Parafusos

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Ela entrou para sua sala respirou bem fundo enquanto bebericava chá ainda apelando, o aroma de camomila adentrou as narinas e ela enfim conseguiu ver que o sol já havia nascido sem acreditar que ficará oito horas dentro de uma sala em um procedimento cirúrgico delicado. A cadeira alta permitiu que o corpo relaxasse, e ela então pegou a ficha do paciente e escrever todos os procedimentos realizados nas últimas horas assim como todos os cuidados que deveriam ser notados no pós operatório. Ela olhou de relance sua agenda procurando uma brecha para descansar em casa e tomar um longo banho, todavia ela teria atendimentos até a mais ou menos ao meio dia.

"Dia cumprido..." - girou a cadeira para a vista fora de Konoha, e observou que a vila estava toda enfeitada para o dia especial de pais e filhos. Ela nem tiveram tempo de organizar algo com Sarada e certamente Sasuke não passaria ali tão cedo afinal fazia pouco tempo que ele pisará ali, e lembrar da última visita de seu marido fizeram ela arrepiar. Uma ocasião vívida em sua mente deixando ela mais saudosa. Terminou o chá e desceu para o consultório onde realizava os atendimentos, a maioria era acompanhamento e talvez isso terminaria antes do esperado. Ela então pegou as fichas e começou a chamar os pacientes agendados.

"Acabou..." - tirou o jaleco subiu para pegar uma papelada e decidiu ir atrás da filha. Ela foi até os campos de treinamento e não viu nada até que de longe vislumbrou sua menina acompanhada por uma figura maior, o que a deixou mais impressionada foi o fato de ver que Sasuke que a acompanhava, o cenho formou no rosto quando viu o marido se agachar e se oferecer de "cavalinho" e a menina saiu rompante da direção inversa com uma cara nada feliz.

"Hora da intervenção da mamãe..." - o pai  inerte observava a filha partir enquanto Sakura se aproximava dele.

-Hei querido.

-Sakura?! Achei que ficaria no hospital.

-Sai mais cedo devido a uma emergência. O que aconteceu entre e ela? - apontando com a cabeça em direção a menina.

-Falhei miserávelmente ao tentar passar um dia agradável com ela. - cabisbaixo e olhos pesarosos deixando a mulher com pena daquele desajeitado.

-Querido... pergunte o que ela quer fazer e ela o dirá. Agora vá aposto que ela está treinando. Com um sorisso tímido o moreno partiu enquanto a esposa voltava para casa afim de uma boa relaxada, assim ela teria ânimo para estar com Sasuke ao anoitecer. Rapidamente foi para casa ignorando os chamados pelo caminho, ela precisava de um banho e de uma cama urgentemente. Quando assim o fez se aninhou no colchão e apagou pesadamente, ao passar de umas três horas ela abriu os olhos ainda cansada e pensando se não voltaria a dormir imaginado que naquele dia o jantar seria um delivery em alguns dia restaurantes da cidade.

"Será isso mesmo ... " - voltou a dormir.

-Mamá?!

"Sarada? SARADA!" ela achou que tinha chamado pela filha, mas a voz foi só um pensamento. Olhou pela janela e o anoitecer pairava sob o céu que se misturava vagamente com o laranja do pôr do sol.

-Mamá?! - a delicadeza da batida fez ela e sentar na cama e espriguiçar sacudir o rosto e enfim relembrar que:

"Sasuke?" - mas novamente a voz não saiu, todavia Sarada percebeu o pensamento que rondava sua mãe.

-Ele teve que ir mamá, mas ele mandou o jantar disse que estaria cansada demais. - ela derreteu-se por ele.

"Não importa quão longe ou quão distante e quantas voltas teremos que dar. Aqui sempre será nosso lugar" - uma promessa que fizeram um ao outro na primeira vez que se seperaram, antes de Sasuke sair para sua redenção.

-Nosso lugar... - ela só falou a última parte em voz alta deixando a pequena confusa preferindo esperar que sua mãe estivesse sã. Sakura desceu a escada e viu que tinha uma visita inesperada.

-Sarada! O que faz aqui?

-Oi, Sakura-sama. Eu estou aqui pois eu e minha pequena xará tivemos uma ideia e queríamos sua aprovação.

-Sim mamá. O papá tem vindo para Konoha mais vezes e eu gostaria de refazer a história do clã Uchiha e registrar o início de um novo legado. E para isso pensamos em começar pelas pessoas que reiniciaram o clã. - Ela ficou quieta esperando a conclusão das meninas achando aquela conversa meio descabida.

-Sim Sra Uchiha. Eu gostaria muito de escrever sobre você e Sasuke-sama. Como se apaixonaram e como foi a jornada de vocês. Registrar as aventuras e dificuldades... - enquanto falava as pupilas da menina estavam dilatadas devido ao que estava propondo, percebendo o intrínseco desejo de realizar aquele feito. Sakura sorriu ao ver a empolgação das meninas mas questionou:

-Mas contará apenas com a minha visão da história?

-Não mamá, queremos a parte do papá também e vamos amolecer ele escrevendo uma biografia sobre o tio Itachi e junto com essa proposta o primeiro capítulo do livro sobre vocês. Convencida pelos argumentos e ansiosa pra reviver cada passo de sua jornada por Sasuke e com Sasuke ela começou:

-Antes de entramos para academia ninja eu vi de longe um menino que treinava com seu irmão mais velho, os cabelos negros e a cara fechada mostrava o quanto eles eram sérios. Fiquei observando eles por várias e vários minutos até que percebi que o mais velho cutucava o irmão que também me olhava de soslaio. Aquela foi a primeira vez que senti o disparo do meu coração eu voltava para lá todos os dias após esse encontro mas ele não estava, todavia seus traços fortes me fizeram concluir que aquele menino era do clã Uchiha. - Saradas permaneciam focadas e a mais velha ligou um aparelho de gravação e as duas escutavam atentamente as palavras ditas por Sakura, e enquanto contava serviu o jantar deixado pelo seu esposo e sua voz era a única a ser escutada naquele recinto. Passado um tempo Sarada Tanaka agradeceu mais uma vez pela cooperação de Sakura e disse que voltaria quando o primeiro capítulo estivesse pronto para que ela aprovasse, a pequena se despediu de sua xará e se voltou para mãe:

-Estou ansiosa por ter esse registro mamá e quando eu for Hokage muitos vão querer saber mais sobre o clã.

-Espero que sei pai aprove a ideia.

-Eu também! - as duas se abraçaram e Sakura - um filme?

-Claro. - então caminharam até o sofá e se jogaram afim de procurar algo interessante para ver na TV.

-Mamá? Como você soube?

-Soube o que?

-Que ficaria com o papai?

-Espere pelo livro e saberá.

-Mamá!!!

-Tá...eu nunca soube que ficaria com ele. Eu o amava e desejava vê-lo feliz.- ela suspirou antes que continuasse. - por muito tempo levei esse sentimento de forma unilateral conformada que não seria correspondida da forma que eu esperava. Mas quando ele se abriu tudo que eu passei sumiu... - ela riu e foi abracada por sua menina. Permaneceram ali as duas juntas sendo gratas uma pela outra e também pelo patriarca.

-Obrigada por compartilhar mamá.

-Tá. E quando quiser falar para mim sobre o que sente pelo Boruto estarei ansiosa para ouvir. - Sarada arregalou os olhos surpresa e deu outro berro

-Mamá. - a mãe riu deixando a menina em parafusos sem saber o que responder e assim finalizaram aquele dia divertido.

....

Até sermos um.Onde histórias criam vida. Descubra agora