Me levantei ao ver o sol clareando meu quarto e caminhei até a janela, o céu hoje está aberto, e azul como o mar. Os carros e a movimentação da capital já estava presente. Andei até o banheiro e mais uma vez me deparei com a minha aparência deplorável, olheiras fundas como sempre, lábios secos e o rosto sem cor, nada que não se resolva com maquiagem.
Após um banho, me enrolei na toalha e me coloquei em frente ao espelho, puxei minha bolsa de maquiagens e comecei a cobrir a cara de sofrencia com um corretivo, uma base fraca, gloss e um leve rosado nas bochechas, arrumei meu cabelo e saí do banheiro. Procurei por uma de minhas roupas brancas, mas lembrei que todas estavam secando.
— Merda.
Saí do quarto ainda enrolada na toalha torcendo para que Jason ainda esteja dormindo, andei até a área de serviço do meu apartamento e avistei minhas roupas, todas secas. No hospital somos obrigados a trabalhar de roupas brancas, de acordo com os criadores da norma, o branco permite que sujeiras sejam notadas e assim evita transportar bactérias no local.
Peguei uma calsa e uma blusa e saí apressada da área de serviço. Me dei conta de que a sorte não está virada pra mim hoje assim que Jason apareceu bagunçando os cabelos e bocejando, ele me notou e eu parei de andar. Ele se aproximou e logo seu maldito sorriso sarcástico surgiu e ele me avaliou de cima a baixo.
— Bom dia, doutora — Ele falou.
— Bom dia, vai se arrumar já vamos sair — Passei por ele apressada, e segui meu caminho.
— Uma bela visão logo de manhã — Ele gritou assim que eu entrei no quarto. Revirei os olhos e comecei a vestir a minha roupa.
[...]
— Está pronto, Jason? — Perguntei quando entrei na sala já arrumada.
— Eu sempre estou pronto — Ele falou e se levantou do sofá.
Ele estava com uma camisa social, mas um pouco simples e calça. Os cabelos pretos um pouco grandes espalhados e úmidos. A barba por fazer me chamou a atenção, e pareceu o incomodar.
— Vem — Fiz menção para ele me seguir, e voltei para o quarto, o mesmo veio atrás de mim. Abri a porta do banheiro e apontei pra ele entrar, peguei uma cadeira do lado da minha cama e a coloquei na frente do espelho. Jason sentou na mesma e eu procurei um barbeador no guarda-roupa, assim que encontrei voltei para onde meu paciente me esperava — É proibido os pacientes homens terem barba no hospital — Falei e passei o sabonete em seu até formar espuma.
— Eu não gosto mesmo — Ele falou quando eu peguei o barbeador.
Comecei o processo de tirar os pelos com muito cuidado para não cortá-lo. Quando estava quase terminando, Jason espirrou e isso quase fez eu cortar seu rosto, eu olhei feio pra ele e o mesmo não se moveu mais até eu terminar.
— Pronto, lave o rosto e passei isso — Entreguei o protetor solar.
Saí do banheiro pensando no jeito como Jason me encarava durando o processo, eu fingi não notar, mas fiquei desconfortável, ele não desviu os olhos do meu rosto. O que foi isso?
Peguei as algêmas que eu teria que colocar em Jason, ele não vai concordar com isso, mas sou obrigada a fazer isso. Não podem achar que eu o encondi aqui.
— Que merda é essa, Sarah? — Ele perguntou quando viu o metal em minha mão.
— Vou ter que colocar isso em você quando aproximarmos do hospital.
— Por quê? — Deu pra perceber que Jason realmente odeia algêmas. Seria um trauma?
— Se acharem que eu te escondi aqui estamos fodidos — Juro que me senti uma criminosa falando isso.
Ele apenas bufou e seguiu até a sala, fiz o mesmo e peguei minha bolsa e a chave do carro.
Saímos do apartamento e fomos para o estacionamento. Ele entrou no carro, e eu peguei sua mão colocando uma parte da algêma em seu pulso e a outra no teto do carro.
— Não ia ser só quando estivéssemos perto do hospital? — Ele falou indignado vendo o que eu estava fanzendo.
— Alguém pode ver.
Entrei no banco do motorista e dei partida para o hospital. A cada vez eu que apertava o acelerador mais o meu coração acelerava, a cada aproximada do hospital minha ansiedade manifestava.
Parei o carro na parte de trás do hopital e me estiquei para tirar a algêma do teto, a coloquei em meu pulso direito, e liguei o carro. Parei o mesmo no estacionamento principal. Meu coração acelerou mais ainda quando puxei o freio de mão.
— Vamos sair pelo meu lado — Falei e Jason ficou sério — Fica com uma cara de quem não queria voltar para cá, provavelmente tem policiais aí dentro, e eles não fazem idéia de que eu estou com você. Assim que entrarmos eles irão te levar para um interrogatório, então cuidado para não...
— Sarinha, você está mesmo ensinando um padre a rezar? Tenho experiência com essas paradas — Ele riu fraco e continuou — Estamos parecendo uma dupla de criminosos — Ele colocou o dedo indicador no meu queixo e eu dei um tapa na sua mão.
— Não confunda as coisas, só estou fazendo isso porque com você na cadeia não será uma coisa boa para a minha carreira nesse hospital — Sua expressão se fechou.
Ele levou a mão livre até as costas e olhou ao redor, Jason sacou uma arma dourada... A arma dourada, a mesma daquela noite. Arregalei os olhos.
— Isso tem que ficar com você?
— Q... quê por que? — Peguntei espantada.
— Você vai precisar, Sarah — ele guardou o revolve no porta luvas do carro — E você disse que posso confiar em você, então guarde isso com você.
— Esquece o que aconteceu na noite passada, okay? — Ele apenas assentiu e saímos do carro.
Entrei pela porta da frente com Jason e logo os presentes na recepção arregalaram os olhos ao ver quem estava do meu lado.
— Abaixem as armas — Falei assim que os policiais apontaram as pistolas para Jason, eu apontei para a algêma que ligava Jason a mim e eles abaixaram as armas. No total eram três policiais que rondavam a recepção.
Avistei Cassian no canto com os olhos arregalados e cumprimentei ele com um aceno de cabeça.
— Vamos fazer um interrogatório com Jason Weber — Um dos policiais falaram apontando para o homem ao meu lado.
— Vamos até a minha sala — Falei.
— Apenas o Weber.
— Sem a minha presença eu não dou permissão para interrogarem ele.
E assim seguimos em direção a minha sala.
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《Mentes Imperfeitas》
Misteri / ThrillerJá faz dois anos que Sarah Brixton se formou como Psiquiatra, ela é do tipo que acha que tudo vai dá certo, mas só se ela estiver no comando, e movendo cada peça como deseja, como uma partida de xadrez. Em seu ambiente de trabalho, Sarah não passa...