Até sermos um.

A profundidade de lágrima

"Aquele toque na testa foi idiota eu sei..."

Ela abriu os olhos enquanto a frase martelava dentro de sua cabeça e tatuava no coração, a mansa voz que essa frase oferecia causavam uma bagunça agoniante. Cansada de insistir vasculhar no vácuo de suas lembranças ela levantou -se da cama e começou a tirar as poucas peças que estavam guardadas na sua cômoda, aquele quarto mesmo aconchegante não contribuiu para nenhuma lembrança voltasse pra sua cabeça e nesses sessenta dias hospedada na casa dos pais a fizeram decidir que deveria recomeçar.  Colecionar novas lembranças, reeaprender a função na medicina, retomar lições básicas sobre o mundo shinobbi e assim poderia seguir em frente. Pouco ela soube sobre a antiga Sakura, por ordens médicas ela poderia saber o básico pois mais que isso poderia causar um peso para a mente desmemoriada.

-Filha tem certeza que não quer ficar?

-Tenho sim mãe, não posso ficar me vitimizando aqui,  estou me sentindo uma inútil- ela então abraçou a sua a figura materna pelo qual mesmo sem lembrar criou um amor genuíno. O pai dela que sempre foi um brincalhão estava agora recostado no portal emocionado com aquela cena, foi quando ele se juntou as duas e completou:

- Você sempre será minha menininha.

Os pais a acompanharam até a porta falando que dali  pra frente ela teria a companhia de Ino que já a aguardava na sala.  A mala pequena com poucas mudas de roupa foi carregada por Sakura todo caminho que ouvia silenciosa a conversa furada de uma garota que se dizia uma grande amiga.

-Você está bem Saky?

-Você sempre me chamou assim? De Saky? - Ino olhou para o lado desviando o olhar.

-Está vendo aquele parque? - a rosada apenas assentiu esperando a conclusão daquele desvio.

-Então graças a você ele posso ir ali novamente. Você me ajudou a superar, como eu te chamava antigamente não faz a menor diferença. O importante é que independente da situação eu estarei ao seu lado.

Aquelas palavras aqueceram o coração de Haruno e encheram ela de coragem médiante a tudo que ainda enfrentaria com sua "nova vida". Amanhã ela teria uma consulta com Tsunade antes de voltar a trabalhar no hospital  e por hora seria uma "aprendiz" mas esses dias afastadas ela estudou tudo que podia usando até seus antigos cartões de memorização rápida. Treinou uns dias com antigos exercícios para controle de chakra e atendimentos básicos, isso deixou ela animada e de alguma forma preenchida. Estava super curiosa para "conhecer" seus pacientes na ala infantil mas não haviam permitido a entrada dela ainda. Quando chegou em casa abriu a porta e foi recebida num grande uníssio:

-SURPRESA!!! FELIZ ANIVERSÁRIO SAKURA.

-Galera mas meu aniversário foi a quase dois meses atrás.

-Mas você nem se lembrava da gente né, Testa de Marquise.- a loira soltou o apelido de forma tão descontraída que nem se ligou. Sakura olhou fixamente para ela ainda meio perdida enquanto os outros esperavam a reação da rosada, Ino pois a palma na mão sobre sua boca percebendo o seu descuido.

-De que você me chamou?

-Sakura me desculpa eu...

-Testa de Marquise né? Ino porca...

-Você se lembrou Sakura? Lembrou que era assim que nos tratavamos?

-É parece que lembrei. - os outros estaticos suspiravam em alívio.

-Então lembra que namorávamos né Sakura-Chan? - Rock Lee jogou o charme por cima da rosada mas não a convenceu da veracidade da informação jogou os ombros decepcionados e completou:

-Não custava tentar.

Ao cumprimentar todos que agora já sabia o nome, subiu degrau a degrau as escadas do seu apartamento esperando que talvez naquele quarto obtivesse respostas. Jogou a mala e começou a mexer nas gavetas e ao guardar as roupas abriu os pergaminhos encantuados na parte superior, pareciam ser preciosos e ao desenrolar e ler sentiu-se bem e desejou que o autor tivesse assinado. Escutou então batidas tímidas na porta onde sua amiga a observava:

-Você sabe de quem são?

-Não sei.

-Certeza?

-Sakura você vivia ocupada e demorou muito tempo pra me contar que tinha beijado um garoto.

-Eu já beijei um Garoto?

-Sim, alguns. Irrelevante você lembrar disso.

-Nossa parece que eu não era boa pra escolher hein.

-É tem coisas que é bom esquecer. - as suas gargalhadas e desceram para aproveitar a pequena reunião, Sakura olhou pessoa por pessoa procurando um rapaz de olhos e cabelos ébanos.

-Naruto? Nosso antigo companheiro não está aqui?

-Sasuke? Não Sakura, ele está em missão. - sem entender a decepção da resposta ela conformou-se e curtiu o momento focada no objetivo de formar novas lembranças, ali naquele grupo que a aceitava mesmo desmemoriada ela se sentia amada e querida no entanto mesmo estranhando ela sentia falta de algo. Quando se despediram a garota subiu para seu quarto, tomou um banho relaxante e quando abriu uma das portas de correr de seu guarda roupa, ela viu num canto uma muda de roupa que tinha certeza que não a pertencia. O símbolo dos Uchiha desenhado sobre o conjunto a deixaram admirada, e o cheiro impregnado daquelas vestes a fizeram escutar mais uma vez:

"Aquele toque na testa foi idiota eu sei..."

...

"Aquele toque na testa foi idiota eu sei..."

O moreno se viu dizendo essas palavras mil vezes, deixando a saudade invadir seu peito, exilado por conta própria em um dos escondidos de Orochimaru escutava ao fundo a risada escandalosas de Suigesto que conversava com Juugo. Ele não tinha vontade de levantar da cama por motivo nenhum, as pistas que seguiu estavam tão frias quanto aquele quarto escuro e solitário. O pergaminho perdido perdeu todo efeito que ele nem se deu ao trabalho de buscar e nesse momento escutou os passos de Karin:

-Ainda está trancafiado! - a resposta foi esse ficou ele imaginando que Karin tinha perguntado sobre ele. Ela nem bateu na porta apenas entrou:

-Sai daqui Karin não estou afim.

-Não estou nem aí para você Sasuke. - mesmo com ele dando as costas para ela abriu-se a falar...

-Sakura está no apartamento dela agora e fiquei sabendo que ela se lembrou de Ino e perguntou de você. Você tem que sair dessa desculpa esfarrapada de que a vida dela é melhor sem você, talvez você tenha razão mas você deveria dar oportunidade para ela escolher. Lute por algo que realmente valha apena Uchiha, pense nisso. - o deixando pensativo ela bateu nas costas dele e saiu.

Nesse mesmo momento o estalo de coragem bateu nele, o fazendo enxugar a lágrima que escorrida tomou sua capa e armas e saiu sem falar nada. Chegando perto da vila os cabelos roséos inconfundíveis foram percebidos de longe e a coragem foi se esvaindo e mesmo assim ele continuou - nunca havia experimentado o medo de ser rejeitado pela mulher que amava. Quando ela percebeu que ele a olhava ela sorriu e correu para seus braços:

-Sasuke que bom que você está aqui.

...

Oi pedacinhos de céu 🌌
Demorei mas cheguei, espero que gostem.

Beijos da autora