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Já passa das seis da tarde, e estou pronta para me encontrar com Eunwoo. Eu não sei o que ele quer me mostrar. Talvez o lugar que vamos gravar?

Minhas perguntas serão respondidas em breve, porque ele acaba de bater na porta do quarto.

— Oi. — digo ao abrir a porta.

— Oi! — ele diz, e Deus, como ele pode estar ainda mais bonito? — Vamos?

Ele dá um passo para trás para dar espaço para eu sair, e então nós dois seguimos andando pelo corredor rumo a porta da casa dele.

Assim que saímos ele me leva até o carro e nós saímos em direção a cidade.

— Onde vamos? — Pergunto depois de alguns minutos.

— É uma surpresa. — Ele diz com um sorriso, e eu acabo me demorando muito fitando-o.

Eu sei, pelo que estou dizendo pode parecer que estou perdidamente apaixonada por ele. Mas não é isso. É só a emoção de estar aqui com ele. Poxa, isso é incrível!

— Então... — Começo a falar. — Me conte alguma coisa sobre você que provavelmente ninguém sabe.

Ele me olha com uma sombrancelha arqueada. Certo, onde estava aquela coragem de segundos atrás quando eu perguntei isso? Vupt! Não está mais aqui!

— Quer dizer... hum... você não precisa...

— Não, tudo bem. Só, achei interessante sua pergunta. — Ele sorri de novo. — Eu vou pensar, se lembrar de alguma coisa eu te conto.

Sorrio e também e olho pela janela. A cidade de Seul passando pelos meus olhos.

— Eu não sabia que você tinha uma casa aqui. — Digo.

Essa é outra coisa que eu faço quando estou nervosa ou animada. Falar demais.

— Hehe. Pois é. — ele diz apenas.

— Eu nunca pensei que eu estaria aqui algum dia. — Comento enquanto volto a olhar a rua.

— Está gostando?

— Muito. — sorrio para ele. — Vamos gravar a música amanhã?

Ele assente e então faz um desvio com o carro e estaciona perto de um prédio grande.

Nós descemos e caminhamos pela rua até uma ponte e depois subimos e eu não sou muito boa em narrar trajetórias confusas. Mas no fim, chegamos ao lugar que é parecido com um deque. Quando me viro para olhar  a vista da cidade, não consigo controlar o espanto. Minha mão cobre a boca e eu me aproximo do parapeito. A vista é linda, mas não é só isso. É o lugar da foto. Aquela foto que Eunwoo postou e eu comentei dizendo que queria ver uma coisa bonita assim.

Olho para Eunwoo que está agora ao meu lado.

— Eu não respondi seu comentário. Mas achei que talvez te trazer aqui compensasse isso. — Ele sorri.

Eunwoo só pode estar brincando! Me compensar com isso?! Esse homem existe mesmo? Ele não responde um simples comentário e me traz em um lugar tão incrível como esse só pra me compensar?! Eu não consigo segurar o sorriso.

— Eunwoo você não é desse mundo. — digo e posso apostar que meu olhos estão brilhando de admiração nesse momento.

Ele apenas sorri em reposta e direciona seu olhar para a cidade iluminada.

E então de repente eu sinto algo estranho. Olho para Eunwoo ao meu lado. Eu ainda não conheço ele muito bem, mas eu já estive aqui, já estivesse com ele, já falei com ele. Como posso voltar ao que era antes? A só observar ele de longe?

Mas também, o que mais posso querer? Que sejamos amigos, ou algo do tipo? Acho difícil.

Ele direciona seu olhar para mim.

— Está tudo bem?

Faço que sim com a cabeça e esboço um sorriso, mas algo na rua lá embaixo me chama a atenção. Um casal com uma garotinha. Eles não parecem ser coreanos. A garotinha tem cabelos ruivos e saltita pela calçada. E então uma lembrança invade minha mente.

Eu tenho 6 anos e estou correndo pela casa, enquanto chamo pela minha mãe. Chamo tantas vezes que quase perco a voz, mas ela não aparece em lugar nenhum. Então escuto um barulho alto e estrondoso vindo do lado de fora.

Ao chegar na porta entreaberta vejo meu pai. Ele está com um olhar apavorado e não me vê. Segundos depois ele sai correndo e eu não consigo mais vê-lo. O som de pneus cantando me faz virar para o outro lado e vejo um carro preto que não conheço sair em disparada da minha casa.

Então eu largo a porta e saio para o quintal, e virando na lateral da casa vejo meu pai. Ele está agachado ao lado da minha mãe.

— Papai? — Digo chegando perto dele e então consigo ver minha mãe melhor. Ela está sangrando. — Mamãe? Mamãe você está bem?

Eu fico parada onde estou e começo a chorar.

— Mamãe! — grito de novo ao ver que ela não me responde. Meu pai olha para com os olhos vermelhos e eu sei que ele é o único que pode me explicar o que aconteceu. Mas ele nunca teve a chance de fazer isso.

Porque segundos depois, o carro preto volta e eu descubro que o barulho de antes na verdade era um tiro. E novamente eu o escuto, mas dessa vez quem se machuca é meu pai. Ele cai deitado ao lado da minha mãe me deixando sozinha sem saber o que fazer.

Vejo uma arma para fora da janela do carro preto e de alguma forma eu entendo que vou ser a próxima. Então saio correndo o mais rápido que posso.

— Lisie? — escuto a voz de Eunwoo. Então volto ao mundo real. — Lisie você está bem?

Aos poucos o rosto de Eunwoo preocupado vai clareando na minha  visão.

— Eu... — abaixo a cabeça e sinto algo quente e molhado em meu rosto. Eu estou chorando?

Eunwoo segura meu rosto com as duas mãos e me faz olhar pra ele.

— Lisie, está tudo bem. — ele enxuga uma lágrima que caiu. — Está tudo bem.

E então inesperadamente ele me abraça.

A Song For You | EunwooOnde histórias criam vida. Descubra agora