Quando acordei naquela manhã meu sorriso se abriu primeiro que meus olhos. Timothée estava deitado de bruços, o cabelo cobrindo boa parte de sua face, sem camisa. Ele poderia facilmente ser uma pintura famosa se todos os grandes artistas já não tivessem deixado está vida. Ele se igualava a uma obra de arte.
Meu corpo se arrepiava a cada segundo em que meus pulmões se enchiam de ar, que meus pensamentos se recordavam da noite anterior e que minha carcaça carregava o conforto de ter sido entregue puramente a ele.
Eu poderia passar o resto da minha vida admirando-o, era infinito os detalhes que me atraiam nele.
Acendi um cigarro e caminhei até a janela, eu usava sua camisa e a abracei contra meu corpo, na tentativa falha de ainda tê-lo presente em minha pele.
A neve caia suavemente nos vidros, eu odiava o frio mas a vista era bonita ou tinha se tornado bonita porque eu finalmente me sentia bem.
Senti suas mãos sobre meus ombros, aconchegando minhas costas em seu peito quente, seus lábios de encontro ao meu pescoço. Ele se retirou, indo até o banheiro mas fez uma pausa e se virou para mim.
- me concede a honra de um banho? - ele estendeu a mão.
- é claro - a segurei.
Esperamos a água se encher, dentro da banheira, sentados um de frente para o outro, despidos e despreparados, sem malícia ou selvagerismo.
Como dois humanos íntimos.
A água ia subindo e nossos olhares falavam por nós, nos queríamos intensamente em cada presença visual.
Deixamos a banheira um bom tempo depois, lhe emprestei algumas roupas do meu irmão e descemos para a cozinha. Pauline estava sentada encima da mesa, gesticulando enquanto falava, Laurie e Sophia prestavam toda atenção a moça.
- bom dia - falamos ao mesmo tempo.
- o que aconteceu com vocês ontem? sabem o que significa 7 minutos? - Laurie disse rindo.
- a gente estava conversando - falei olhando pra Pauline que parecia despreocupada e estranhamente contente em nos ver.
- achei que você fosse gay - ela disse apontando pro irmão.
- eu nunca disse que era - timothée se defendeu.
- obrigada por desvirginar meu irmão Nicole, sou eternamente grata por isso - completou pondo as mãos sobre o peito.
- okay, já chega, estou faminta. - Sophia parecia incomodada.
- podíamos tomar café lá em casa e Timmy já apresenta a nova namorada a nossa família.
- você está impossível está manhã - falei - mas eu realmente estou com preguiça de fazer algo pra tanta gente então poderíamos ir a uma cafeteria na cidade, o que acham?
Todos se encararam concordando.
A cafeteria mais próxima parecia um pub, era aconchegante e quentinha. As paredes eram feitas de tijolos marrons claro e carregava em si muitos quadros, tanto de pinturas quanto de bandas antigas. Ao menos pareciam antigas.
Timothée se sentou ao meu lado e frequentemente descansava suas mãos em minha coxa e todas as vezes que isso acontecia eu me sentia indestrutível.Era assim que você era, um super herói para mim. Você me salvava todos os dias da escuridão que por anos insistiu em crescer dentro do meu corpo, enraizada na minha pele.
Todos os momentos ao seu lado se tornaram mágicos apartir do momento que escolhemos nos entregar.
Você me amou da mesma forma?
As vezes me pergunto se você não foi apenas fruto da minha imaginação, era o velho bom demais para ser verdade. Infelizmente era.
As vezes mas só as vezes, rezo para qualquer divindade para que te leve pra longe de mim, que exclua as memórias, que te apague do período em que permaneci viva.Depois que todos estávamos devidamente alimentados os caminhos se seguirem opostos, cada um para seu lado e você para o meu.
Decidimos visitar alguns lugares que você queria ter ido quando criança.
Você me escolheu para fazer parte de algumas de suas primeiras descobertas, você se lembra de mim quando as frequenta hoje em dia?Naquela tarde nos tornamos crianças, brincamos na praça, fizemos um boneco de neve, tomamos chocolate quente.
Tudo passava lentamenterapidamente perto de você.
- dança comigo - Timmy falou quando chegamos ao topo da cidade, um lugar plano e vazio, que dava visão a todas as luzes de casas e pequenos comércios.
Não tive tempo de responder, ele me segurou próxima a si e rodopiamos de lá para cá e de cá para lá, as vezes alternavamos em passos estranhos de jazz, as vezes uma valsa suave, as vezes um punk digno de cabelos bagunçados. Tudo isso sem música porque o som do amor que se criava dentro de nos era capaz de estourar todos os tímpanos que existiam naquela vila. Éramos uma orquestra inteira que dominaria o mundo todo com sua beleza sonora.
Você fez eu me sentir gigante e a cada segundo eu crescia mais e mais.
Timothée parou a dança me beijando, eu poderia ouvir aplausos se estivessemos sendo assistidos.
- você é tão bonita - ele disse de olhos fechados, sorrindo, segurando meu rosto em suas mãos macias e tão quentes.
- é porque você não está me vendo.
- estou guardando minha última memória para que jamais me esqueça de você, ainda que eu esteja dormindo ou que perca o dom de enxergar, quero guardar em mim o seu sorriso, a sensação de tê-la tão próximo a mim - a última frase saiu quase num sussurro, como se ele tivesse contando um segredo para ele mesmo. Um segredo importante demais para correr o risco de ser escutado.
Você realmente guardou aquela memória numa caixinha dentro de você de momentos inesquecíveis?
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Questo potrebbe essere amore
DragosteIsso poderia ser amor. Quando teus olhos me observaram pela primeira vez. Quando nossos corações compassados se uniram numa sinfonia. Quando eu quis ficar e você preferiu me ver partir.