Amava, amo e amarei

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A casa pairava em um silêncio ensurdecedor, o moreno arrumava suas malas enquanto sua mente vagava em devaneios sem saber o que encontraria nesse caminho para redenção. Ele havia passado um bom tempo em cárcere, no qual seus olhos ficaram vendados sob desconfiança constante do ex-nukkenin. Kakashi pois sua cabeça na guilhotina para ver seu pupilo solto, não suportava vê-los naquela situação e se culpava por não ter evitado que ele desertasse de sua terra natal. O sensei era o único que sabia da partida do único Uchiha, foi então que a porta abriu-se abruptamente fazendo reluzir o olho rubro assinalando sua guarda constante:

-Você vai embora mesmo? - soou a voz firme e doce de uma certa rosada.

Depois do vislumbre da silhueta da sua companheira de time, a orbes retornaram ao Ônix e mesmo ouvindo em claro tom, sua voz permaneceu em silêncio acreditando não ter que dar explicações sobre sua partida. Firme do seu ponto de chegada a garota encarava aquele silêncio tentando entender qualquer sinal que ele pudesse enviar. Ela, ciente que o perito em silêncio não falaria nada decidiu quebrar o silêncio que pairava naquele ambiente consternado. Em sua mente avida, resultado de anos enfiados em livros, pesquisas e trabalhos sociais Haruno estava decidida que falaria o que o coração lhe quisesse expressar :

-Você é um grande covarde Sasuke Uchiha! - vociferou enquanto seu coração palpitava, e sua mente processava o sentido daquelas palavras.

Ao ouvir essas palavras, o silêncio retomou o local ouvindo apenas o zíper da mochila ser fechado com uma lentidão exagerada, levantou então a cabeça sentindo seus lábios se apertarem mutuamente sabendo que eram palavras ensaiando para sair quendo questionar o porquê daquele adjetivo. Quando ela viu que recebeu a atenção do ex-detento de Konoha ela se permitiu continuar:

-Por que ia sair sem nos contar? - ela sentia seus nervos causarem palpitações em lugares distintos por todo seu corpo, entrementes manteve a pose firme se encorajando a ficar ali até expor tudo que aquele moreno causava em sua mente e coração. Escutou agora os passos dele, andando rumo a garota, ele sentiu que suas pernas não obedeciam entendendo que talvez ele de fato fosse um covarde por não conseguir se aproximar dela, a cada passo a artmia o dominava o deixando temoroso por não controlar essas emoções, pois no fundo era isso que ele estava tentando evitar esse era o motivo pelo qual ele sairia da aldeia sem avisar Sakura e Naruto. Quando ele estacionou a encarou se lembrando que ela o visitava diariamente dando a ele companhia e comida caseira as vezes; foi durante essas visitas que que descobriu o quanto aquela menina em prantos sobre o banco em baixo da cerejeira tinha amadurecido destilando nele um calor que por muito tempo havia fundado no espaço mais ínfimo de seu peito ciente mesmo assim que aquele espaço ninguém poderia a substituir.

-Não vai responder Sasuke? - ela mantia se firme mas aquela era a primeira vez que ela estava com ele em um ambiente diferente, sem ninguém que fosse dizer que a hora da visita já tinha acabado. Foram anos nutrindo um sentimento iniciado na tenra idade, que alimentavam a esperança que ele abandonaria seus objetivos obscuros e retornasse ao lar: não foi. Ela teve que encarar com um traidor da Folha, sentiu que morreria pelas mãos dele sem entender quais motivos ainda o ligavam ao portador dos olhos dispares. Suas orbes esmeraldas marejaram por ele permanecer em silêncio repetindo para si mesmo que não se perderia naqueles orbes bicolores.

-Eu preciso ir... - soltou arrastado sem conseguir completar a frase.

-Eu não disse que você não deve ir, só perguntei porque não falou pra mim? - absteve de continuar a soltar as frases que já estavam pautadas na mente,dando a ele mais uma chance de argumentos e como o esperado ele continuou estático. O bolo da frase anterior ainda travados na faringe, atrapalhando até sua respiração, ele queria dizer que não é forte o suficiente para lidar com ela, durante a prisão aquele infimo espaço tornou supremo fazendo ele ir ao inferno quando imaginava ela nos braços de outro e mesmo assim preferindo amarguar lá do que pedir que para ela estar com ele, ela merecia mais que um traidor covarde.

-Eu aguento a verdade! - ela falou ríspida sentindo seu timbre oscilar, aproximou se mais sentindo seu perfume adentrar as narinas deixando a êxtase sentindo a lágrimas descer, ao arquear seus braços em volta dele.

-Você não está mais sozinho, você tem meu apoio. Somos companheiros mesmo tomando caminhos diferentes. - agora doce ela disse essas palavras, enchendo o coração frio de conforto; fazia tanto tempo que ele não era abraçado, e como naquele dia em que a marca foi dada, a rosada ainda neutralizada as trevas que o invadiam. Ele a segurou pela cintura, sentindo a menina-mulher se afundar sobre seu peito correndo o risco dela sentir o disparate abaixo do tórax, ele apenas se permitiu sem se importar em transparecer sentimentos de vunerabilidade. Submersa na confusão que aquela situação causava Haruno abraçada ao Uchiha que a correspondia, ouviu os turu-turus de seu coração - ela sabia que causava aquilo mesmo sem ele nunca ter admitido, espalmou o peito afastando para encarar e viu que o vermelho tomava conta do olho direito:

- Você sente não é? Eu causo confusão na sua mente!

-Eu ... - ele piscou com firmeza desativando o Sharingan e se perguntando porque ela não poderia ficar abraçada a ele sem perguntar nada. Quando abriu os olhos ele sabia que a resposta deveria estar na ponta da língua: ela merecia saber. Haruno conhecia bem demais aquele moreno, pra ele era mais fácil acertar shurikens em pontos cegos do que expressar o que se passava em seu coração, ela se reaproximou e levou sua mão ao rosto alvo, a noite havia chegado e a única luz que alumiava era a lua distante, abortando a ideia de falar tudo pra ele moveu os lábios em direção as buchechas dando lhe um beijo amigável.

-Tchau Sakuke. - ele escutou a voz dela, deixando o rastro do aroma adocicado que havia ficado em suas vestes, alienado que aquela poderia ser a última chance de expressar o quão benigna ela foi para sua alma corrompida. A vendo quase a porta, os passos largos seguiram sentindo perder o equilibrar o obrigando a recorrer pela demonstração vocal:

-Espera... Sakura. - ao ouvir seu nome sair dele, sentiu seus olhos arregalarem absortos e comovidos voltou seu olhar pra ele estranhando o tropeçar nas proprias pernas. Aquele era a afirmativa que ela precisava e talvez ele nunca diria, sem retornar a posição inicial, Haruno vislumbrou o esforço de Uchiha para alcança-la vendo o tropeçar do pequeno degrau que distinguia um cômodo do outro,a maçaneta fria estava entre os dedos finos ainda onde indecisa se a girava ou não, permitindo adentrar num caminho pelo qual ele não faria mais parte. Quando ele chegou ficou, pegou ela pela mão que segurava a porta e entrelaçou em seus dedos:

-Estou esperando! - ela precisava sentir o mínimo de esforço partido dele, pra saber qual seria o próximo passo, ele já colecionava tantos feitos e ela precisava ouvir qual posição tomava em sua vida no qual ele demonstrava não ter apreço nenhum. Compensava se perder naqueles olhos ébanos? Não, ela não ficaria mais vivendo isso de forma unilateral. E agora ou nunca! Ela só queria uma resposta: porque esse sentimento permeou por anos a fio? Ela queria tirar a limpo se as faíscas que sentiu enquanto visitavam eram reais ou fantasias projetadas para preencher os vagos deixados por Sasuke:

-Apenas fique!

-Você ainda não me respondeu!

-Por favor, não exija tanto.

-Me dê um bom motivo pra ficar Sasuke-kun... - num tom provocante a garota se aproximou sem medo, mas ela não faria mais que aquilo. Ele já estava no limite, a emoção tomou seus membros que em ímpeto tomou a Haruno selando lhes os lábios apaixonadamente. A mão masculina apoiou sobre os fios roseos, e a boca quente dançava harmoniosamente sobre os dela: sabor cereja 🍒. Ele não sabia o que fazer ao certo, nunca havia beijado ninguém... sentiu a pequena tomar conta de situação, mordiscando o inferior da boca sentindo mais volúpia. Queria parar o momento e esquecer que o amanhecer traria sua partida quando os olhos se encontraram:

-Mas...

-Eu sei que você tem que ir.

Até sermos um.Onde histórias criam vida. Descubra agora