Eu deusa das flores.
Deusa da primavera.
Lembro de está no campo.
Cantando algum canto.
Fingindo ser como Hera.
Minha mãe é a deusa do trigo.
Protegeu-me em seu abrigo.
Não queria que eu saísse.
E nas garras do mal caísse.
*
Mas o amor me enlouqueceu.
E uma voz em mim estremeceu.
Dizendo: Perséfone! Esse reino é seu!
E eu menina levada.
De curiosidade fui raptada.
Eros deve ter me atirado uma flecha.
Pois do cabelo do meu raptor toquei uma mecha.
Ele me levou para o submundo.
Dizendo que nele eu despertei um amor profundo.
Senti fome de ser amada.
E no fruto do sentimento eu dei uma bocada.
Kore não era mais meu nome.
E nem mais a solidão me consome
Agora é Perséfone rainha do inferno.
Kore será só uma lembrança de um passado terno.
*
Mas eu me esqueci de mandar lembranças.
Para minha querida mãe que sempre me tratou como criança.
Zeus disse que Hades estava brincando.
E a deusa não achou graça.
Hermes disse que me viu no submundo feliz cantando.
Mas os mortais que caíram em maior desgraça.
E uma coisa eu bem sei.
Nunca tive tantos amigo como agora tinha no inferno, pensei.
*Mas como filha, em mim bateu a saudade.
E eu pedi a Hades a minha liberdade.
Para a união novamente no mundo reinar.
Meu amor me deixou para casa voltar.
E assim tinha o inverno e a primavera.
E eu era rainha como Hera.
Meio ano eu ia pros braços maternos.
Meio ano eu voltava para o lar do meu amor eterno.
_EU, poeta_