quasi alla fine

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  Depois de exata uma semana as gravações do filme começaram que se chamaria Call me by your name e timmy teve a sorte de estrear ao lado de um ator muitíssimo famoso, Armie Hammer, isso o deixou saltitante.
   A primavera tinha chegado, eu agradeci mentalmente pelas frestas de sol que iluminava a janela.
   Fora do meu campo de visão eu podia sentir a neve se derreter, as pequenas flores da grama surgindo como uma esperança. Ansiei para que o trabalho acabasse logo e eu pudesse desfrutar dessa saudade.

  Coloquei um vestido que ia até a altura do joelho, florido de alças finas e um caimento perfeito no meu corpo. Meu cabelo estava ondulado nas pontas, solto e pela primeira vez gostei dele assim.
Decidi almoçar na cidade, Timothée realmente estava ausente depois das filmagens mas eu via o quanto se esforçava para  lembrar de mim nos tempos vagos.
Escolhi o restaurante que abrigava suas mesas ao lado de fora e em todas elas haviam flores, um cardápio bonito e um cinzeiro vermelho.
Tudo estava voltando a ficar colorido, a fonte jorrava água que em contato com a luz solar formava pequenos arco-íris.
- a Srta gostaria de um aperitivo ou uma bebida enquanto se decide? - o garçom me chamou.
- um vinho branco por favor! o melhor que tiver e como prato principal - passei os olhos rapidamente pelo menu em minha mão - risoto de cenoura roxa.
Ele assentiu e saiu. Eu poderia ter a oportunidade de experimentar algo novo mas ainda queria sentir ele próximo a mim e claro, eu adoraria comparar os sabores.
Algumas famílias passeavam por ali, crianças corriam e gritavam, velhos de bicicleta, senhoras de bengala e chapéu e homens, aparentemente turistas, apontando para todos os pontos altos a volta.
Eu poderia facilmente me acostumar com isso.
- oi - respondi atendendo o celular.
- o trabalho te ocupa tanto assim que não pode ligar para casa? - pude ouvir mama rindo.
- me desculpa, os dias aqui são diferentes.
- como estão as coisas com você? Christian pediu que eu agradecesse pelas oportunidades que você deu a empresa.
- está tudo bem, eu acho! aqueles chefões não são nada convincentes.
- alguma novidade? como está Pauline?
- sem novidades, Pauline está bem.
- nenhum cara italiano tem te impressionado?
- definitivamente não! sabe que prefiro me manter longe de garotoscarashomens - menti.
- espero que volte logo, seu irmão está impossível sem você aqui.
- como ele está?
- ótimo para falar a verdade, conseguiu um emprego no Hooters - ela gargalhou alto - agora ele tem uma crise de ansiedade toda vez que vai para o restaurante.
- não eram somente mulheres que eram contratadas?
- ele fica na cozinha!
- mama podemos nos falar depois? preciso comer algo.
- claro, me ligue de volta, amo você.
Desliguei e suspirei aliviada, eu definitivamente odiava chamadas.
O meu pedido logo chegou e desde a primeira colherada eu sabia que nada se igualaria a algo que viesse de você. O risoto estava bom mas o seu risoto era magnificente.
- volte sempre! - ouvi quando me retirei do local.
  Caminhei pela ponte, pela praça, pelas livrarias e ao lado dos riachos.
Em um deles você estava gravando, pude ver de primeira mão sua atuação perfeita e tão real. Naquele momento eu me perguntei se você também atuava quando estava comigo porque era exatamente igual. Você o olhou como olhava pra mim atrás das câmeras e eu confesso, me senti incomodada. Acendi um cigarro e caminhei para longe dali.
Acabei parando em frente a uma grande igreja, ela parecia ter sido retirada do século XX e guardava dentro de si um teto totalmente renascentista. O lugar estava vazio, algumas velas acesas, qualquer respiração ali virava um eco. Eu nunca fui religiosa, sempre acreditei em tudo e eu só estava ali por pura curiosidade.
- as salas de confissões já foram fechadas, Srta! - ouvi uma freira dizer.
- não, tudo bem! só estava observando. - encarei a velha que continuava séria.
- você vai encontrar o que procura a duas quadras daqui.
Eu estava confusa. O que eu procurava?
Eu estava perdida mas decidi ouvi-la afim de resolver qualquer mistério imposto por ela. Cheguei em uma aldeia de ciganos, haviam barracas e carros velhos formando um círculo, fogueiras em pleno dia, charutos e olhares negativos.          Me guiei até uma grande tenda que era descrita numa placa como "Veja seu destino". Porque diabos uma freira me mandaria para cá?
Continuei caminhando até chegar numa mulher ruiva. Ela estava sentada em uma mesa branca fumando um cigarro preto, ela se virou para me encarar e apenas me fixei em seus olhos completamente brancos.
- sente-se - falou e eu o fiz - aquela velha maluca não se cansa de assustar as pessoas as mandando para cá - riu com graça.
- como sabe?
- aquela maldita freira acha que somos um circo!
- eu posso me retirar se preferir! eu só estou de passagem.
- acho melhor que vá e aproveite seu tempo, não há nada para ninguém aqui.
Me levantei com uma sensação estranha e voltei ao centro da cidade, onde deixará meu carro horas antes. Assim que entrei no mesmo fui invada por uma sensação de medo, minhas mãos tremiam no volante, meu coração se tornou vazio, meu peito doía imensurávelmente, respirei fundo tentando afastar aquela sensação e pensei em você e dessa vez a única lembrança que me vinha era a última em que te vi com outro cara fazendo um papel de outra pessoa. Meus olhos transbordaram sentimentos que nem eu mesma sabia que tinha. Aquele momento durou horas e eu apenas tentava chegar em casa, parando a cada minuto para tentar me aliviar e não acabar sofrendo um acidente.
  Quando adentrei aquela casa já estava noite, o silêncio daquele lugar era apavorante, vazio, intenso e imenso para mim.
Por tantos segundos desejei desaparecer, desejei que meu corpo virasse pó, que talvez eu nunca tivesse existido.
O que fiz para merecer me sentir assim?
Seria assim toda vez que não nos víssemos?

Tomei um calmante, bebi duas garrafas de vinho, fumei alguns maços.
Minha cabeça estava explodindo, eu sentia meu corpo inchar, eu não tinha mais espaço para mim e eu não queria ter.

Talvez nem você fosse capaz de afastar de mim o meu peso de ser eu mesma e tudo bem, isso nunca foi responsabilidade sua.

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