Chasing cars.

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O dia estava claro novamente e Gizelly ainda dormia, levantei-me nas pontas dos pé e desci as escadas.

Lembrei-me da noite anterior com um aperto no peito e um nó no estômago, noite passada foi a melhor noite da minha vida, nunca havia sentido tanto desejo, tanto poder...

Me olhei no espelhado da cozinha enquanto passava o café e soltei um riso baixinho, um roxo enorme ali em meu pescoço. Um chupão... eu tinha quantos anos, 15? Apesar de ser uma coisa juvenil, senti uma enorme onda de felicidade me tomando.

Peguei algumas cenouras na geladeira e a farinha no armário, prepararia um bolo para o nosso café, antes de voltarmos para a nossa horrível realidade separadas.

Não queria voltar a vida, queria me esconder aqui, queria me deitar com ela e esquecer do mundo esquecer tudo o que nos aguardava, mas não podíamos.

Senti um dor no peito, uma ansiedade me atacando como se algo muito ruim estivesse prestes a acontecer, respirei fundo com os exercícios de respiração que aprendi com a Dr. Lara.

Me concentrei no que estava a minha frente, um bolo a ser feito.

Lavei as cenouras e as cortei.

Quebrei os ovos e coloquei o óleo.

Bati tudo e juntei com a manteiga e a farinha, finalizei o bolo colocando o restante dos ingredientes e no forno.

Peguei uma xícara de café e sentei na beirada da piscina com os pés dentro, deixando que a água me acalmasse, os pássaros cantavam suas músicas de liberdade, algumas libélulas davam seus rasantes na piscina para beber água.

O sol batia em meu rosto e parecia que finalmente estava me acalmando quando Gizelly sentou ao meu lado, sua mão na minha enquanto bebia uma xícara de café.

-Bom dia. Respondi sorrindo.

-Bom dia princesa. Gi beijou meus lábios e senti o gosto do café.

Não precisávamos dizer muita coisa, ambas estavam preocupadas com a nossa despedida, ambas queriam permanecer juntas e estava claro isso no silêncio gritante que nos separava.

-Eu vou me mudar. Ela disse sem olhar para mim.

-Vai? Perguntei, sem olhar para ela. -Para onde?

-Para São Paulo.

Meu coração parou e a olhei com o canto dos olhos, ela ainda não me olhava e seu rosto parecia sério demais.

-Vai? Perguntei em dúvida.

-Não tenho nada que me prenda em Vitoria, já vivi minha vida no Espírito Santo e, bem muitas lembranças novas para se fazer em São Paulo.

Ainda de canto de olho, vi um sorriso tímido se formar em seu rosto. Meu coração batia rápido com a notícia, eu estava me segurando no chão para não voar.

-Mas não quero que você ache que é só por você viu? Tenho muitos trabalhos em São Paulo e ficar viajando está ficando cansativo, apenas... faz sentido, sabe?

-Sei. Sorri. -Espero que você goste de morar em São Paulo.

O silêncio voltou por um tempo e novamente Gi quem o quebrou.

-Eu vou precisar de um lugar para ficar enquanto procuro um apartamento.

-Você sempre será bem vinda comigo, quando pretende ir?

-Estava pensando que deveríamos alugar um carro e voltar dirigindo para São Paulo.

-Viagem de carro? Olhei para ela. -Super topo.

New Year's Day. (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora