Até sermos um.

O inevitável

-Lembrar do que garota? - o sulcro nervoso entre as sobrancelhas de Sasuke mostravam seus nervos a flor da pele. O coração estava numa arretimia descompassada que os seus olhos observavam tudo que acontecia ao seu redor e esse turbilhão de emoções acontecendos em segundos enquanto esperava a resposta.

-Maiko! - ela disse com olhos marejados. - Ele morava na aldeia próxima a minha, eu o visitará sempre e passava pra ele uns medicamentos pois ele reclamava de algumas dores. Um dia o achei num beco machucadado e quando eu perguntei a ele quem tinha o atacado ele me respondeu que tinha sido o Uchiha. - a voz arrastada da garota saia cheia de mágoa e desconsolada.

Sakura tomada pela empatia a abraçou oferecendo algum conforto, a expressão de Sasuke permaneceu confusa se lembrar quando teria encontrado tal garoto. Enquanto procurava Itachi passou por muitas vilas mas não atentou contra a vida de ninguém, escorregando pela parede próxima foi puxando de sua mente as pessoas que tinha traçado pelo seu caminho.

-Sayuri , quais tipos de medicamentos eram esses?

-São compostos de uma coleção botânica que eu tinha. Maiko era um órfão e devido a muitos acontecimentos trágicos ele sofria muito com insônias.

-Era mais de um tipo de comprimido?

-Era sim. - cada um tinha uma função e minha recomendação era usá-las de forma alternada. Pois causam...

-Efeitos colaterais... - completou o platinado. Ele e Haruno compreenderam que esse era o medicamento que estava causando preocupações aos Kages era isso que estava sendo oferecido aos jovens. Os amigos confusos permaneceram em silêncio sem entender o que raios eles tinham concluído.

-Posso levá-la Kakashi!

-Sim! Vamos todos juntos.

Os cinco andaram até o hospital principal de Kohona, adentraram alguns corredores subterrâneos então foram até o laboratório onde havia um canteiro cheiro de Flores da Noite. Quando bateu os olhos na plantas o moreno se lembrou com carinho da pequena que lhe passou todas as informações:

- O que estamos fazendo aqui Sakura- Chan? - perguntou o loiro deslocado.

- Aqui é o laboratório de pesquisa secreto. A uns meses atrás começamos a receber Anbus das cinco nações que foram envenenados por um composto forte e desconhecido. Todo tratamento que ofereciamos retardava o processo mas nada curava... perdemos alguns no processo. Até que aquela flor com as informações dadas por Sasuke nós ajudaram num remédio melhor. Então Sayuri veio estudar conosco e nos ajudou "indiretamente" a compor um antídoto potente.

Ela foi até sua mesa pegou uns papéis e deu nas mãos da Tanaka, que estava com os olhos inchados de chorar. A moça leu o relatório com cuidado percebendo que aquele composto era exatamente o que ela tinha criado. Ela olhou pra Sakura atordoada ...

- Mas eu não fiz nada disso eu...

-Talvez Maiko tenha passado para alguém ... - disse com empatia a rosada.

- Mas acredito que ele tenha começado. - falou o platinado - as aldeias solicitaram a intervenção dos Kages pois já está espalhado pelas cinco grandes matando jovens saudáveis que se tornaram dependentes químicos.

-Quando eu estava na sede da Akatsuki tive acesso a algumas missões do meu irmão Itachi. Lembro de um dos relatórios que eles foram solicitados para pegar o líder de um tráfico. Ele e seu parceiro estavam mais perto do local e foram para resolver o problema...

-Maiko era o líder?

-Provavelmente. Mas a morte dele não parou a disseminação da droga.

-Eu quero ajudar a combater! Posso Hokage-sama?

-Conversaremos posteriormente. Vamos terminar de curtir a noite já que tudo foi resolvido.

-Desculpa Sakura-chan! Eu atentei contra sua vida para que o Uchiha provasse de minha dor...

-Tá tudo bem Sayuri. Você foi de grande ajuda. Espero que continue conosco. - A jovem foi até Sasuke, o pesar estava em seu semblante arrastado, os olhos inchados e a íris desesperançosa:

-Deveria ter confiado em Sarada. Ela sempre sabe que são as pessoas boas. Peço minhas desculpas também Sasuke-kun. - ele apenas assentiu sem proferir nada, todos ali sabiam que o gesto já era muito. Saíram então todos do recinto, voltando até a festa que ainda bombavam. O DJ parou a música anunciando que a queima de fogos aconteceria em breve, então a rosada pegou o garoto desprevenido o levando para uma das janelas dando boa visibilidade para o espetáculo. Se encaixou nos braços dele,sentindo o calor do corpo a aquece-la então o show começou. Ainda assutado pelo que poderia ter acontecido ele a apertou contra seu corpo, e ela entendeu como aquilo o havia deixado.

-Está tudo bem, Sasuke. Obrigada por ter me salvo. - ele a gravou de cima a baixo, guardou a sensação que ela o proporcionava e como ela o desarmava facilmente. Quando os fogos findaram ela sentiu ele respirar fundo sabendo que depois disso o inevitável aconteceria, olhou pra ele então e antes que ele falasse qualquer coisa que partiria seu coração ela o beijou com frenesi. Quando se encararam novamente os olhos dela já estavam marejados:

-Eu preciso ir. Não só pelos meus erros mas também pelos de Itachi.

-Eu sei... Eu sei... - os braços enlaçados num abraço apertado.

-Te amo! - o olhar regalado surpreso da pequena que ele segurava no seu abraço. Sentirá que essas palavras nunca seriam ditas e ficou tão feliz por ele ter dito.

-Também amo você Sakuke.

-Não se prenda a mim Sakura, o que aconteceu hoje mostra é perigoso estar ligado a um clã amaldiçoado. Você merece ter mais e eu não posso oferecer - o olhar meigo transformou em raiva.

-Você é um idiota mesmo né! Nunca vai entender... -pegou o rosto dele para que o contato visual não fosse quebrado - perigo faz parte no nosso cotidiano estando ou não ligada a você. Entendeu? - ela falou com tanta firmeza deixando sem contra argumento.

-Hn... Irritante. - falou baixo ao pé do ouvido, causando arrepio na curva na coluna.

As pessoas foram indo embora, Ino foi parabenizada por quase todos devido a organização da festa. Então o time sete mais Ayumi ficaram num canto para se despedirem do Uchiha mais uma vez:

-Sasuke volte em alguns dias, acredito que você será necessário. - falou Kakashi, que sentiu o olhar de sua aluna brilhar em gratidão. O sensei amava seus alunos e faria o que pudesse pra vê-los felizes e Sakura fazia Sasuke feliz e vice-versa, tomado por isso ele esperou Naruto se despedir:

-Temê, foi bom ter vocês aqui. Quando voltar temos que treinar juntos? Tô certo!

Kakashi passou o braço pelo ombro da sua acompanhante e indiscreto Naruto perguntou se ele estava ganhando laméns gratuitos, o mais velho respondeu e as vozes foram abaixando a medida que se afastam do casal. Agora sozinhos naquele salão enorme foi quem tomou a iniciativa sentindo as lágrimas dela molharem o rosto de ambos deixando no ar a pergunta na mente

"Por que ela chora se eu voltarei em alguns dias?"

Como se essas palavras estivem refletidas ela respondeu:

- Essa noite foi maravilhosa, mas vai doer toda vez que você partir. E assim como me acostumarei com sua partidas você terá que se acostumar com minhas lágrimas. Ele concordou. As lágrimas fariam parte da vida que partilhariam. E assim ele partiu pela mesma via que chegou.