Em meus dois anos como psiquiatra eu nunca vi um caso assim.
— O que acha que é, Sarah? — Théo pergunta.
Uma criança de sete anos de idade que pelo o que a mãe falou ele tem constantemente vontade de roubar.
— Cleptomania. — Falo e imediatamente Théo se vira incrédulo pra mim.
— Está maluca? Ele só tem sete anos, não tem motivo pra ele desenvolver um transtorno desses.
— Acha que estou errada? Ele literalmente sente prazer em roubar. Descreve Cleptomania pra mim, Théo. — Falo enquato caminho pelos corredores ao lado de Théo.
— É transtorno em que a pessoa tem a incapacidade de resistir ao impulso de roubar.
— Então, temos o diagnóstico.
— Mas ele ainda é só uma criança.
— Théo, fica quieto.
Deixo Théo de lado, e ando em direção a sala dos pacientes mais tranquilos.
Não importa se o paciente tem apenas sete anos, um transtorno não precisa de uma mente adulta para se desenvolver. Quem Théo acha que é para subestimar um diagnóstico meu.
Chego na sala e aparentemente uma discussão esta acontecendo entre os pacientes. A expressão de "socorro" das enfermeiras me fez mais uma vez questionar a competência dessa equipe.
— Eu posso saber o que está acontecendo aqui? - Imediatamente os pacientes param e olham pra mim, é bom saber que imponho respeito nesse lugar.
— Ela não para de chorar - O paciente Choi fala apontando o dedo para a mulher ajoelhada no chão, chorando como uma criança.
Me abaixo perto dela abraçando a mesma, ela se acalma e olha pra mim. Mas algo inesperado acontece, Celena me da um tapa na cara fazendo meu rosto se virar, logo ela começa a dar diversos golpes, eu a seguro e imobilizo Celena no chão, pegando a injeção da mão de uma das enfermeiras e aplicando no braço paciente, fazendo com que ela se acalme e inicia um longo sono pesado.
— Leva ela para o quarto solo — Falo para as enfermeiras.
— Você está bem?
— O dia em que uns tapinhas me abaterem pode ter certeza que estou morta. — Após minha resposta rapidamente, pegaram Celena e seguiram minhas ordens. — Alguém pode me dizer o que aconteceu para a Celena surtar assim? — Olhei para todos.
— Não houve motivos, Doutora Sarah, ela surtou de repente.
— Okey.
E assim saí do quarto. Muitos dizem que eu sou muito bruta e fria, mas é necessário. Se você é gentil demais as pessoas pisam em você, e não te respeitam, falo por experiência própria após estudar por seis anos em uma faculdade de rico sendo a única pobre.
Desci para a sala de descanso dos médicos pra fazer um corativo no corte que Celena deixou em meu rosto. Não é a primeira vez que isso acontece.
— Fiquei sabendo o que aconteceu com você — Cassian entra na sala — Você foi muito bruta com Celena.
— Eu não fui bruta, só fiz o que foi preciso.
— Poderia ter pedido ajuda, mas não, foi logo apagando ela.
— Você me conhece faz dois anos, já deveria saber que eu não peço ajuda. — Me virei pra Cassian — E outra, esses enfermeiros são todos incompetentes, a garota tendo um surto e não fizeram nada.
— Não coloq...
— Pare de defender eles, você sabe que é verdade.
Saí da sala já com o meu curativo pronto deixando Cassian pra trás.
{°•✖•°}
Após finalmente acabar o meu turno no hospital, já em casa me encontro com uma taça de vinho branco nas mãos e sentada observando a vista que meu apartamento no meio da cidade tem para me oferecer. Como sempre, sozinha, eu já acostumei, mas as vezes eu só queria poder ter alguém ao meu lado. Está sozinha é como uma tortura pra mim, isso faz com que minha mente tenha permissão para pensar demais, e eu odeio pensar muito.
Muitas pessoas gostam de ficar sozinhas, todos ao meu redor também acham que eu faço parte desse clube, mas... mas não, eu só não tenho opção.
Mas por outro lado, eu estando sozinha, não preciso ficar procurando alguma desculpa, muito menos uma forma de colocar uma máscara e não deixar transparecer tudo aquilo que penso. Ainda nos meus pensamentos sou interropida pelo meu celular tocando.
~PAI~
– Oi pai – deixo minha taça na estante mais próxima.– Oi Sarah, preciso de mais dinheiro – É claro que precisa, só me liga pra isso mesmo
– Okey irei depositar amanhã, e tudo b... – Ele desligou.
Por quê não se acostuma logo Sarah Brixton? É sempre assim.
Naquele noite, mais uma vez eu fui dormir carregada de pensamentos que eu queria que sumissem. Eu que sou a psiquiatra, mas pelo visto também sou eu quem precisa de um.
Boa noite, Sarah.
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《Mentes Imperfeitas》
Misteri / ThrillerJá faz dois anos que Sarah Brixton se formou como Psiquiatra, ela é do tipo que acha que tudo vai dá certo, mas só se ela estiver no comando, e movendo cada peça como deseja, como uma partida de xadrez. Em seu ambiente de trabalho, Sarah não passa...