Eu sou como um rio.
Meus amigos são lixos.
Poluído de mágoas.
Vítima de imundos bichos.
Eu sou um rio de odor.
Meu perfume é enxofre.
Para o suor de ódio, o calor.
O amor foi posto num cofre.
Pombos nadam nas minhas marés.
No meu ar voam jacarés.
O seu saco de luxo eu não puxo.
Tire suas botas de grife dos meus pés.
Se quer nadar no meu mar.
Joguem o seu brilhante colar.
Ricos sujos e trapaceiros.
Poluem o rio de dinheiro.
Ricos de imundice.
Não venham com esse disse e me disse.
Grana não compensa burrice.
Só joga essa sua mesmice no fundo do rio lixão.
Eles nadam com ouro e cartão.
Pois seu capital é podridão.
E não tem quem ache amável.
Esse rio agora miserável.
_EU, poeta_