se tudo estivesse se repetindo, de um outro lado, num paralelo, desta vez estou sozinho. Seu corpo jamais se preencherá a minha frente quando tudo que eu mais quiser fazer será proteger você.
Onde você está agora?
Será que pode observar a podridão que deixou em mim ao se desligar do meu ser para sempre?

A morte é patética e as perguntas que as rondam são patéticas. Eu nem ao menos tenho forças para deduzir que você poderia estar de pé a minha frente, me vendo despido e despreparado com tudo o que você depositou em mim.
Dessa vez, desejei veementemente que você estivesse abraçada comigo, cantarolando em minha nuca, me dizendo as três palavras que você jamais disse em voz alta.

Cada trago dos meus cigarros refletiam você, seu rosto dominando cada milésimo da minha mente. Afundei minha cabeça naquela água, gritei mais uma vez, falho e fraco, era o que eu era.
Entrei num roupão aveludado, me lembrava tanto o seu pijama favorito.
Me encarei naquele espelho imenso, meus olhos vermelhos como fogo, por um segundo pude ver você ali, de pé, com seu vestido preto, os olhos tranquilos, as mãos prontas para me segurarem e eu fechei meus olhos, me recordando quando dançamos juntos na colina da cidade e eu prometi a mim mesmo que te guardaria na lembrança, que guardaria minha última recordação de você.
Por deus, nunca odiei tanto precisar dela.

Abracei sua camisa de cetim, você a adorava mas ousei guardar para mim depois de uma das últimas noites em que nos amamos. Seu cheiro ainda estava ali, seu perfume doce e impregnante.
Agora se tornará um pedaço de pano vazio, jamais tocará seu corpo novamente, jamais o tocarei novamente.

Tentei te imaginar completamente morta e as únicas coisas que vinham a minha mente era como você sorria quando éramos um só, como seu corpo dançava somente para mim, sobre mim.

Fui constantemente inundado por lagrimas e eu ri, tolo por acreditar que adiando nossa discussão ainda teria tempo com você, com medo que me esquecesse, apavorado pelo desespero de que terminasse comigo quando tudo que eu mais queria era me casar com você.
A droga de um tolo, sem tempo, completamente culpado e sem qualquer poder para te trazer de volta.