"E o sinal está fechado para nós [...]"
Como Nossos Pais — Belchior.
As aparições de Narcissa não foram mais as mesmas. Suas idas ao quarto de Elizabeth, para levar as refeições e outras coisas, agora eram acompanhadas de pequenos diálogos. O hematoma no rosto aristocrático da mulher sarou dentro do tempo previsto por Elizabeth, porém, Narcissa não se mostrou receptiva para falar sobre o assunto. Elizabeth tampouco a pressionou. Sabia o que era ser vítima de um abuso. Conhecia o processo de negação, culpa, apatia, até, por fim, alcançar a aceitação e reconhecer que era uma sobrevivente. Exatamente por entender o que era estar naquela posição, manteve-se ao lado de Narcissa da maneira que podia, com a escassa e recente intimidade que lhe era dada.
Voldemort passou mais de uma semana ausente. Elizabeth agradeceu por isso, pois significava que podia fazer suas refeições na paz de seus aposentos, sem ter que tolerar a presença dos outros. Contudo, quando ele retornou, designou uma ordem a ela. Agora, era obrigada a cozinhar as poções que Voldemort e seus seguidores poderiam necessitar.
Veritaserum, Polissuco, Poção do Morto-Vivo, algumas soluções para o tratamento de feridas e maldições e, até mesmo, Amortentia. Primeiramente, Elizabeth pensou em se negar a fazê-las. Não podia sequer tolerar a ideia de produzir, com suas próprias mãos, artifícios que poriam a laia daquele traste em vantagem. Embora, sabia que negar, que ir contra Voldemort na posição em que ela se encontrava, era suicídio, ou, na melhor das hipóteses, autoflagelação.
Sua varinha foi momentaneamente devolvida para as poções em que era necessária, apesar da mesma ser confiscada logo que o relógio soava a hora que Voldemort determinou como encerramento da produção das poções. Rabastan ou Rodolphus ficavam de vigia no laboratório improvisado, no porão enorme da mansão. Preferia que Narcissa fosse sua vigia. De qualquer forma, conseguiu contornar a nova situação de maneira satisfatória. Como uma excelente Mestra de Poções, ela sabia exatamente como fazer uma poção menos eficaz, mas ainda a fazendo parecer eficiente.
...
A Sra. Malfoy analisava os incontáveis livros que embelezavam a biblioteca da mansão. Era um lugar frequentado apenas por ela. Draco lia, agora, com pouca frequência e Lucius era arrogante demais para reconhecer o valor da literatura. Ele mesmo já demonstrara interesse — mais de uma vez — em desfazer a biblioteca, mas sempre desistia da ideia quando se lembrava que a quantidade exorbitante de livros ali dava a falsa impressão aos outros de que era um homem culto e letrado. Lucius era, na verdade, um dos homens mais ignorantes que Narcissa já conhecera, e ela não conhecia poucas pessoas.
Escutou a porta se abrir atrás de si, mas não precisou se virar para saber quem era. Ouvindo com dificuldade os passos abafados pelo carpete, ela disse, ainda examinando as lombadas dos livros:
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Por Trás dos Olhos Negros | ✓
Hayran Kurgu🏅Finalista do Prêmio Wattys 2022 | Categoria Fanfic 🏅 Elizabeth Jones não demorou a conseguir um estágio logo que se formou em Poções. A oferta de seu padrinho, Dumbledore, diretor de Hogwarts, não tirava o mérito de ser uma jovem muito inteligent...